sexta-feira, 31 de maio de 2013

Educação antes e depois


Estudante agride professor com tapas em sala de aula

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Um professor de geografia de 30 anos foi agredido com vários tapas no rosto e nas costas por um aluno de 15 anos, na Escola Estadual Deputado Olavo Costa, no Bairro Monte Castelo, Zona Norte. O fato foi registrado pela Polícia Militar, na noite da última terça-feira (28), por volta das 20h30. Esta foi a segunda agressão sofrida por um funcionário do colégio em menos de 15 dias. A situação deixou a comunidade escolar assustada, com relatos de professores com vontade de abandonar a carreira em função da insegurança. Conforme o boletim policial, a vítima teria narrado que, quando fazia a chamada dos alunos do 9º ano, um dos estudantes se levantou e se deslocou até sua mesa, começando a gesticular e falar de maneira ríspida.
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Nesse momento, o interruptor de luz da sala teria sido acionado por outro aluno, deixando o local de luzes apagadas por alguns instantes. Na ocasião, o adolescente infrator aproveitou para agredir a vítima. O aluno que teria apagado as luzes era de outra sala e alegou que encostou no interruptor sem querer. Aos policiais, a vítima relatou que já trabalha na escola há três anos e nunca teve problemas com os jovens. Ele contou que foi até a direção do colégio, que estava reunida com o colegiado tratando sobre quais procedimentos seriam adotados a respeito da agressão do zelador da escola no último dia 15, e comunicou o novo fato. Todos os alunos da sala foram chamados e, na frente do diretor escolar, o adolescente responsável pela agressão teria confessado seu ato. Ele ainda teria dito que tinha investido contra o professor sem motivo. A PM foi acionada e apreendeu o estudante, que foi conduzido para a delegacia de Santa Terezinha.
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Ontem o delegado Rodolfo Rolli, que vai ficar à frente do caso, explicou que a agressão promovida pelo estudante levou à abertura de um boletim de ocorrência circunstanciado, que foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude. "O jovem deverá responder por ato infracional por vias de fato ou lesão corporal. Nosso trabalho aqui na delegacia irá se concentrar em desvendar qual seria a motivação da agressão, a fim de que o estudante possa ser responsabilizado", afirmou Rolli, acrescentando que a direção do colégio também deveria adotar um procedimento disciplinar contra o aluno, com a finalidade de fazê-lo refletir sobre seu comportamento, que foi considerado grave pelo policial. De acordo com o diretor da Escola Estadual Deputado Olavo Costa, André Avelar, o colégio sofre com um histórico de problemas envolvendo segurança. Tanto que, em agosto de 2012, a Tribuna flagrou um grupo de adolescentes debaixo de uma árvore, fumando uma substância que passava de mão em mão bem próximo do colégio. Também foi flagrado, por meio de fotografias, adolescentes pulando o muro da escola, numa tentativa de entrar no estabelecimento. Mais recentemente, no último mês de abril, um adolescente acendeu um cigarro de maconha durante uma aula. Há duas semanas, uma aluna de 14 anos agrediu o zelador da escola verbal e fisicamente. Como apontou André Avelar, a estudante teria quebrado torneiras e uma porta no banheiro. Ao repreender o ato de vandalismo, o funcionário, que não sabia quem era o autor da quebradeira, foi agredido pela aluna.
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"Nos dois últimos casos, vamos decidir, junto com a Vara da Infância e Juventude, que tipo de providência será tomada em relação aos dois alunos. Acredito que pode ser até prestação de serviço à escola, como forma de haver um trabalho pedagógico e não deixar que haja impunidade", disse o diretor, acrescentando que, de imediato, os dois estudantes foram suspensos das aulas até que se defina a situação. A medida, conforme ele, foi adotada em caráter preventivo. "Atos de agressão são repudiados pela comunidade escolar e devem ser denunciados às autoridades", enfatizou Avelar, lembrando que, em função da agressão, o professor de geografia ficou muito abalado e pensa em abandonar a carreira. "Vários outros professores estão querendo deixar de dar aula aqui por causa do medo."
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'Eles não se portam como alunos'
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Outro professor da escola, que preferiu não se identificar, contou que a situação de insegurança entre os profissionais é grande. "Apesar de matriculados, esses estudantes não se portam como alunos da escola, são infrequentes e, quando aparecem, dão problemas. Já informamos as autoridades sobre as ocorrências, mas nada é feito", lamenta o profissional. Na próxima terça-feira, a direção da escola vai se reunir com representantes da Vara da Infância e Juventude e das polícias Civil e Militar, com o objetivo de discutir a questão e traçar metas de enfrentamento.
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André Avelar afirma que, ao longo do tempo, a Deputado Olavo Costa, que conta com 637 alunos e 44 professores, realiza campanhas educativas, como manifestação pela paz e contra o bullying, atuando de maneira preventiva. "Todas essas ações dão resultado a médio e longo prazos. Nosso grande desafio é lidar com situações emergenciais, como os dois últimos casos. Já solicitamos até mais policiamento para escola", afirmou o diretor, ressaltando que já foram encontradas facas e armas de fogo no interior do estabelecimento de ensino. "A parte física do colégio também precisa de intervenção. Vamos investir na instalação de câmeras para garantir mais segurança", apontou.
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Para o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia Civil, responsável pela apuração dos crimes na Zona Norte, Rodolfo Rolli, os casos de agressões contra professores crescem em todo o Brasil, e Juiz de Fora não foge à regra. "As drogas e a delinquência podem ter ligação com este tipo de ocorrência."
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quarta-feira, 22 de maio de 2013

O fim da educação: indisciplina, política e judicialização

Por Lúcio Alves de Barros*

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Professoras e professores estavam discutindo em reunião o problema da (in)disciplina em sala de aula. A coisa me pareceu tão séria que por alguns minutos passaram-me pela cabeça diversas imagens de acontecimentos – muitos deles inaceitáveis – que, aparentemente, vêm se naturalizando entre nós. Algumas delas merecem atenção.
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A primeira diz respeito a como manter a disciplina em sala de aula. Esse problema, antigo e ostensivo tanto nas escolas como nas universidades, não tem passado despercebido em pesquisas na área da educação. No entanto, o problema tem tomado novos perfis a ponto de o estudante recalcitrante ser tratado como vítima. Há tempos tornou-se normal o uso do celular, do smartphone, do tablet em sala de aula. Enquanto o docente ensina, o aluno sem nenhuma vergonha manda mensagens, curte o Facebook, tira fotos e grava suas aulas. Para isso, ele não se contenta em ficar calado; chega ao cúmulo de avisar ao colega que acabou de “curtir” sua mensagem ou que respondeu à altura. Quando ele se abre em atenção à aula, o bravo estudante ainda deseja atenção. Obviamente é praticamente impossível atendê-lo. E, como não foi atendido como quer, lá vai ele para mais uma curtida ou fala inadequada e descontextualizada do que aconteceu em tempo real na sala de aula.
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De forma alguma sou contra a entrada e o desenvolvimento das novas tecnologias de informação, que inegavelmente ajudam na didática, na rapidez nas informações, na construção do conhecimento e nas pesquisas. Mas professores e estudantes – e aqui está o segundo ponto que merece atenção – devem saber os limites ou no mínimo tratar de criar alguns. Comportamentos inaceitáveis em sala de aula são fontes de desrespeito ao corpo docente. Em geral, os discentes estão “pouco ligando” para isso. Eles desconhecem, como os diretores e a supervisão, os regulamentos internos, chegando ao cúmulo de tentar plantar a dúvida e levar o professor às vias de fato quando de um acontecimento sério ou de menos valia na sala de aula. Para isso, basta que o pavio seja aceso e a plateia, inclusive de docentes, goze diante do voyeurismo social sempre sádico e presente nestas ocasiões.
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A questão toma novos contornos quando o discente, do alto de sua sabedoria, ainda cai na onda da judicialização da educação. Esse terceiro ponto se assenta em palavras ou frases como “você tem é que estudar”, “não adianta ficar no celular e fazer a prova”, “depois o coitado sou eu, né!”, “quero ver o que vão falar os seus pais” e “cansei de vocês”, dentre outras, que se constituem verdadeiras bombas para que o discente ou o aluno, antes desatento, resolva levar o docente para a mesa do juiz. Até lá, o poder discricionário do professor em sala de aula já foi esquecido, os nervos já estão sendo colocados em prova, sua capacidade e sua carreira colocadas em xeque, a ameaça ou a denúncia parece crescer de tamanho e ostensividade, sem falar nas versões dos fatos, que, plantadas e encharcadas vão render frutos não comestíveis.
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A judicialização da educação é absurda; ela retira do professor, da coordenação e da instituição escolar toda a sua legitimidade. Por consequência, ela humilha os professores, que, encarcerados em seus poucos recursos, geralmente são esquecidos pelo sindicato e por seus pares. Mais uma vez é possível apontar para o fim da educação. O fim da política nas instituições escolares. Assistimos inertes ao começo do desmonte das entidades garantidoras do controle social e de formação de identidades. Finalmente, vemos de perto a “pá de cal” nas relações daqueles que, por natureza, deveriam estar unidos em causas nobres como a construção do conhecimento, uma sociedade mais humana e, nem que seja por sonho, com liberdade e igualdade.
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* Doutor em Ciências Humanas e professor da Faculdade de Educação da UEMG
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Fonte: Publicado em 21 de maio de 2013 na Revista "Educação Pública". http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/direito/0008.html

terça-feira, 14 de maio de 2013

Educação, violência e mídia


A rua vence a escola

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Editorial: Foi-se o tempo, provavelmente, em que era costume falar da escola e da rua como lugares opostos, destinos capazes de definir de modo desejável ou dramático o futuro da criança ou do adolescente.
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A rua, nesse sentido, invadiu a escola: esta é a conclusão sugerida nos resultados de pesquisa encomendada pelo sindicato dos professores do Estado de São Paulo.
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Ouvidos 1.400 professores, de um total de 230 mil, relata o instituto Datapopular que 44% já sofreram algum tipo de agressão (física ou não) nas escolas da rede pública. Mais da metade diz ter presenciado situações de vandalismo.
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Uma assustadora maioria (84%) conta ter sabido de casos de agressão. O consumo de drogas seria o motivo desse comportamento, segundo 42% dos entrevistados. Conhecem-se, pelo noticiário, episódios isolados de violência grave contra professores. O acontecimento pontual se traduz em rotina, todavia, a julgar pela pesquisa. Alunos e professores parecem correr mais risco dentro da escola do que se ficassem em casa.
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A violência e as drogas perpassam toda a sociedade, sem dúvida, mas ressaltam no caso da escola os sintomas da impunidade. Por medo ou benevolência, autoridades tendem a ver nas infrações contumazes de adolescentes algo a combater sem maior firmeza.
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O coordenador de Proteção Escolar da Secretaria da Educação, Felippe Angeli, declara seu interesse em atuar com as forças da ordem para coibir a ação do tráfico nas escolas. Assegura, ainda, que professores da rede estadual fazem cursos de capacitação para mediar conflitos e incentivar discussão e abordagens inovadoras. Os professores estaduais, se for para contar todas as vezes que se fala em "capacitação", mal teriam tempo de se dedicar à sua atividade primordial, que é a de dar aulas.
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Natural que nem sempre as deem. O absenteísmo dos docentes, ainda que reprimido em boa hora pelo governo do Estado, pode tornar-se em muitas situações nada mais do que uma válvula de escape --ou, em casos extremos, de resguardo da própria integridade.
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Fonte: Folha de São Paulo

Por dia, quase três professores pedem demissão da rede estadual de ensino

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Por Maria Luisa de Melo
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Pagando salários menores do que os da Prefeitura do Rio de Janeiro, e de pelo menos cinco municípios da Baixada Fluminense, a rede pública estadual do Rio assiste a uma debandada de professores no início deste ano. Só nestes cinco primeiros meses, 308 mestres concursados pediram exonerações. Outros 504 se aposentaram. Ou seja, 812 mestres estão fora da rede. O déficit de profissionais, segundo a Secretaria estadual de Educação, no entanto, é de cerca de 800. 
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A principal causa apontada para os pedidos de demissão trata dos baixos salários - R$ 1001 de salário inicial bruto, por 16 horas de trabalho. De acordo com dados do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe), a média de pedidos de demissão na rede é de 2,5 por dia. Levando-se em conta o número de profissionais que se aposentam, a média aumenta para 6,76.
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O problema, segundo os dados, não é exclusividade da rede estadual. No caso da Secretaria Municipal de Educação, o número de mestres que pediram desligamento de janeiro a maio é ainda maior: 514. No segundo semestre do ano passado, o município se viu às voltas com 1.270 pedidos deste tipo. 
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Concursado do governo do estado em 2010, o professor de Biologia Eduardo Moraes, 28 anos, decidiu abandonar a rede estadual e passar a trabalhar em Mesquita, na Baixada Fluminense. A intenção era aumentar seus rendimentos em R$ 520. "Em 2010, no Rio, eu ganhava R$ 880. Na Prefeitura de Mesquita, passei a ganhar R$ 1400. Como eu moro em Benfica, na Zona Norte, a mudança me exigiu um certo esforço de deslocamento, mas está valendo a pena". Eduardo ardo é um dos milhares de mestres que acumula mais de uma matrícula. Ou seja, trabalha para a Prefeitura de Mesquita e também para a Prefeitura do Rio de Janeiro. "O vale-transporte que o governo do estado me pagava não cobria as minhas despesas de deslocamento para o trabalho. Isso acontece principalmente com aqueles professores que trabalham em mais de uma escola. Este foi mais um dos motivos pelos quais decidi abandonar a rede estadual. É muito trabalho para pouco dinheiro", destaca. 
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O biólogo aponta ainda outras vantagens de se trabalhar fora da capital: "Na rede municipal de educação da Baixada, as turmas tem limite de 30 alunos. Já na rede estadual, o limite oficial é de 60. Isso significa que as turmas na Baixada são menos cheias e é possível trabalhar melhor", aponta. 
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Professora do Ciep Pablo Neruda, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, Maria Beatriz Lugão Rios diz que o fato de os novos professores concursados serem chamados apenas em meados do ano piora ainda mais a situação da classe. 
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"Os concursados, chamados pelo governo no meio do ano, tem que se encaixar nas turmas já formadas. Ou seja, um professor de Filosofia que é contratado para 12 horas por semana tem que lecionar em 12 turmas distintas já que cada turma tem direito a um tempo de aula desta disciplina. Assim, é comum um professor com apenas uma matrícula acumular aulas em mais de uma escola. O grande problema é que o vale-transporte é para apenas um colégio, né? Assim, o professor desembolsa parte de sua despesa com transporte", critica.
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Contratações não acompanham saída
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Enquanto a saída de profissionais da rede só neste início de ano foi de 812 mestres, as contratações são exatamente a metade: só 406 professores foram chamados este ano para trabalhar na rede estadual.
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Gratificações para diminuir déficit
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Para suprir o déficit de professores, a Secretaria estadual de Educação lançou mão de uma gratificação que praticamente dobra os rendimentos dos mestres. Para isso, os professores também tem carga horária dobrada. Com a chamada "gratificação por lotação prioritária", houve diminuição da carência por professores na rede. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a carência de profissionais veio reduzindo desde 2010, quando chegava a 12 mil
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Adolescentes não tem Riocard há três meses
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No Colégio Estadual Vilma Atanásio, em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, as dificuldades vão além da falta de professores da rede estadual de ensino. Muitos estudantes - cerca de 50 - ainda não possuem o cartão Riocard, que dá acesso livre aos estudantes da rede pública. Alguns deixaram a escola, enquanto outros contam com a boa vontade dos motoristas para entrar pela por traseira. 
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Fonte: Jornal do Brasil (on line)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Quase metade dos professores de SP já sofreu agressão na rede pública

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13 de maio de 2013
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Uma pesquisa com professores de São Paulo aponta: quase a metade já sofreu algum tipo de agressão em escolas públicas. Fantástico mostra imagens e depoimentos exclusivos sobre essa violência nos colégios, que preocupa o Brasil inteiro.

Aluno bate em aluno. Aluno bate em professor. E professor bate em aluno. São flagrantes recentes da violência nas escolas brasileiras. Uma das cenas que mais tiveram repercussão foi a de um estudante de 15 anos agredindo uma professora de inglês dentro da sala de aula.
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O Fantástico conseguiu imagens inéditas, desse caso, gravadas por um aluno. A escola particular fica em Santos, no litoral paulista. Pela primeira vez, a professora revela os motivos do ataque: uma nota baixa porque o estudante não havia feito o dever.
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“Ele já não vinha fazendo as minhas lições desde o ano anterior. Quando aconteceu o episódio dele levantar, pegar o meu diário de classe, apagar as notas, chutar as minhas folhas, eu só levantei porque achei que ele fosse rasgar o diário”, ela diz.
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A professora descreve a agressão: “No momento em que ele passa a perna em mim, eu tento me segurar na blusa dele. Eu agarrei a perna dele com intuito de evitar que ele continuasse me socando”, afirma a educadora.
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O aluno, de 15 anos, foi expulso da escola. Segundo a professora, ele sempre teve um perfil violento e a xingava, com frequência, dentro da sala de aula. “A falta de respeito é muito grande. Já chegou a arremessar carteiras em cima de mim”, lembra. Esta semana, uma pesquisa encomendada pela Apeoesp, o sindicato dos professores do ensino oficial do Estado de São Paulo, ao Instituto Data Popular traçou um quadro da violência nas escolas públicas paulistas.
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De cada 100 professores, 44 dizem já ter sofrido algum tipo de agressão. A verbal é a mais comum, ou seja, quando o professor é ofendido é a mais comum. Depois, vêm assédio moral, bullying, agressão física, discriminação e furto. “Salas superlotadas, escolas mal iluminadas. É um ambiente que serve para tudo, menos para o aprendizado adequado para os alunos”, explica Renato Meireles, diretor do instituto de pesquisas.
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A pesquisa revelou ainda que 29% dos professores já viram estudantes alcoolizados na escola. E 42% presenciaram alunos sob efeito de drogas. E 29% flagraram o tráfico dentro do colégio. A Secretaria de Educação de São Paulo diz que desenvolve iniciativas de combate à violência. “A Secretaria de Educação conta com um oficial da Polícia Militar que assessora diretamente o secretário de Educação nessa articulação entre as nossas escolas e os comandos territoriais da Polícia Militar”, afirma Felipe Angeli, coordenador da Secretaria de Educação de SP.
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Na quinta-feira (9), em um colégio estadual de Aracaju, Sergipe, um aluno de 14 anos foi encontrado, na hora do recreio, com 30 cápsulas de cocaína. Ele disse à policia que vendia drogas na escola havia dois meses. Também na quinta, aconteceu um assassinato em frente a um colégio público, em Vespasiano, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ana Caroline Costa, 16 anos, foi morta com um tiro na cabeça. Outros dois estudantes também ficaram feridos. Segundo a polícia, está havendo uma guerra de gangues e Ana Caroline não tinha nada a ver com a história.
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“A violência é uma epidemia dentro das escolas e os custos disso ficam para toda sociedade brasileira”, destaca Meireles.
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E quando é o próprio professor quem agride? As imagens são de uma escola estadual de Maricá, Região dos Lagos, Rio de Janeiro. O Fantástico localizou o estudante, de 14 anos, que levou socos do professor, em uma escola, no mês passado.
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Ao lado da mãe, ele disse que, no começo da aula, houve uma troca de insultos, mas em tom de brincadeira: “Ele me chamou de gordo. Chamei ele de cabeçudo. Parecia mais uma baderna que uma aula. Todo mundo brincava”, conta. Segundo o estudante, o professor partiu para cima dele no fim da aula: “Começou a me encurralar. Me cercar. Eu falei: ‘Professor, eu estava brincando’. Ele ficou nervoso e me agrediu”, diz a vítima. Em outra escola, esse mesmo aluno já tinha arrumado briga, ofendido um professor e precisou passar por um psicólogo. “Não respeitava ninguém, mas de um tempo para cá, eu comecei a ficar bom”, garante.
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O professor que deu socos no estudante preferiu não se manifestar. Ele será transferido de colégio.
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“O próprio professor é reconhecido como professor extremamente popular, brincalhão, mas, até por isso, talvez, tenha perdido um pouco o respeito por parte dos alunos”, afirma o delegado Henrique Pessoa. E qual seria a saída para acabar com os conflitos entre professores e alunos? A pesquisa realizada em São Paulo apontou que, nas escolas que fazem campanhas frequentes de combate à violência, há menos agressões.
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“A família tem que conhecer o seu filho. Uma vez identificando esses problemas, ela tem que pedir ajuda, caso não consiga resolver internamente”, diz Felippe Angeli.
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“Eu sou uma professora. Eu queria a minha vida de volta. Adoro dar aula”, lamenta uma professora.
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sábado, 11 de maio de 2013

Educação aprova medidas para combater o bullying

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A Comissão de Educação aprovou ontem (8) proposta que obriga escolas, clubes, agremiações esportivas e estabelecimentos similares a adotar políticas de combate ao bullying. Além de definir essa prática, o texto enumera as ações destinadas a diagnosticar e solucionar o problema.
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O texto aprovado é o substitutivo do relator, deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), ao Projeto de Lei 1785/11, do Senado. Wyllys adotou como base o texto da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, que já havia incorporado sugestões dos 12 projetos apensados à proposta original na Câmara. A primeira proposta apenas obriga as escolas a promover um ambiente escolar seguro, adotando estratégias antibullying.
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Conceito de bullying
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Em seu projeto, Jean Wyllys altera o conceito de bullying. Para ser caracterizada como tal a agressão deve ser intencional, praticada entre pares, em relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
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De acordo com o deputado, esses são os elementos necessários à definição da prática aceita em trabalhos acadêmicos. Para o relator, essa definição clara é importante “para evitar a banalização do conceito, que ocorre atualmente”. Além de apresentar essas características, o bullying ainda é definido como prática de violência física ou psicológica praticada por indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar causando dano moral ou físico à vítima.
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Trote
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O texto aprovado na Comissão de Segurança Pública inclui o trote entre as práticas consideradas bullying. Jean Wyllys, no entanto, determina que se inclua na prática somente a agressão constante, mesmo após o rito de iniciação, contra uma vítima específica. A alteração também visa adaptar o conceito à definição acadêmica vigente.
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Na versão do relator, as providências contra o bullying deverão ser adotadas pelo sistema de ensino. Para o deputado, “parece invasivo obrigar cada instituição a ter uma equipe multidisciplinar para tratar da questão”, como prevê a versão da Comissão de Segurança.
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Ações
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Para combater o bullying, a proposta determina que as instituições previstas criem grupos de apoio para estudar o fenômeno e atender às vítimas. As instituições também devem evitar punir os agressores, mas adotar práticas de reintegração das duas partes. Pela proposta, os estabelecimentos ficam obrigados a adotar medidas como: criar programas de capacitação dos funcionários para a prevenção e solução de casos de bullying, além de incluir em seu projeto pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate à prática.
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As entidades ainda serão obrigadas a comunicar os casos de agressões previstos aos conselhos tutelares. Caberá às secretarias de educação fiscalizar o cumprimento da lei.
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Tramitação
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Em regime de prioridade, a proposta segue para análise conclusiva das comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. 
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Fonte: Agência Câmara / Todos pela Educação (on line) - 09 de maio de 2013

44% dos docentes da rede estadual sofreram agressão na escola

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Entre os Professores da rede estadual de São Paulo, 44% já sofreram algum tipo de violência dentro da Escola. As agressões mais comuns são as verbais (39%) e o assédio moral (10%), enquanto a violência física foi relatada por 5% dos Docentes. Os números, divulgados ontem, são de uma pesquisa feita pelo Data Popular a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). “A violência nas Escolas estaduais está aumentando e não há uma ação efetiva do governo.Temos de mudar essa realidade”, diz a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha.
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A pesquisa foi feita entre 18 de janeiro e 5 de março com 1,4 mil Docentes da rede estadual, de 167 municípios paulistas. De acordo com o Data Popular, é alto o porcentual de Professores que já ouviram falar de algum caso de violência nas Escolas em quedão aula: 84%. Os Docentes afirmam que os Alunos são os principais autores e vítimas da violência Escolar, que se manifesta com xingamentos, provocações e até espancamentos e ameaças de morte. Uma aluna de 17 anos da Escola Estadual Luís Magalhães de Araújo, no Jardim Ângela, que não quis se identificar, conta que já presenciou diversas vezes agressões de estudantes a colegas e Professores. “Tem muito Professor que sai da sala de aula chorando, chateado com o modo dos Alunos.
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Neste ano,uma foi afastada; nos disseram que ela estava traumatizada e não conseguiria voltar a dar aula”, afirmou. As ameaças e os bens danificados pelos Alunos são tão frequentes que 39% dos Docentes acham comum vivenciar essas situações. Para eles, a falta de Educação e respeito dos Alunos (74%) é a principal causa das agressões dentro das Escolas. Para 5% dos entrevistados, porém,são funcionários, diretores e os próprios Professores os principais autores da violência Escolar. Para a Professora B.R., que não quis revelar seu nome, o trauma foi provocado por uma diretora de uma Escola estadual da zona sul de São Paulo que há dois dias a agrediu verbalmente na reunião de Docentes. “Ela disse na frente de todo mundo que meu diploma de pedagoga não valia nada e deveria virar papel higiênico, depois de uma série de humilhações.
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Estou afastada pelo médico, já procurei um advogado e não sei como voltarei a dar aula.” Prevenção. A pesquisa aponta que Escolas que têm campanha contra a violência registram taxas de agressão 10% menores do que as demais.Segundo a Secretaria de Estado de Educação, para prevenir a violência na rede foi implementado em 2009 o Sistema de Proteção Escolar, que criou a figura do Professor mediador Escolar e comunitário, responsável por mediar conflitos.
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Os 2,7 mil Docentes já treinados estão em 40% das unidades. “A ideia é atingir todas as Escolas até o fim do ano que vem”,diz a coordenadora do sistema, Beatriz Graeff.
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Professor pede dever e apanha
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Em 20 de maio de 2011, uma aluna de 18 anos agrediu um Professor de Geografia da Escola Estadual Humberto de Campos, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Após uma discussão dentro da sala, ela usou um capacete para golpeá-lo, além de dar tapas em seu rosto. A estudante, que na época cursava o 3.º ano do Ensino médio, discutiu com o Docente porque não havia feito o dever de casa e seria punida com a perda de ponto na nota. Na ocasião, a Diretoria de Ensino de Sorocaba abriu sindicância para apurar a agressão e suspendeu a aluna preventivamente, mas ela não acatou a decisão. Amãe da estudante esteve na Escola, assumiu a defesa da filha e agrediu verbalmente o Professor. Revoltado,um grupo de Alunos se solidarizou com o Docente e se negou a entrar na classe para acompanhar as aulas, que acabaram sendo suspensas pela direção.
‘O aluno jogou uma bomba no meu pé’
“A primeira agressão aconteceu na Escola Estadual José Cândido de Souza, em Perdizes. Estava dando aula para o Ensino fundamental, virei para a lousa para escrever e um Aluno jogou uma bomba no meu pé, que explodiu. Com o susto, fiquei paralisado. Tive de ir para fora da sala, fiquei em estado de choque e acabei urinando nas calças. Tive uma síndrome do pânico muito feia, mesmo sem ter me ferido. Fui levado ao hospital, onde fui medicado, e fiquei afastado da Escola por 120 dias. Já neste ano sofri uma violência na Escola Estadual Luiz Gonzaga Righini, no bairro do Limão.Em abril, um grupo de Alunos ateou fogo na cortina da sala de aula e a Escola não tinha extintor. Apaguei o fogo a vassouradas. No dia seguinte, um grupo de Alunos atacou um Professor.Um livro de 400 páginas acertou o nariz dele. Ainda em outra ocasião, na mesma Escola, 300 Alunos encurralaram a diretora e começaram a agredi-la fisicamente, com tapas e puxões de cabelo. Frequentemente, os Alunos me xingam e ameaçam. Tenho uma sala com mais de 52 Alunos e a superlotação também causa violência entre Professores e Alunos. Já pensei em largar a profissão, mas tenho muito amor pelo que faço. Ainda há esperança.”
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Fonte: O Estado de São Paulo - 10 de maio de 2013

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Paz e educação


44% dos professores de SP já sofreram agressão, diz sindicato

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O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) divulgou nesta quinta-feira (9) uma pesquisa sobre a violência nas escolas. Quase metade dos professores entrevistados relata que já sofreu algum tipo de agressão. A pesquisa ouviu 1.400 pessoas em 167 municípios do estado.
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Brigas entre alunos e crimes mais graves estão ocorrendo nas escolas. Dos professores da rede estadual, 44% deles dizem ter sofrido algum tipo de agressão - física ou verbal.
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Para 35% dos professores entrevistados, os pais ou os responsáveis são quem deve resolver a violência praticada pelos filhos. Outros 25% acham que a escola também tem papel decisivo. E, para 19% dos entrevistados, o governo do estado tem que tomar medidas mais efetivas. Do total, 84% presenciaram ou ficaram sabendo de casos de violência na escola em que lecionam. Para 95%, os maiores responsáveis são os próprios alunos e apontam o uso de drogas e de álcool, o tráfico de drogas e a briga de gangues como situações que geram violência nas escolas. Os alunos são as maiores vítimas de da violência: 83%.
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A agressão verbal é a mais comum, segundo os professores. Para 74% dos entrevistados, o xingamento e a falta de respeito são os principais problemas. A desestruturação familiar é apontada por 47% como a razão da violência, e 49% acreditam que é resultado da educação que os alunos recebem em casa. Em segundo lugar aparece o bullying, com 60%. Pelo menos 5% dos entrevistados já sofreram agressão física.
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Para os professores, as escolas e o governo teriam que envolver os pais nesse debate contra a violência. Palestras e debates nas escolas atrairiam os pais para 28% dos professores. Para 16%, também é preciso investir em cultura e lazer dos alunos e familiares. Outros 15% querem que o policiamento nas áreas próximas às escolas seja reforçado para evitar a presença de gangues e tráfico de drogas.
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As câmeras de segurança que serão instaladas nas escolas, medida anunciada nesta quarta-feira (8) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), não são vistas como uma grande medida contra a segurança, segundo os professores. Só 4% acreditam que as câmeras ajudem a reduzir a violência.
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Fonte: G1 (on line)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Rede de ensino (público X privado)


Produção de Sentido

  
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Por Frei Betto*
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     Muitos pais se queixam do desinteresse dos filhos por causas altruístas, solidárias, sustentáveis. Guardam a impressão de que parcela considerável da juventude busca apenas riqueza, beleza e poder. Já não se espelha em líderes voltados às causas sociais, ao ideal de um mundo melhor, como Gandhi, Luther King, Che Guevara e Mandela.
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     O que falta à nova geração? Faltam instituições produtoras de sentido. Há que imprimir sentido à vida. Minha geração, a que fez 20 anos de idade na década de 1960, tinha como produtores de sentido Igrejas, movimentos sociais e organizações políticas.
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    A Igreja Católica, renovada pelo Concílio Vaticano II, suscitava militantes, imbuídos de fé e idealismo, por meio da Ação Católica e da Pastoral de Juventude. Queríamos ser homens e mulheres novos. E criar uma nova sociedade, fundada na ética pessoal e na justiça social.
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     Os movimentos sociais, como a alfabetização pelo método Paulo Freire, nos desacomodavam, impeliam-nos ao encontro das camadas mais pobres da população, educavam a nossa sensibilidade para a dor alheia causada por estruturas injustas.
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     As organizações políticas, quase todas clandestinas sob a ditadura, incutiam-nos consciência crítica, e certo espírito heroico que nos destemia frente aos riscos de combater o regime militar e a ingerência do imperialismo usamericano na América Latina.
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     Quais são, hoje, as instituições produtoras de sentido? Onde adquirir uma visão de mundo que destoe dessa mundividência neoliberal centrada no monoteísmo do mercado? Por que a arte é encarada como mera mercadoria, seja na produção ou no consumo, e não como criação capaz de suscitar em nossa subjetividade valores éticos, perspectiva crítica e apetite estético?
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     As novas tecnologias de comunicação provocam a explosão de redes sociais que, de fato, são virtuais. E esgarçam as redes verdadeiramente sociais, como sindicatos, grêmios, associações, grupos políticos, que aproximavam as pessoas fisicamente, incutiam cumplicidade e as congregavam em diferentes modalidades de militância.
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     Agora, a troca de informações e opiniões supera o intercâmbio de formação e as propostas de mobilização. Os megarrelatos estão em crise, e há pouco interesse pelas fontes de pensamento crítico, como o marxismo e a teologia da libertação.
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     No entanto, como se dizia outrora, nunca as condições objetivas foram tão favoráveis para operar mudanças estruturais. O capitalismo está em crise, a desigualdade social no mundo é alarmante, os povos árabes se rebelam, a Europa se defronta com 25 milhões de desempregados, enquanto na América Latina cresce o número de governos progressistas, emancipados das garras do Tio Sam e suficientemente independentes, a ponto de eleger Cuba para presidir a Celac (Comunidade do Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
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     Vigora atualmente um descompasso entre o que se vê e o que se quer. Há uma multidão de jovens que deseja apenas um lugar ao sol sem, contudo, se dar conta das espessas sombras que lhes fecham o horizonte.
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     Quando não se quer mudar o mundo, privatiza-se o sonho modificando o cabelo, a roupa, a aparência. Quando não se ousa pichar muros, faz-se tatuagem para marcar no corpo sua escala de valores. Quando não se injeta utopia na veia, corre-se o risco de injetar drogas.
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     Não fomos criados para ser carneiros em um imenso rebanho retido no curral do mercado. Fomos criados para ser protagonistas, inventores, criadores e revolucionários.
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     Quando Hércules haverá de arrebentar as correntes de Prometeu e evitar que o consumismo prossiga lhe comendo o fígado? “Prometeu fez com que esperanças cegas vivam nos corações dos homens”, escreveu Ésquilo. De onde beber esperanças lúcidas se as fontes de sentido parecem ressecadas?
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     Parecem, mas não desaparecem. As fontes estão aí, a olhos vistos: a espiritualidade, os movimentos sociais, a luta pela preservação ambiental, a defesa dos direitos humanos, a busca de outros mundos possíveis.
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* - Frei Betto é escritor e teólogo.
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Dilma exalta emprego, reafirma combate à inflação diz que Educação será o foco

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Em um tom mais ameno do que o adotado em seus últimos pronunciamentos à nação, a presidente Dilma Rousseff tentou transmitir serenidade em um momento em que cresce a preocupação com os índices de inflação.
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Na sua fala em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, Dilma trouxe a importância da luta conta a inflação para o lado pessoal, dizendo que um governo e uma presidente que lutam firme pela redução de impostos e pela diminuição de custos, "não vão descuidar nunca do controle da inflação".
De acordo com a presidente, a luta contra a inflação é "uma luta constante, imutável, permanente". A presidente também reafirmou a compromisso com os pilares da política econômica.
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"Não abandonaremos jamais os pilares da nossa política econômica que tem por base o crescimento sustentado e a estabilidade. E não abriremos mão, jamais, dos pilares fundamentais do nosso governo, a distribuição de renda e a diminuição da desigualdade no Brasil", disse.
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A presidente, no entanto, não anunciou medidas ou bondades como nas suas últimas aparições em rede nacional e como era aguardado. Apesar de não fazer anúncios, Dilma destacou medidas tomadas em benefício dos trabalhadores, com a isenção do Imposto de Renda sobre o pagamento de participação nos lucros e resultado das empresas e a extensão dos direitos trabalhistas previstos na CLT para os empregados domésticos. O governo deve anunciar, em breve, a regulamentação dos novos direitos. Esse era, inclusive, uma das novidades aguardadas para o primeiro de maio.
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O foco do discurso foi a Educação e o ganho dos trabalhadores nos últimos anos. Também não foram dados recados de viés político. A cobrança da presidente foi ao Congresso, sobre a aprovação da medida que destina os recursos do petróleo à Educação. Dilma disse que o Brasil avançou muito por causa de políticas econômicas corretas e de políticas sociais profundas, mas ponderou que um fato "tem passado desapercebido", o fato de o emprego e o salário terem se tornado "os dois maiores fatores de diminuição da desigualdade".
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Para justificar sua afirmação, a presidente aponta que os programas de transferência de renda tiraram 36 milhões de brasileiros da miséria, mas que o emprego e a renda é que impedem que essas pessoas voltem à pobreza e foram esses dois vetores que levaram 40 milhões de pessoas à classe média.
Depois de elencar dados sobre a geração de empregos com carteira assinada e o ganho real de salário, Dilma enfatizou que só uma Educação de qualidade pode garantir mais avanço para o emprego e para o salário. E que para que o Brasil faça uma "grande revolução no Ensino" é necessário, além da vontade política, recursos suficientes.
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"Por isso, é importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a Educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem essa iniciativa", disse a presidente, que logo no começo de seu pronunciamento anunciou o envio de uma nova proposta sobre o tema ao Congresso. Tal postura já era esperada e foi até sinalizadas pela própria presidente no começo da semana, conforme a medida provisória 595, enviada em dezembro do ano passado tratando dessa proposta, teve sua tramitação suspensa no Congresso, pois ela perderia validade em 12 de maio. A presidente, no entanto, não deu detalhes sobre a nova proposta.
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Ao encerrar, Dilma faz um chamamento a toda à sociedade, apontando que a Educação "não é apenas um dever do estado e um direto do cidadão. É também tarefa da família e responsabilidade de todos, sem exceção".
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A ideia da presidente é alcançar uma nova "marca" para o país. "Somente assim [investindo em Educação] podermos gritar em uma só voz uma nova marca de fé e amor para o nosso país. Poderemos gritar, do fundo do nosso coração, Brasil pátria Educadora."
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Fonte: Valor Econômico.

Esforço nas aulas faz professora ser afastada por problemas na voz

Por Vanessa Fajardo - Do G1, em São Paulo
 
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A professora Solange Aparecida de Oliveira, de 49 anos, está há três anos afastada da sala de aula e trabalha no setor administrativo da Escola Municipal de Educação Infantil Cecília Meireles, em São Matheus, na Zona Leste de São Paulo. Há pelo menos oito anos sentiu os primeiros problemas na voz, resultado de mais de duas décadas dando aulas na educação infantil. Ficava rouca, com a voz áspera, muitas vezes, totalmente afônica. Chegou a dar aulas fazendo mímica.
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“É mais difícil lidar com criança pequena, elas exigem, há uma rotina a ser cumprida: roda de leitura, de conversa, aula de música, parque, jogos, atividades externas. Perdia a voz com muita frequência, sentia dores na garganta, minha diretora falava: você não pode ficar assim. Perder a voz mexe com o emocional da gente”, afirma.
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Solange simboliza uma pequena amostra de um cenário bem mais complexo que atinge a categoria dos docentes. Estudo feito pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro SP), mostra que 63% dos professores entrevistados (1651 docentes da rede básica de ensino) já tiveram problema na voz, sendo que 11% apresentava alguma alteração no momento da pesquisa. Entre 14 sintomas listados que denotam problemas como rouquidão, pigarro, garganta seca, entre outros, cada pessoa respondeu que tinha, em média, 3,7 sintomas.
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DICAS PARA O PROFESSOR NÃO PERDER A VOZ
- Beba água regularmente
- Fique atento ao volume de voz. Perceba em quais momentos você pode falar mais baixo
- Articule bem as palavras
- Evite pigarrear em excesso
-Mantenha uma alimentação regular e saudável
- Após um período de uso excessivo da voz, tente descansá-la
- Ao dar uma informação longa aos alunos, fique de frente para a classe olhando para os alunos
- Evite falar muito tempo virado para a lousa
- Com orientação fonoaudiológica, faça exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal
- Ao perceber sintomas como rouquidão, dor na garganta, cansaço vocal, falhas na voz, excesso de pigarro, desconforto ao falar, procure um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo
Fonte: Fabiana Zambon – Sinpro SP
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A fonoaudióloga especialista em voz do Sinpro SP, Fabiana Zambon, diz que o grande problema é que o professor não tem na formação conhecimento para cuidar e prevenir a voz. "Quando percebe que está com problema é porque já precisa de tratamento. O professor usa a voz de forma diferente das outras pessoas, concorre com ruído de fora, da classe, tem de falar mais forte porque tem um número de alunos para atingir. Mesmo os que não apresentam problema, teriam de passar por uma avaliação."
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Foi assim com Solange. Quando ela buscou ajuda médica há oito anos, recebeu o diagnóstico de nódulo e fendas nas cordas vocais, e a indicação para se afastar da sala de aula. Demorou mais cinco anos para que seguisse a recomendação médica e fosse readaptada para outras funções. "Tinha um receio grande, porque a readaptação é mal vista. Morria de medo desse tabu, mas aos poucos, fui vendo que não tinha mais condições."
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Para Solange, a lotação das salas, e ter de lecionar, muitas vezes, paralelamente às reformas que ocorrem nas escolas, sem a acústica adequada, são fatores que contribuem para o desgaste da voz. “A reforma é uma questão que precisa ser pensada. Poeira, ruído e tinta causam alergia. Os professores estão adoecendo.”
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Alunos em sala de aula (Foto: TV Globo/Reprodução)
Professor deve evitar falar virado para a lousa
(Foto: TV Globo/Reprodução)
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Projetar a voz ou gritar?
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Outro fator que pode comprometer a voz do professor é se ele grita muito durante a aula. Segundo a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, existe uma grande diferença entre "projetar a voz" e "falar alto" em classe. "Projetar é falar alto com controle de qualidade da voz, sem sobrecarregar as cordas vocais; já falar alto pode ser sinônimo de gritar, com esforço excessivo, que pode ser prejudicial", define a entidade em um manual sobre problemas de voz. "O grito faz com que ocorra um forte atrito entre as pregas vocais e, se usado constantemente, pode prejudicar a saúde vocal e contribuir para o aparecimento de lesões na laringe como os calos nas cordas vocais."
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Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que o departamento de saúde oferece um programa voltado à saúde vocal, com caráter preventivo, aos professores da rede de ensino, além de oficinas nas escolas resultado de uma parceria feita com a PUC-SP. Sobre o número de alunos em sala de aula, a Prefeitura diz que respeita o que prevê a legislação municipal e atende, no máximo, 30 crianças por sala na educação infantil.
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Solange deve encerrar a carreira no setor administrativo. No ano que vem ela completa 50 anos de vida, 30 deles como funcionária da Prefeitura de São Paulo e vai se aposentar. Apesar do problema adquirido, vai guardar boas lembranças da docência.  "A sala de aula é o lugar onde eu me encontrei profissionalmente, foi uma escolha ser professora, ninguém me mandou ser, sempre gostei muito do que eu fiz. Valeu a pena a carreira longa, fui feliz enquanto estive lá."
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Cisto na prega vocal e cirurgia
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O problema vocal da professora Eulina Fernandes Pereira Caldin, de 49 anos, terminou em cirurgia. Ela dá aulas há 23 para o ensino fundamental em uma escola da rede particular de São Paulo. Logo no início da carreira perdia a voz, foi buscar orientação médica, “mas achou uma bobagem, não levou a sério e abandonou o tratamento.” A atitude não passou ilesa: Eulina adquiriu um cisto do lado esquerdo da prega vocal, e teve de operar. Nos últimos cinco anos, não tinha nenhum período com a voz boa, nem mesmo nas férias.
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“Ficava rouca, não sentia nenhuma dor, mas a voz sumia, faltava volume. Quando procurei ajuda médica, já era um caso cirúrgico. Minha vontade era parar de trabalhar dando aula, não tinha mais qualidade dos anos anteriores e comecei a me cobrar.”
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A professora afirma que o cisto adquirido na corda vocal era como uma 'bexiguinha que poderia se romper.' "Após a cirurgia, o som da voz era péssimo, parecia uma senhora de 80 anos, vinha em duplicidade. Passei três dias incomunicável, só escrevia, mas a recuperação foi simples, não tive dor, com um mês de fono minha voz já estava boa."
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Eulina se arrepende de não ter dado atenção ao problema vocal antes de ele se agravar. Hoje a professora aprendeu a respirar corretamente, usar o diafragma e fazer exercícios para aquecer e desaquecer a voz. Ela diz que o microfone na sala poderia ser um grande aliado, mas admite que nunca precisou se afastar porque conta com ajuda de professor auxiliar na sala de aula, e nos momentos de crise, tinha o apoio desse profissional. 
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"Hoje me sinto ótima, minhas aulas são de maior qualidade. Alunos aprendem, são motivados. A voz é fundamental para a emoção da aula. Eu já tive outras profissões, mas escolhi porque educação está no sangue, parece que você nasce com isso. Adoro o que eu faço, faço com amor."
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Fonte: G1 (on line)

Educação e política


‘Para a classe média, o que prevalece é o capital cultural’

Por Nice de Paula - Publicado:
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Para Jessé Souza, a ideia de classe média ‘condensa os sonhos de ascensão social’
Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
.Para Jessé Souza, a ideia de classe média ‘condensa os
sonhos de ascensão social’ Marcelo Carnaval / Agência O Globo
RIO – Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Jessé Souza estuda classes sociais há 20 anos e defende o uso de critérios além da renda. Na sua opinião, fenômeno recente foi a ascensão de uma ‘nova classe trabalhadora precarizada’
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A sociedade brasileira é perversa?
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Sim, porque o nível de desigualdade é enorme. O banqueiro na Avenida Paulista ganhar 500 vezes mais do que a pessoa que limpa a sua sala não é normal. E nós convivemos com essa perversão de forma muito natural e ainda temos esse mito brasileiro de que somos muito gentis.
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O senhor discorda que exista uma nova classe média brasileira?
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Este conceito está inserido na cegueira de pensar que as classes sociais se reproduzem apenas no capital econômico, quando a parte mais importante não tem a ver com isso, mas com o capital cultural, com tudo aquilo que a gente incorpora desde a mais tenra idade.
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Quais são as classes sociais do Brasil?
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Basicamente, quatro. A alta, que tem capital econômico. Tem a classe média, que não é tão privilegiada quanto a alta, mas se apropria de um capital cultural valorizado, saber científico, pós-graduação, línguas estrangeiras, um conhecimento que tem valor econômico. Essas duas são as classes do privilégio. Para a classe alta, o mais importante é o capital econômico, embora o capital cultural tenha uma função. E, para a classe média, o que prevalece é o capital cultural, embora algum capital econômico também seja necessário.
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Quais são as classes “sem privilégios”?
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As classes populares não têm acesso privilegiado a capital econômico, nem cultural nem social, não vão ter acesso a pessoas importantes. Têm que trabalhar desde cedo, são batalhadores. É essa a nova classe trabalhadora precarizada (chamada pelos economistas de “nova classe média”). Ela foi incluída porque tem um lugar no mercado, tem renda, planos e consumo de longo prazo, mas isso não a torna classe média. A outra classe “sem privilégios” são os muito pobres, que não têm nem precondição para aprender, a quem chamamos de maneira provocativa de ralé. Para as classes média e alta, é bom que exista a ralé, porque assim podem desfrutar de serviços que a classe média europeia e americana já não têm, como alguém para fazer a comida, cuidar dos filhos. É a luta de classes invisível, tipicamente brasileira.
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Luta de classes?
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As classes do privilégio economizam um tempo importante para estudo ou para um trabalho mais rentável, enquanto a ralé limpa sua casa, faz sua comida. Luta de classe é uma classe roubar tempo de outra. Quando a empregada deixa o almoço do filho da patroa pronto para ele estudar inglês em vez de preparar sua própria comida, esse jovem ou criança está usando seu tempo para reproduzir seu capital cultural. E a empregada, usando seu tempo para repetir sua condição social.
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E por que haveria essa necessidade de inflar a classe média?
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Porque é bom ser classe média. Ela inclui a noção indivíduos que são livres, são consumidores, cidadãos. Condensa os sonhos de ascensão social. Pertencer à classe média tem um efeito de distinção, como comprar um carro bacana, uma casa bonita.
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O critério de renda não é importante?
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É preciso estar atento às outras condições que formam um ser humano. Por exemplo, toda pessoa precisa ter confiança em si mesma. O filho da classe média pode se dedicar só ao estudo, é preparado desde cedo para ser vencedor. O filho da ralé já chega na escola como perdedor e a escola não é solução para tudo. Na nossa pesquisa, o que vimos não é que não tinha escola, mas as pessoas diziam: “nós ficamos fitando o quadro negro horas e horas sem poder aprender”. Se as pessoas não receberem os estímulos anteriores, a escola sozinha não vai resolver.
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Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/para-classe-media-que-prevalece-o-capital-cultural-7914177#ixzz2S8wI4s9e
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