quinta-feira, 28 de março de 2013

PF apura denúncia de discriminação racial contra índios em escola do Mato Grosso do Sul

O Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso do Sul solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar crimes de racismo e injúria racial praticados contra Alunos indígenas de uma Escola estadual em Antonio João, na fronteira com o Paraguai. A PF vai começar a ouvir Alunos, funcionários e o diretor da Escola na próxima semana. De acordo com a denúncia, índios guaranis-caiovás da Escola Pantaleão Coelho Xavier teriam sido retirados da sala de aula sob a alegação de que seriam "fedidos, sujos e pouco higiênicos".
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 Segundo Marciano Duarte, capitão da aldeia Campestre, os cerca de seis Alunos, sendo quatro meninas, teriam sido xingados por colegas brancos de sala de aula e por isso teriam sido retirados da sala pelo diretor.
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 - Eles falaram que os Alunos brancos os chamaram de fedidos, sujos e que tinham chulé, e por isso foram retirados da sala pelo diretor para estudar lá fora da sala de aula. O Professor dava aula para os índios lá fora e ao mesmo tempo para os brancos, que ficaram na sala -afirmou Duarte.
O diretor da Escola, Elimar Brum, nega que tenha ocorrido discriminação étnica contra os Alunos índios.
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- Ninguém foi expulso da sala de aula dia 27, nem outro dia, por ninguém e muito menos por mim, pois me encontrava em Campo Grande - afirmou o diretor.
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O caso também foi denunciado ontem na Câmara dos Deputados pelo deputado Amauri Teixeira (PT-BA). De acordo com ele, os estudantes foram expulsos da sala de aula pelo diretor, atendendo a pedidos de Professores e Alunos.
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O diretor da Escola, no entanto, nega a discriminação. Brum disse que naquele dia todos os Alunos estudaram na área externa da Escola, onde existe estrutura para atividades como xadrez. Ele também nega que tenha conversado com uma das lideranças da Aldeia Campestre, de onde são os Alunos que teriam sido discriminados, e que teria confirmado que expulsou os jovens da sala.
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-Jamais falei com o Joel Aquino em lugar algum - disse Brum, referindo-se a informações divulgadas pelas entidades ligadas à questão indígena de que um dos líderes da tribo, Joel Aquino, teria afirmado ter ouvido do próprio diretor que ele retirou os guaranis-caiovás da sala. Brum diz que nunca teve problemas com os índios.
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Os índios guaranis-caiovás têm suas terras constantemente ameaçadas por fazendeiros e posseiros da região. Em novembro de 2011, posseiros mataram o indígena Nisio Gomes, líder da tribo, mas até hoje o corpo não foi encontrado. Para protestar contra a violência, índios dessa tribo chegaram a dizer em documento que corriam risco de morte, com entidades de defesa de direitos humanos interpretando que eles poderiam cometer suicídio coletivo, desmentido depois pelos indígenas. Os guaranis-caiovás têm histórico de suicídios cometidos por índios acuados por ameaças às suas terras.
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 Fonte: O Globo (RJ)

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