sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Após morte de estudante, Unicamp abre portas à PM

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Por Luciana Felix
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A reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) informou nesta quinta-feira (26) que vai aceitar a proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de colocar a Polícia Militar (PM) para atuar na segurança do campus. A oferta foi feita quarta-feira (25) durante uma visita de Alckmin a Araras. Atualmente, a universidade possui 250 seguranças particulares terceirizados, além de circuito de monitoramento por câmeras. Nos próximos dias a Unicamp vai traçar um planejamento estratégico junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e a PM para saber qual será a atuação dos policiais.
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A preocupação com a segurança da instituição ficou exposta após o assassinato do estudante Denis Papa Casagrande, de 21 anos, no último sábado (21). Ele foi espancado e esfaqueado em uma festa clandestina que acontecia no Ciclo Básico, no interior da universidade. Maria Teresa Peregrino, de 20 anos, confessou ser autora do golpe fatal no peito do universitário. Ela alega legítima defesa.
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Testemunhas.
Nesta quinta-feira, mais cinco testemunhas do caso foram ouvidas pela polícia, entre elas o namorado de Maria, Anderson Marcelino Ferreira Mamede, que revelou ter feito os ferimentos com uma faca na própria perna por medo de retaliação. A polícia ainda investiga se ele tem co-autoria no homicídio e se a versão contada pela suspeita é verdadeira. A polícia marcou uma entrevista coletiva às 15h e deve apontar um desfecho para o caso. Ao oferecer ajuda da PM à Unicamp, o governador usou como exemplo a Universidade de São Paulo (USP), que passou a ter o patrulhamento da polícia, mesmo após manifestações contrárias de estudantes.
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“A USP em São Paulo concordou, teve até uma grande polêmica, de ter ação policial dentro do campus da universidade. Hoje, dentro da USP tem presença da polícia, porque a cidade universitária é muito grande, e a universidade também tem segurança própria. Nós vamos conversar com a Unicamp e iremos nos colocar à inteira disposição”, afirmou o governador.
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Reação.
A presença da PM no campus da Unicamp já foi motivo de protesto da comunidade acadêmica. Em 2010, quando as festas na universidade foram proibidas e a PM passou a fazer ronda para evitar que elas acontecessem, os estudantes se mobilizaram contra a ação. Ainda nesta quinta-feira, representantes de entidades acadêmicas já se mostraram contrários à decisão.
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A coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Carolina Figueiredo Filho, afirmou que aceitar a proposta do governo sem um debate com a comunidade local é uma falta de respeito e de democracia.
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“Essa decisão vai trazer impasses na vivência do campus. Não concordamos com a entrada da PM aqui”, disse. Para o DCE, o policiamento vai criar um clima de ameaça à comunidade. “A polícia tem uma postura para lidar em tom agressivo e que às vezes acaba estimulando mais a violência. O tom é sempre repressor”, afirmou.
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Para o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), Antonio Alves Neto, o governo está generalizando.
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“Oferecer segurança onde os índices criminais não são relevantes é errado. Não vai adiantar nada ter PM aqui. Defendemos que a universidade deveria ter seguranças contratados e treinados por ela. E, não terceirizados como é o caso”. Neto afirmou que a Unicamp deveria voltar atrás e passar a permitir festas e não fingir que elas não acontecem. “Eles sabem que toda semana têm (festas). Deveriam permitir e pedir apoio da PM quando elas ocorrem. Está na hora da universidade assumir isso. A PM no campus não é a melhor decisão. Imagina quando houver manifestação de estudantes como é comum acontecer. Com certeza a PM vai intervir e vai dar problema.”
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Medida.
O Estado deve fazer um convênio com a universidade para que a PM passe a fazer rondas e prevenção.
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“Hoje a PM atua no campus quando é chamada. Atuamos na prevenção no lado externo. Mas, conforme for iremos fazer avaliações para ver qual a demanda do campus e assim escolher a atuação da PM. Se terá sede, se será com patrulhamento com viatura. Mas isso tem que ser fechado”, afirmou o major da PM Euclides Vieira.
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Fonte: Folha de São Paulo

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