sexta-feira, 8 de maio de 2015

Crise derruba secretário de Segurança do Paraná

RIO - Depois das demissões do secretário de Educação e do Comandante da PM, é a vez do secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, deixar o cargo. O anúncio oficial foi feito agora no início da tarde, e antecipado pelo GLOBO na manhã desta sexta-feira. Em seu lugar, interinamente, ficará o também delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita de Oliveira. A pressão do grupo político de Beto Richa (PSDB) somada ao desgaste da imagem sofrida pelo governo tucano durante a negociação com os professores em greve há duas semanas, pesaram na decisão do governador. A crise instalada no gabinete de Richa já dura nove dias, desde que mais de 200 pessoas ficaram feridas na violenta repressão da Polícia Militar a uma manifestação dos docentes.
 
Em carta endereçada ao governador, Francischini enumerou ações de sua gestão à frente da secretaria e defendeu que, apesar das críticas ao seu trabalho, espera "uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça". Ele ainda agradeceu a confiança de Richa e disse acreditar que com sua saída ele possa "colaborar com a governabilidade" do estado paranaense, "convicto de que as ações até agora tomadas se deram a favor do interesse público, dentro da legalidade, em garantia da ordem pública".
 
TROCA DE ACUSAÇÕES AMPLIOU CRISE
 
Na quarta-feira, Francischini tinha recebido a garantia de que permaneceria no cargo, apesar da pressão do PSDB local para sua saída. No entanto, uma carta enviada pelo então comandante-geral , Cesar Vinícius Kogut, na terça-feira ao governador, se tornou pública e agravou ainda mais a crise. O documento era uma resposta às declarações do secretário de Segurança, que atribuiu a violência desencadeada no protesto dos professores na última quarta-feira à corporação. No texto, Kogut, que foi demitido ontem, afirmou que Francischini "foi alertado inúmeras vezes pelo comando da tropa e pelo Comandante-Geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação". Francischini, por meio de nota, disse ter sido "mal interpretado em alguns pontos".
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Para piorar, um desabafo feito pela mulher de Francischini nas redes sociais irritou o governador. O texto, publicado por Flavia Francischini no Facebook, fazia várias críticas indiretas ao grupo político do tucano. “Um bom político trabalha e age por si só, não depende de homens sujos, covardes, que não honram as calças que vestem e precisam agir sempre em grupo, ou melhor quadrilha", dizia o post.
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Na quarta-feira, o governador nomeou a professora Ana Seres Trento Comim como nova secretária de Educação, em substituição a Fernando Xavier Ferreira. Já para o lugar de Kogut foi nomeado, interinamente, o coronel Carlos Alberto Bührer.Reeleito como deputado federal com 160 mil votos, Fernando Francischini (Solidariedade) tem como bandeira política projetos na área de segurança pública.
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Na carta de exoneração, Francischini ressalta que houve avanços durante o tempo em que ficou à frente da pasta e que as áreas de Segurança Pública e de Administração Penitenciária estão no rumo certo.
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"Finalizo, assumindo novamente e publicamente todas as minhas responsabilidades, na atuação policial nas últimas operações, apoiando o trabalho da tropa. No entanto, ressalto que mesmo com as reações adversas, continuo defendendo uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça", diz um trecho do documento.
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