sexta-feira, 31 de maio de 2013

Estudante agride professor com tapas em sala de aula

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Um professor de geografia de 30 anos foi agredido com vários tapas no rosto e nas costas por um aluno de 15 anos, na Escola Estadual Deputado Olavo Costa, no Bairro Monte Castelo, Zona Norte. O fato foi registrado pela Polícia Militar, na noite da última terça-feira (28), por volta das 20h30. Esta foi a segunda agressão sofrida por um funcionário do colégio em menos de 15 dias. A situação deixou a comunidade escolar assustada, com relatos de professores com vontade de abandonar a carreira em função da insegurança. Conforme o boletim policial, a vítima teria narrado que, quando fazia a chamada dos alunos do 9º ano, um dos estudantes se levantou e se deslocou até sua mesa, começando a gesticular e falar de maneira ríspida.
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Nesse momento, o interruptor de luz da sala teria sido acionado por outro aluno, deixando o local de luzes apagadas por alguns instantes. Na ocasião, o adolescente infrator aproveitou para agredir a vítima. O aluno que teria apagado as luzes era de outra sala e alegou que encostou no interruptor sem querer. Aos policiais, a vítima relatou que já trabalha na escola há três anos e nunca teve problemas com os jovens. Ele contou que foi até a direção do colégio, que estava reunida com o colegiado tratando sobre quais procedimentos seriam adotados a respeito da agressão do zelador da escola no último dia 15, e comunicou o novo fato. Todos os alunos da sala foram chamados e, na frente do diretor escolar, o adolescente responsável pela agressão teria confessado seu ato. Ele ainda teria dito que tinha investido contra o professor sem motivo. A PM foi acionada e apreendeu o estudante, que foi conduzido para a delegacia de Santa Terezinha.
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Ontem o delegado Rodolfo Rolli, que vai ficar à frente do caso, explicou que a agressão promovida pelo estudante levou à abertura de um boletim de ocorrência circunstanciado, que foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude. "O jovem deverá responder por ato infracional por vias de fato ou lesão corporal. Nosso trabalho aqui na delegacia irá se concentrar em desvendar qual seria a motivação da agressão, a fim de que o estudante possa ser responsabilizado", afirmou Rolli, acrescentando que a direção do colégio também deveria adotar um procedimento disciplinar contra o aluno, com a finalidade de fazê-lo refletir sobre seu comportamento, que foi considerado grave pelo policial. De acordo com o diretor da Escola Estadual Deputado Olavo Costa, André Avelar, o colégio sofre com um histórico de problemas envolvendo segurança. Tanto que, em agosto de 2012, a Tribuna flagrou um grupo de adolescentes debaixo de uma árvore, fumando uma substância que passava de mão em mão bem próximo do colégio. Também foi flagrado, por meio de fotografias, adolescentes pulando o muro da escola, numa tentativa de entrar no estabelecimento. Mais recentemente, no último mês de abril, um adolescente acendeu um cigarro de maconha durante uma aula. Há duas semanas, uma aluna de 14 anos agrediu o zelador da escola verbal e fisicamente. Como apontou André Avelar, a estudante teria quebrado torneiras e uma porta no banheiro. Ao repreender o ato de vandalismo, o funcionário, que não sabia quem era o autor da quebradeira, foi agredido pela aluna.
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"Nos dois últimos casos, vamos decidir, junto com a Vara da Infância e Juventude, que tipo de providência será tomada em relação aos dois alunos. Acredito que pode ser até prestação de serviço à escola, como forma de haver um trabalho pedagógico e não deixar que haja impunidade", disse o diretor, acrescentando que, de imediato, os dois estudantes foram suspensos das aulas até que se defina a situação. A medida, conforme ele, foi adotada em caráter preventivo. "Atos de agressão são repudiados pela comunidade escolar e devem ser denunciados às autoridades", enfatizou Avelar, lembrando que, em função da agressão, o professor de geografia ficou muito abalado e pensa em abandonar a carreira. "Vários outros professores estão querendo deixar de dar aula aqui por causa do medo."
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'Eles não se portam como alunos'
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Outro professor da escola, que preferiu não se identificar, contou que a situação de insegurança entre os profissionais é grande. "Apesar de matriculados, esses estudantes não se portam como alunos da escola, são infrequentes e, quando aparecem, dão problemas. Já informamos as autoridades sobre as ocorrências, mas nada é feito", lamenta o profissional. Na próxima terça-feira, a direção da escola vai se reunir com representantes da Vara da Infância e Juventude e das polícias Civil e Militar, com o objetivo de discutir a questão e traçar metas de enfrentamento.
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André Avelar afirma que, ao longo do tempo, a Deputado Olavo Costa, que conta com 637 alunos e 44 professores, realiza campanhas educativas, como manifestação pela paz e contra o bullying, atuando de maneira preventiva. "Todas essas ações dão resultado a médio e longo prazos. Nosso grande desafio é lidar com situações emergenciais, como os dois últimos casos. Já solicitamos até mais policiamento para escola", afirmou o diretor, ressaltando que já foram encontradas facas e armas de fogo no interior do estabelecimento de ensino. "A parte física do colégio também precisa de intervenção. Vamos investir na instalação de câmeras para garantir mais segurança", apontou.
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Para o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia Civil, responsável pela apuração dos crimes na Zona Norte, Rodolfo Rolli, os casos de agressões contra professores crescem em todo o Brasil, e Juiz de Fora não foge à regra. "As drogas e a delinquência podem ter ligação com este tipo de ocorrência."
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