quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Tráfico próximo a escolas é maior no DF

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A incidência do tráfico de drogas nas redondezas de Escolas do Distrito Federal é a maior do país, conforme levantamento feito com base nos últimos questionários da Prova Brasil e do Censo Escolar, elaborados em 2011 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Essa conclusão foi obtida a partir do trabalho das organizações sem fins lucrativos Meritt e Fundação Lemann, que cruzaram os dados dos dois formulários. Na capital do país, 53,2% das direções dos 88 estabelecimentos de Ensino da rede pública informaram casos de venda e compra de substâncias ilícitas nas proximidades das unidades. O percentual do DF é 18,2% acima da média nacional.
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No mais recente estudo da Secretaria de Segurança Pública local, os números mostram que, entre janeiro e julho de 2012, foram registrados 146 casos de tráfico de drogas e 407 de uso e porte de entorpecentes em um perímetro de 100 metros das Escolas públicas. Nesse período, Ceilândia, Taguatinga, Gama e Planaltina foram as quatro regiões que lideraram os índices de venda dessas substâncias no DF. No quesito uso e porte de entorpecentes, Ceilândia e Gama continuaram no topo no ranking. Os dados mostram a realidade enfrentada por Professores, pais e Alunos, que acabam convivendo com pontos de drogas nas proximidades. Em algumas situações, não é preciso sequer sair das instituições de Ensino para encontrar Alunos usando entorpecentes. Há cinco anos, era comum os Professores recolherem drogas em mochilas de estudantes do Centro Educacional nº 7 de Ceilândia. “Em 2008, apreendemos mais de 20 tabletes de maconhas e duas trouxas de cocaína dentro das salas de aula. Nos últimos dois anos, não flagramos nenhuma droga”, avaliou o diretor do estabelecimento, Firmino Neto.
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Acompanhamento
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A redução das apreensões de drogas na Escola — situada na QNN 13, uma das regiões com maior incidência de criminalidade em Ceilândia — é resultado de um trabalho do corpo Docente do colégio. Desde 2009, o centro educacional elabora relatórios com dados dos 3 mil Alunos matriculados na unidade. A partir disso, os Professores passaram a conhecer não só o desenvolvimento Escolar dos estudantes, como também a vida deles fora do ambiente de Ensino. “Construímos paradigmas. Começamos a mapear o que se passava com os Alunos na rua e em casa para saber quem eles eram realmente. Começamos a acompanhá-los ainda mais de perto e fizemos questionamentos aos pais. Chegamos a assumir responsabilidades fora da Escola que nem deveriam ser nossas”, contou Firmino Neto.
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Segundo a diretora de imprensa do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Rosilene Correa, a tendência dos Alunos que se envolvem com o mundo das drogas é abandonarem os estudos. “Isso contribui para a evasão Escolar, pois as drogas tiram o interesse dos jovens de estudar.” Ela acredita que somente políticas públicas voltadas para a juventude serão capazes de mudar o rumo dos estudantes envolvidos com entorpecentes. Para o coordenador de Educação em Direitos Humanos da Secretaria de Educação do DF, Mauro Gleisson Evangelista, a falta de preparo dos Professores para lidar com o enfrentamento das drogas é preocupante. “Eles não estão preparados e estão cientes dessa carência. Mas eles têm nos demandado essa formação, tanto que estão se inscrevendo em cursos voltados para isso”, disse Mauro.
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Do lado de fora dos muros dos estabelecimentos de Ensino do DF, a responsabilidade da movimentação e utilização de drogas é da Secretaria de Segurança local. O Batalhão Escolar da Polícia Militar afirma que a corporação vem intensificando o trabalho de repressão ao tráfico em todo o DF. “Temos 550 policiais que trabalham em viaturas, motocicletas e com a ajuda de cães farejadores. Quando nos é pedido, fazemos varreduras dentro das Escolas. Além disso, damos palestras sobre drogas. O efetivo é suficiente para o trabalho”, esclarece o subcomandante do batalhão, major Valtênio Antônio de Oliveira.
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Fonte: Correio Brasiliense (DF)
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"Tráfico próximo às escolas é mais comum do que se imagina", diz professor do DF
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Após saber que, no DF, mais da metade dos estabelecimentos (53,2%), a maior proporção do País, registram a ocorrência de venda e compra de drogas nas redondezas, o coordenador intermediário de Direitos Humanos e Diversidade na Regional de Ensino do Recanto das Emas (região administrativa do DF), o Professor Celso Leitão Freitas, diz que o tráfico próximo às Escolas é mais comum do que se imagina.
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— As ocorrências são diárias. Pensamos que é um problema só do Aluno, mas, quando se vai atrás, a família toda está envolvida com drogas e ele traz esse hábito de dentro de casa. Freitas é prova de que o tráfico está associado à violência, tanto entre pessoas, quanto a que chamou de estrutural: a falta de serviços básicos.
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— Aqui presenciamos a falta de moradia, de Educação, a falta de benefícios econômicos como um todo.
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Os programas para combater o uso de drogas são vários, tanto governamentais quanto iniciativas privadas, e é consenso que para mudar a realidade nas proximidades da Escola é preciso modificar a realidade da comunidade, por meio de assistência social e acesso a políticas públicas e a itens básicos como saúde, saneamento, alimentação, além de uma Educação de qualidade. Para combater o tráfico e ajudar os Alunos, ainda enquanto era Professor, Freitas resolveu tomar uma iniciativa ele mesmo: criou o projeto Estudar em Paz, para resgatar o interesse pelos estudos.
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— A comunidade perdeu o encanto pela Escola, precisamos resgatar isso. Ao mesmo tempo, as ruas estão cada vez mais encantadoras , cada vez mais estamos perdendo nossos Alunos para o trafico.
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O estudante Natanael Neves, de 18 anos, fez parte do grupo Estudar em Paz. Dos tempos de Escola, ele conta que não tinha a menor paciência, bastava “não ir com a cara” da pessoa para já começar a bater. E a violência estava lado a lado com o tráfico. Apesar de não ter feito o uso de drogas, ele viu colegas consumirem tanto nas ruas, quando dentro da Escola, em São Sebastião (região administrativa do DF).
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— O local tinha policiamento, mas os guardas ficam com medo. O pessoal sabe e [usar drogas] já é algo quase normal.
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A agressividade foi algo que herdou de casa. Ele diz que queria chamar a atenção dos pais. A vida pessoal acabava chegando às salas de aula:
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— Na Escola você só aperfeiçoa o que aprende em casa.
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 Hoje, Natanael se diz uma nova pessoa, foi aprovado para o curso de gestão pública pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e pretende voltar ao ambiente Escolar depois de formado para mudar a realidade. Ele diz que perdeu as contas dos amigos que deixaram as salas de aula por problemas com tráfico e violência.
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A pesquisa
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 A pesquisa se baseou nas respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), divulgada em agosto do ano passado. A questão sobre o tráfico nas proximidades das Escolas foi respondida por 54,5 mil diretores das Escolas públicas. Deles, 18,9 mil apontaram a existência da atividade. A situação, de acordo com especialistas, é preocupante e está associada diretamente à violência e à precariedade que cercam muitos centros de Ensino do país, além de contribuir para que os Alunos deixem de estudar.
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O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que não dá para isolar Escola no contexto em que está inserida.
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— Ela faz parte de um todo maior, se há violência fora, poderá chegar também aos centros de Ensino. Basta observar que o Distrito Federal [53,2%] e São Paulo [47,1%], [regiões] com altos índices de violência, são [as áreas] com o maior percentual.
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Distrito Federal tem a maior incidência de tráfico de drogas próximo às escolas públicas
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 Pouco mais de um terço (35%) das Escolas públicas brasileiras tem tráfico de drogas nas proximidades. Separados os estados e o Distrito Federal, a proporção sobe. No DF, mais da metade dos estabelecimentos (53,2%), a maior proporção do País, registram a ocorrência de venda e compra de drogas nas redondezas. Nenhum estado está livre. A menor ocorrência é no Piauí, com 15,3% das Escolas. Os dados foram levantados pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann., organização sem fins lucrativos voltada para Educação. A pesquisa se baseou nas respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), divulgada em agosto do ano passado. A questão sobre o tráfico nas proximidades das Escolas foi respondida por 54,5 mil diretores das Escolas públicas. Deles, 18,9 mil apontaram a existência da atividade. A situação, de acordo com especialistas, é preocupante e está associada diretamente à violência e à precariedade que cercam muitos centros de Ensino do país, além de contribuir para que os Alunos deixem de estudar.
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O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que não dá para isolar Escola no contexto em que está inserida.
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— Ela faz parte de um todo maior, se há violência fora, poderá chegar também aos centros de Ensino. Basta observar que o Distrito Federal [53,2%] e São Paulo [47,1%], [regiões] com altos índices de violência, são [as áreas] com o maior percentual.
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Evasão Escolar
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 Outro problema que advém da situação é a evasão Escolar. Para a diretora executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, a evasão deve ser uma das grandes preocupações dos governos.
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— Muitos jovens acabam deixando os estudos pela proximidade com as drogas. Isso gera um problema ainda maior que não pode ser ignorado.
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A porcentagem (de 35%) constatada pelo estudo, segundo ela, seria alta mesmo que fossem 10% ou menos. Para ela, a Escola deve ser um local de cuidado e aprendizado.
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Fonte: R& (on line)

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