quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Drogas estão próximas a 74% das escolas de Belo Horizonte

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O consumo e o tráfico de drogas têm sido alvo de preocupação não só para pais e órgãos ligados à segurança pública como para os mais de 54.500 diretores das escolas públicas brasileiras que apontaram o problema como algo comum em 35% das instituições de educação no país. Em Minas Gerais, o índice chega e 41% e, em Belo Horizonte, é pior ainda: 74%.
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Os dados fazem parte de um questionário socioeconômico da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada em agosto do ano passado e disponibilizados agora na plataforma QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann - organização sem fins lucrativos voltada para educação.
De acordo com o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, a plataforma foi lançada há dois meses para que os dados fossem aproveitados da melhor forma por pais, diretores e governos. "Todo dia assistimos notícias de violência e esse problema no Brasil não pode ser isolado das escolas, que fazem parte de um todo maior", afirma.
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Estudante de uma escola estadual na capital mineira, Izabel Luizi Santos, 16, confirma que o consumo de drogas é frequente nas proximidades do colégio. "No ensino médio é mais comum. Já presenciei pessoas fumando (maconha) na área de lazer do colégio ou matando aula para usar drogas ou beber (álcool). Acho que os alunos poderiam, inclusive, ter as mochilas revistadas", diz.
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A assessoria de imprensa da Polícia Civil disse que o foco do Departamento de Investigação Antidrogas é atingir o fornecedor de drogas que trabalha "no atacado". No entorno das escolas, geralmente, fica o traficante que trabalha com pequenas quantias. Nenhum representante da Polícia Militar retornou o pedido da reportagem para comentar o assunto.
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Cautela. Segundo o coordenador do Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juarez Dayrell, existe uma visão muito negativa da juventude. "É inegável que existe o tráfico, mas não acredito que nas escolas da capital tenha tanta droga assim, uma vez que outros dados sobre a criminalidade não apontam esse aumento significativo", diz.
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A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança, Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte disse que a Guarda Municipal está presente em todas as 186 escolas da rede e que, em pouco tempo, todas as escolas terão câmeras de vigilância. Já a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, que conta com mais de 3.700 escolas, não quis se manifestar sobre o assunto e alegou, através de sua assessoria de imprensa, que, como os dados se referem a um universo exterior às escolas, a questão está fora do alcance e da responsabilidade da pasta.
Esforços
Falhas são apontadas por diretores
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Falhas na segurança pública possibilitam a presença das drogas nas proximidades das escolas. É o que acredita o diretor Alber Fernandes, da Escola Estadual Três Poderes, em Belo Horizonte. "A escola acaba sendo muito vulnerável. Já achei maconha dentro do banheiro da escola e trabalhamos para evitar, inclusive, o primeiro contato. Uma sugestão seria a constante ação policial com as blitze", afirma. Já o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, Emiro Barbini, aponta mudanças na lei, crescimento da população e a facilidade ao acesso como outros fatores para o aumento no consumo de drogas pela juventude. "A escola particular tem uma atenção redobrada dentro e fora dos muros. Algumas chegam a ter um custo maior com equipes a paisana do lado de fora para observar qualquer movimentação", diz. (LM) - Fonte: O Tempo (MG)

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