terça-feira, 29 de julho de 2014

A escolha da escola

por Mariana Cruz
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A proporção que o trânsito da cidade do Rio de Janeiro tomou fez com que muitos pais passassem a ver a “proximidade de casa” como pré-requisito na hora da escolher a creche para os filhos. Cabe, nessa primeira experiência escolar dos pequenos, a sentença "escola boa e escola próxima". Claro que a localização, vista isoladamente, não deve ser o único fator, senão bastava acionar o GPS e pronto: já se sabia em qual lugar matricular o pequeno! É razoável que se faça uma pesquisa nas escolas na região para então optar pela que melhor corresponde às demandas da família.
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Quando chega a hora de sair da Educação Infantil e iniciar o Ensino Fundamental, outros motivos vão ganhando força e até mesmo suplantando o item proximidade no pacote de demandas. Dentre eles podemos considerar o preço (se a opção for o ensino privado, obviamente); qualidade de ensino; tamanho da escola; linha pedagógica; formação dos profissionais e outras tantas razões mais subjetivas. Conheço pais que decidiram colocar o filho em determinado colégio porque os primos estudavam lá; porque a instituição dava desconto para filho de professor; porque tem horário integral ou mesmo porque a escola é bonita e espaçosa. No bairro onde moro, por exemplo, há escolas para diversos gostos e bolsos: há um colégio alternativo que valoriza o trabalho com as artes; há uma escola voltada para o público classe A (pelo preço da mensalidade só pode ser); uma construtivista e três escolas públicas, uma delas de altíssima qualidade. Assim, com um pouco de disposição é bem possível tirar um dia para fazer um tour pelas escolas e ver com os próprios olhos aquela que tem mais a ver com o perfil da família.
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Outro assunto polêmico na hora de decidir o lugar que irá educar seus filhos é conciliar o ponto de vista dos responsáveis. O que fazer se um é favorável a uma educação mais liberal, que prioriza a criatividade do aluno, enquanto o outro valoriza uma educação calcada na disciplina e nos bons resultados nas provas? Muitas vezes optar por um desses extremos pode virar um cavalo de batalha entre os pais, pois qualquer problema que surja na escola – e eles provavelmente surgirão, independente da corrente pedagógica – será pontuado com um "eu não disse!" por parte daquele que teve sua vontade relevada. Assim, uma solução seria achar uma instituição que representasse o meio termo, que satisfizesse, mesmo que em parte, a todos.
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Quando o filho sai da pré-escola, a escolha da nova escola, grande parte das vezes, é feita com o intuito de que ele termine seus estudos lá. Mas se depois de algum tempo os pais acharem que não foi a escolha certa, vale a pena procurar outros estabelecimentos de ensino. Isso não significa que no primeiro obstáculo se deva mudar a criança de colégio, para que depois ela fique pulando de galho em galho atrás de "escola ideal" (até porque, dependendo da personalidade do aluno e das expectativas dos pais, tal lugar pode nem mesmo existir). É inegável que a escola tem grande influência na formação do indivíduo (por escola entendamos a linha pedagógica, a comunidade escolar, corpos docente e discente, espaço físico, quantidade de alunos e tantos outros fatores); daí são diversas as dúvidas que surgem na hora da escolha: o que fazer se o estudante não se adaptar? E no caso de irmãos com personalidades e interesses muito diferentes, vale a pena matriculá-los na mesma escola por uma questão de praticidade ou deve-se colocá-los em escolas distintas? É bom saber que o fato de o aluno estudar em uma instituição que tem grande número de aprovados do Enem não significa que ele será um deles.
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Alguns não se adaptam à rotina pesada de estudos, a um regime muito rígido; acabam se desestimulando, tirando notas baixas, repetindo o ano e até sendo convidados a se retirar. Muitas vezes, se tais alunos estudassem em uma instituição menos rígida, mais afim com seus interesses talvez se adaptassem melhor, obteriam bons resultados nos exames sem a necessidade de ter vivido parte de sua vida estudantil sob tanta pressão. Por outro lado há aqueles que se adaptam à rotina pesada de estudo, gostam de desafios, de cumprir e superar as metas, veem isso como um grande estímulo. Para esses talvez não tenha o menor problema frequentar uma escola bem puxada.
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Entre tantas correntes pedagógicas, como a Waldorf, a montessoriana, a tradicional, a construtivista/estruturalista, a piagetiana e a pragmatista, saber qual a melhor para seu filho não deve ser tarefa muito fácil. E no caso das escolas públicas, como saber a qualidade de ensino daquelas que têm vagas? Em todos esses casos, a dica é informar-se na própria escola, com alunos que estudam e estudaram nela e conhecer o seu projeto político-pedagógico.
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É um tempo que pode ser determinante na vida de seu filho.
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Publicado em 29 de junho de 2014 - In: Revista Educação Pública: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/prosaepoesia/0387.html

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