segunda-feira, 15 de julho de 2013

Violência na escola

.
Além das crônicas dificuldades inerentes ao ensino público brasileiro, sempre discutidas e alvo de polêmicas, mas nunca solucionadas a contento, mais um fator negativo vem se somar à fragilização da categoria dos professores. Presentemente, eles estão também ameaçados por situações de violência e de desrespeito à autoridade.
.
Casos revoltantes são veiculados, com frequência, por todo o País, a respeito do quadro constrangedor, retratando desde a difícil convivência entre mestres e alunos até a perpetração de atos de agressividade por parte dos estudantes.
.
Pesquisa divulgada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) revela que quase 70% dos mestres sentem que sua autoridade, dentro e fora da sala de aula, ficou sensivelmente abalada no decorrer dos últimos anos. Está sendo solapado, dessa forma, um dos itens essenciais do sistema educacional, que se baseia na hierarquia e na cordialidade entre aqueles que ministram conhecimentos e seus discípulos.
.
Dados aferidos por aquela entidade demonstram que mais de 25% dos professores da rede pública já foram ameaçados, pelos estudantes, por meio de agressões verbais, enquanto outros 7,5% chegaram a sofrer atos de violência física. Lápis e canetas, objetos que são naturalmente usados para o aprimoramento da aprendizagem e das noções de civilidade e convivência social, transformam-se por vezes em instrumentos usados para agredir.
.
Em bairros de Fortaleza, são habitualmente registrados casos de rebelião e agressão, praticados por adolescentes de escolas públicas contra seus mestres. Mas, geralmente, eles são acobertados pela impunidade legal atribuída ao menor de idade ou, até mesmo, pela complacência de quem dirige os estabelecimentos de ensino. Analisando outro aspecto da questão, relacionado à insegurança na escola pública, vários assaltos são praticados à luz do dia, ao ponto de acarretar a interrupção no funcionamento de alguns estabelecimentos, durante dias seguidos ou mesmo semanas, devido à inexistência dos mínimos requisitos necessários para garantir a integridade física das vítimas. Mesmo quando entra em cena a ação policial, esta se limita geralmente ao incidente ocorrido naquele momento.
.
Além dos salários concedidos aos professores, defasados frente à realidade, e da inadequação dos equipamentos e da estrutura física de grande parte das escolas públicas, torna-se inadmissível ignorar mais esse indesejável processo de cerceamento ao exercício do ensino. Em meio a tantas carências e dificuldades, milhares de professores necessitam revestir-se de uma boa dose de idealismo e sacrifício para levar a razoável termo suas atividades profissionais.
.
Agravantes de tal ordem só contribuem para ressaltar o desgaste progressivo do ensino na rede pública nacional, resguardadas as louváveis exceções dos que procuram superar, ao custo de muitos esforços, dedicação e paciência, um contexto comprometedor de elementares princípios no campo da educação.
.
São necessárias, mas não bastam as passeatas pacíficas de protesto, de pais e alunos, no sentido de pressionar as autoridades para reverter a situação, nem as inflamadas promessas políticas de melhorias ao calor dos debates e reivindicações. O que se faz necessário, sobretudo, com inarredável urgência, é a adoção de medidas concretas e precisas que tenham como metas tanto a educação em si como as garantias da imprescindível segurança para exercê-la.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário