quinta-feira, 30 de abril de 2015

Professores resolvem manter greve e voltam a protestar em frente à Assembleia do Paraná

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CURITIBA — O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) resolveu em assembleia, finalizada na tarde desta quinta-feira, manter a greve no estado e convocou para sexta-feira um ato em protesto ao governador Beto Richa (PSDB). Assim que acabou a reunião, por volta do meio-dia e meia, professores se juntaram a alunos que protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, onde os manifestantes — muitos vestidos de preto —chegaram a tentar invadir o prédio. O momento foi de tensão. O prédio está sob forte policiamento, um dia depois dos confrontos entre os manifestantes e a polícia, que deixou 213 pessoas feridas na quarta-feira, segundo a prefeitura, e 62, segundo o governo do Estado.
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Os manifestantes convocados pelo APP se reunirão na sexta-feira às 10h na Praça 19 de Dezembro e seguirão para o Centro Cívico, palco do confronto. O presidente do sindicato, Hermes Leão, afirmou que o 1º de maio será um dia de luto em Curitiba e na terça-feira, dia 5 de maio, um dia de mobilização, já convocada pelos professores. Mais cedo, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), maior grupo sindical de Curitiba, havia cancelado o comício de 1º de maio que faria na sexta-feira na cidade em repúdio à violência de quarta-feira. O evento, para o qual Richa havia sido convidado, aconteceria na região do Centro Cívico. A UGT repudiou o ocorrido e se disse solidária ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP).
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— Amanhã, luto. Na terça, luta — afirmou Hermes Leão.
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Confronto entre PM e professores em greve deixa ao menos 50 feridos em Curitiba na quarta-feira - Paulo Lisboa / Brazil Photo Press
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O sindicato estuda entrar com pelo menos duas ações. Eles querem o cancelamento da sessão que aprovou as alterações na previdência do Paraná. De acordo com a entidade, ao proibirem a entrada da população na sessão, a mesa diretora da Assembleia do Paraná feriu o regimento interno da casa. Eles também vão entrar com um pedido de inconstitucionalidade do projeto.
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A CUT manteve suas manifestações do 1º de maio em Curitiba, mas fará eventos menores, em bairros mais afastados do centro — a maioria contrária à terceirização. De acordo com o APP, 25 mil pessoas participaram do protesto que terminou com 213 manifestantes feridos, segundo o SAMU, sendo que 37 foram encaminhadas ao Hospital Cajuru. Todos já foram liberados de acordo com o hospital. Dois pacientes tiveram intoxicação por gás lacrimogêneo, e o restante deu entrada com traumas causados por estilhaços e balas de borracha.
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Além dos manifestantes, 21 policiais ficaram feridos, porém sem gravidade, segundo informações da PM. Os 13 presos durante o protesto foram liberados ainda na quarta-feira.
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O sindicato repudiou as declarações do governador Beto Richa. A entidade classificou o atual momento do estado como o "mais obscuro" da história do Paraná.
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— Vivemos um período negro. O mais obscuro da história do Paraná. Ontem, foi instaurada a ditadura pela força no Paraná — afirmou o presidente do sindicato, Hermes Leão.
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A entidade está orientando aos manifestantes feridos que procurem o Ministério Público Estadual para prestar depoimento. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (PT-RS), informou que vai marcar duas audiências públicas — uma na comissão em Brasília e outra no Paraná — para discutir a ação dos policiais. O parlamentar tinha uma agenda marcada com Richa, mas cancelou o encontro depois de avisado que quem o receberia seria um assessor da Casa Civil do estado.
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Maury de Souza, professor de Ponta Grossa, ficou ferido na perna no confronto de quarta-feira, e voltou ao local nesta quinta-feira. O servidor foi atingido por estilhaços no joelho.
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— Meu joelho já estava machucado. Vim pra cá de muletas. O estilhaço foi bem no joelho machucado. O clima era de guerra.
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Maury fez um boletim ocorrência em Curitiba e vai fazer o exame de corpo de delito na tarde desta quinta em Ponta Grossa. Mesmo machucado, ele tentou invadir a Assembleia Legislativa no começo da tarde desta quinta-feira durante um protesto de alunos que apoiam os professores.
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Fonte: Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

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