sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Para cada branco assassinado, três negros têm o mesmo destino

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Em Belo Horizonte, para cada branco assassinado, pelo menos três negros são mortos. O dado, divulgado na quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), corrobora como a população negra está desproporcionalmente mais suscetível à violência.
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Em 2010, foram 653 assassinatos de negros na capital, contra 189 de brancos – em um universo de 1,2 milhão de habitantes negros e 1,1 milhão de brancos. Naquele ano, a cidade apresentou uma taxa de homicídios de 52,5 mortes por grupo de cem mil habitantes negros, índice superior ao do Rio de Janeiro (35,6) e de São Paulo (18,4).
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Para o secretário executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, o problema está diretamente ligado à pobreza, à falta de infraestrutura e de oportunidades de trabalho. “Muitos sofrem com o racismo”, afirma.  O estudo aponta que a violência extrapolou o território das capitais e regiões metropolitanas e migrou para outras partes dos Estados, onde houve aumento de investimentos. “O fenômeno da violência, até meados dos anos 1990, estava concentrado nos grandes centros urbanos. Mas o aumento de investimentos em cidades médias e pequenas fez o crime espalhar”.
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Para o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori, enquanto a segurança for tratada de forma secundária, o “massacre” de negros continuará. “A maior parte dos homicídios acontece nas periferias, onde a população negra é maior”.
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Vítimas da polícia
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Moradores do Aglomerado da Serra, onde um pedreiro foi executado por um policial no início desta semana, reclamam da brutalidade nas incursões feitas ao local. O jardineiro W., de 26 anos, retornava do serviço quando foi abordado por militares. “Fui preso acusado de roubar as ferramentas que uso apara trabalhar. Me senti desrespeitado como cidadão. Tudo o que eu tentava dizer era interrompido com gritos e acabei dentro de um camburão”, afirmou o jovem.
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Arma na cabeça
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Também negro, L., de 18 anos, foi parado por PMs em uma blitz. “Eles nem quiseram conversa. Me mandaram ajoelhar e, com um arma apontada, fui revistado e tive de ficar assim por quase duas horas”, disse. O coronel Alberto Luiz Alves, porta-voz da PM, informou que não se pode relacionar a criminalidade à raça ou condição social. E que as reclamações no aglomerado são resultado do clima tenso no local.
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Fonte: Hoje em Dia (MG)

Reflexões sobre a tortura, torturados e torturadores

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Por Leonardo Boff*
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Com a instauração da Comissão Memória e Verdade, vem à tona, com toda a sua barbárie, a tortura como método sistemático do Estado ditatorial militar de enfrentar seus opositores. Já se estudaram detalhadamente os processos de desumanização do torturado e, também, do torturador. Este precisa reprimir sua própria humanidade. Muitos torturadores acabaram suicidando por não aguentarem tanta perversidade.
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Quero, entretanto, destacar um ponto nem sempre suscitado na discussão e que foi muito bem-analisado por psicanalistas, especialmente na Alemanha pós-nazista e, entre nós, por Hélio Peregrino, já falecido.
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O mais terrível da tortura política é o fato de que ela obriga o torturado a lutar contra si mesmo. A tortura cinde a pessoa ao meio. Coloca a mente contra o corpo.
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A mente quer ser fiel à causa dos companheiros, não quer entregá-los. O corpo, submetido a extrema intimidação e aviltamento, tende a fazer a vontade do torturador. Essa é a cisão.
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Mas há um ponto a ressaltar: o torturado pode ser vítima de mecanismos inconscientes de identificação com o agressor. Ao se identificar com ele, consegue, psicologicamente, exorcizar o pânico e sobreviver.
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O torturado que sucumbiu a essa desesperada contingência de autodefesa incorpora sinistramente a figura do torturador. Este consegue abrir uma brecha na alma do torturado, penetra lá onde moram os segredos mais sagrados e onde a pessoa alimenta seu mistério. Ultrapassa os umbrais da profundidade humana para possuir a vítima e fazê-la um outro, alguém que acaba reconhecendo ser de fato um elemento subversivo, inimigo da pátria e da humanidade.
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Os torturadores Albernaz e Fleury eram peritos nessa perversidade. Fleury disse a Frei Tito, como aparece no terrificante filme de Helvécio Ratton "Batismo de Sangue", baseado no livro de Frei Betto, que deixaria nele marcas que ele jamais esqueceria. Efetivamente, conseguiu cindir-lhe a mente e o corpo e penetrar na sua intimidade, a ponto de ele, no exílio na França, sentir a todo momento a presença de seu algoz. Deixou um bilhete: "Prefiro tirar minha vida a morrer".
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Esse tipo de tortura faz da desumanização o eixo de uma prática. Trata-se da completa subversão do humano e de suas referências sagradas. É seguramente um dos maiores crimes de lesa-humanidade que pode existir.
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Tais perversidades não podem obter nenhuma anistia. Por onde andarem os torturadores, a vida os acusará, porque violaram a sua suprema sacralidade.
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E há ainda a tortura dos desaparecidos, crucificando seus entes queridos. A guerrilha do Araguaia até hoje não foi reconhecida totalmente pelos militares. Lá se cometerem todos os excessos contra os guerrilheiros.
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Sumiram com seus cadáveres. Fizeram desaparecerem suas vidas e pretendem apagar suas mortes.
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Os torturadores e seus mandantes estão aí, agora, ameaçados pelo esculacho do movimento Levante Popular da Juventude, que não os deixa descansar a consciência.
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Poderá haver a anistia pactuada dos homens. Mas não haverá anistia perante a consciência e perante Aquele que se apresentou sob a figura de um preso, torturado e executado na cruz. Jesus, feito juiz supremo, julgará aqueles que violaram a humanidade mínima. Chegará o dia em que todos os desaparecidos aparecerão. Eles virão, como diz o Apocalipse, da grande tribulação da história. Então, será definitivamente verdadeiro: "Nunca mais uma ditadura. Nunca mais desaparecidos. Nunca mais a tortura".
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* É professor, teólogo e escritor
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Fonte: Jornal O Tempo (MG)

Ensino médio terá sexta aula, voltada para o mercado

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Por Joana Suarez
A partir de 2013, 133 escolas estaduais mineiras vão ter uma nova grade curricular no ensino médio. Alunos do 1º, 2º e 3º anos terão uma aula a mais por dia, em um sexto horário, voltada para o mercado de trabalho. Estudantes, professores e especialistas se dividem quanto às implicações da mudança, que foi testada em 11 escolas estaduais da região Norte de Belo Horizonte.
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O projeto Reinventando o Ensino Médio, criado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), inclui disciplinas de turismo, comunicação aplicada e tecnologia da informação - o aluno pode escolher uma das áreas. Neste ano, o projeto piloto foi implementado apenas para os alunos do 1º ano. Em 2013, ele será ampliado para outros 122 colégios, se estendendo ao 2º ano. Até 2014, a expectativa é que os estudantes do 3º ano também tenham as novas disciplinas e que as mudanças atinjam todas as 3.700 escolas da rede estadual mineira.
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A socióloga da Universidade Federal de Minas (UFMG) Maria das Mercês Mesquita acredita que a proposta tira a liberdade da escola e não resolve problemas mais urgentes do ensino. "Cada escola deve definir seus projetos, adequando-se à realidade de suas comunidades. Será que sugerir mais conteúdos resolve o problema do ensino médio? Será que o que as escolas do Vale do Mucuri precisam é de aula de turismo?". Já a vice-diretora do Centro Pedagógico da UFMG, Selma Moura, acredita que toda mudança no ensino tem que ser experimentada. "Pensar no mercado de trabalho é uma saída para atrair os jovens, que acabam ficando mais tempo em lan houses que na escola".
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A estudante Miriam Ferreira Vital Ramos, 16, reclama de que é justamente neste período - entre o 1º e 3º ano - que os alunos se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Eu preferia me dedicar às matérias que vão cair no Enem. O sexto horário poderia ser uma aula de reforço, em vez de curso de comunicação", defende a aluna, da Escola Estadual Paschoal Comanducci, que faz parte do projeto piloto. Já Maurício Thadeu Figueiredo, 16, que está tendo aulas de turismo, vê a mudança como uma oportunidade. "É bom aprender sobre como receber as pessoas. Estamos aprendendo uma profissão, quem sabe, para o futuro".
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O objetivo do projeto, segundo o Estado, é tornar o ensino mais atrativo para reduzir a evasão escolar. Na Escola Estadual Paschoal Dominicci, no bairro Jaqueline, na região Norte, segundo o diretor Hermelindo Santana, nenhum aluno do 1º desistiu do colégio neste ano. Em 2011, 28 estudantes abandonaram o ano letivo. "Com o projeto, notamos também um aumento da demanda por vagas. O projeto se tornou um atrativo porque pensa no mercado sem tirar o foco do Enem". (Com Fernanda Viegas)
Professores das escolas vão ministrar disciplinas
A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que os responsáveis por ministrar as novas aulas serão os próprios professores das escolas. O docente de história, por exemplo, dará aula de turismo; o de física vai ministrar o curso de tecnologia da informação. Para isso, eles vão receber treinamento da SEE em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O problema é que os profissionais que já foram capacitados reclamam da superficialidade do curso, e os especialistas afirmam que o objetivo do projeto só será alcançado se as aulas forem de qualidade.
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Segundo a professora de biologia Márcia Lima, 33, que está dando aula de turismo, a preparação para o projeto foi de apenas uma semana. "Não recebemos uma formação específica. O conteúdo para trabalhar, a gente é que construiu e vai adaptando junto com os alunos". Para a pedagoga e mestre em educação Rosângela Teles, o projeto só é válido se for ministrado por profissionais capacitados. "Toda área de conhecimento tem seu especialista, nem todo professor de história sabe de turismo. Para fazer algo malfeito, é melhor não fazer".
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Coordenadora do projeto na escola Paschoal Comaducci, Cristina Peixoto admite que a capacitação foi uma dificuldade. "Seria melhor serem profissionais com experiência nas áreas específicas. Talvez formandos", disse. A coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que os projetos implantados não são discutidos com a categoria. "Eles só servem para fazer propaganda para o governo, nunca vão para frente", afirmou. (JS/FV) - Fonte: Jornal O Tempo (BH).

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MEC altera cálculo de nota de curso superior

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por FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO.
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O Ministério da Educação decidiu alterar o cálculo da nota dos cursos de ensino superior. O quesito professor com doutorado perdeu peso, enquanto aumentou o valor para o docente com mestrado e com dedicação integral.
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Chamada de CPC (Conceito Preliminar de Cursos), a nota é usada para fiscalizar os cursos superiores. Os que ficam com nota 1 ou 2 (numa escala até 5) são inspecionados e podem até fechar.
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A diminuição do peso para doutores era um pedido das instituições privadas, que afirmam ser difícil contratar professores tão qualificados em algumas áreas do conhecimento ou regiões do país. Profissionais com doutorado tendem também a ganhar mais e serem mais qualificados por fazerem pesquisas.
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Para educadores, houve afrouxamento nas exigências de qualidade. O MEC diz que o momento é o de induzir melhorias em outros aspectos.
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Com a nova fórmula, a proporção de professores com doutorado cairá de 20% para 15% da nota. Os cinco pontos serão distribuídos entre os quesitos docentes mestres e com dedicação integral.
Também haverá aumento no peso para a existência de projeto pedagógico e a qualidade da infraestrutura.
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INGRESSANTES
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Essa elevação virá do quesito nota dos ingressantes no Enade (exame de universitários), que deixará de ser contabilizada, pois os calouros não fazem mais a prova. "Já estamos em um bom patamar em alguns pontos e precisamos induzir a melhoria de outros", disse o presidente do Inep (responsável pela avaliação), Luiz Cláudio Costa, sobre a redução do peso para doutores no CPC. "A redução não foi tão alta."
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Nos últimos cinco anos, a proporção de doutores nas instituições subiu de 22% para 29%. Já a dedicação integral subiu de 36% para 47%.
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"Uma alteração dessa faz com que as instituições segurem a contratação de doutores, o que traz prejuízos à qualidade", afirmou o pesquisador da área de educação José Rothen, da Ufscar.
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Diretor do Semesp (sindicato das universidades privadas), Rodrigo Capelato diz que a alteração corrige "em parte" distorções. "O peso para doutor era grande. Melhorou, mas segue alto."
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Fonte: Folha de São Paulo on line

Brasil aparece em penúltimo em ranking de educação

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Estudo leva em conta testes internacionais e coloca à frente do Brasil nações como Colômbia, Tailândia e México

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Sala de aula de escola estadual do Rio de Janeiro
Brasil faz feio em novo ranking de educação (Eduardo Martino/Documentography)
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A educação brasileira fez feio em outro ranking internacional. Divulgado nesta terça-feira, o índice de qualidade elaborado pela empresa Pearson, de materiais e serviços educacionais, coloca o Brasil na penúltima posição da lista, atrás de nações como Colômbia, Tailândia e México. Apenas os estudantes da Indonésia figuram atrás dos brasileiros. Foram avaliados 39 países mais a região de Hong Kong.
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O indicador, batizado Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais, foi feito com base em três testes internacionais de educação: o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), o documento Tendências em Estudo Internacional de Matemática e Ciência (TIMSS) e o Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização (PIRLS). Essas avaliações compreendem o aprendizado de matemática, leitura e ciências durante o ciclo fundamental (1º a 9º ano).
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No topo do ranking, figuram Finlândia, na primeira posição, e Coreia do Sul, na segunda. "Ao comparar os sistemas educacionais dos dois países pode ser difícil imaginar resultados semelhantes obtidos a partir de sistemas tão diferentes: o último é frequentemente caracterizado como rígido e de intensa carga de provas e avaliações. Já o sistema finlandês é considerado muito mais tranquilo e flexível. Um exame mais detalhado, porém, mostra que ambos se desenvolvem por meio de professores altamente qualificados, cujos resultados são mensurados", diz o estudo.
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Além do Índide Global, a Pearson lançou nesta terça-feira o portal The Learning Curve (ou "A curva do aprendizado"), site que traz informações dos sistemas educacionais de 50 países. Índices, vídeos, indicadores, cases, artigos, mapas, dados socioeconômicos, infográficos podem ser acessados na nova plataforma.
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Confira o ranking:1. Finlândia
2. Coreia do Sul
3. Hong Kong
4. Japão
5. Cingapura
6. Grã-Bretanha
7. Holanda
8. Nova Zelândia
9. Suíça
10. Canadá
11. Irlanda
12. Dinamarca
13. Austrália
14. Polônia
15. Alemanha
16. Bélgica
17. Estados Unidos
18. Hungria
19. Eslováquia
20. Rússia
21. Suécia
22. República Tcheca
23. Áustria
24. Itália
25. França
26. Noruega
27. Portugal
28. Espanha
29. Israel
30. Bulgária
31. Grécia
32. Romênia
33. Chile
34. Turquia
35. Argentina
36. Colômbia
37. Tailândia
38. México
39. Brasil
40. Indonésia
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Escolas estaduais de MG recebem placas com notas recebidas no Ideb

As escolas estaduais de Minas Gerais começaram a receber placas com as notas recebidas no último Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A placa chamou atenção. Ela traz o índice que é apurado a cada dois anos, em todo o ensino fundamental das escolas públicas do país. Nas provas do ano passado, Valter diz que não se saiu bem. “Achei muito difícil”, diz.
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A avaliação considera conhecimentos de matemática e português, além de dados sobre aprovação escolar. Em uma escola em Belo Horizonte, o índice do nono ano do ensino fundamental foi de 3,9, menos que a média de Minas, que é de 4,4.
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“Os nossos resultados não são os piores, mas podem ser melhorados muito. Muito mesmo”, avalia a diretora da escola, Maria Carmem Barbosa. Nas escolas onde forem instaladas, as placas vão ficar em local de muito movimento, bem à vista dos alunos, dos pais de alunos e dos professores para que possam se lembrar, a todo momento, da nota que tiraram no Ideb.
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“Você precisa dar aos pais os instrumentos para que eles saibam qual é a real qualidade da escola do filho, para que então eles possam se engajar e participar, e a escola brasileira precisa desesperadamente da participação e do auxílio dos pais”, opina o especialista em educação Gustavo Ioschpe.
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Mas a iniciativa gerou polêmica. O professor da UFMG, pós-doutor em educação, considera que o índice médio é pouco para informar sobre a qualidade do ensino. “A comunidade saber é essencial, agora a forma de comunicar a comunidade precisa mudar. Ela precisa mudar dando uma visão de quantos estão no nível insuficiente, quantos estão no nível básico, quantos estão no nível avançado, e fazer de uma forma que seja informativa”, diz José Francisco Soares, do Conselho Consultivo do Inep.
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A dona de casa Vitória Vieira acha que o índice já é um avanço. “Aí vai poder haver cobrança das duas partes: dos filhos da gente e dos professores”. Mas ela espera que o Ideb ajude a reduzir diferenças. Em Belo Horizonte, uma escola pública tradicional ficou acima da média. Outra, em uma comunidade, onde Gabriela Ferreira estuda, ficou abaixo. “Pelo menos a gente tentou, conseguiu. Vai melhorar, tomara.”
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Fonte: Jornal Nacional

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Escola pública mantém nota baixa no Enem

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O Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem as notas por Escola da edição de 2011 do Exame Nacional do Ensino médio (Enem). Entre os cem melhores colégios com o melhor desempenho na prova aparecem apenas dez Escolas públicas, a maioria unidades de aplicação vinculadas a universidades federais, instituições militares e de Ensino técnico. Embora o Enem não sirva como uma avaliação de qualidade educacional, mas principalmente como uma espécie de vestibular de acesso ao Ensino superior, o resultado da edição do ano passado mostra que as Escolas particulares absorveram melhor a proposta pedagógica do exame, composta por testes de ciências da natureza e tecnologias, ciências humanas, linguagens e códigos e matemática, além da redação. Na edição de 2010, 13 Escolas públicas estavam na lista das cem melhores do Enem.
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O MEC anunciou somente as notas de 10.076 unidades, que representam 40,6% das Escolas de Ensino médio do país. Pouco mais de 1.185 Escolas que tiveram menos de dez Alunos no exame e outras 13.581 com taxa de participação de estudantes concluintes menor de 50% do total da turma foram excluídas da divulgação. Do total geral de médias apresentadas ontem, 199 são federais, 4.968 estaduais, 111 municipais e 4.798 particulares. Na avaliação de Tufi Machado Soares, Professor e coordenador de pesquisa do Centro de Políticas Pública e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desde que o MEC propôs reformular o conteúdo do Ensino médio em 2009, usando o Enem como base, as Escolas particulares foram as primeiras a se adaptar. "A exemplo da estrutura do Estado, as Escolas públicas são muito engessadas, têm mais dificuldade para mexer no conteúdo, dar mais dinamismo ao que é ensinado", disse Soares durante encontro em São Paulo para discutir o Enem, promovido pelo movimento educacional Todos Pela Educação.
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ponderou que o resultado não pode ser considerado como ranking das melhores Escolas de Ensino médio do país. "O Enem não é um ranking de avaliação entre Escolas, é uma avaliação dos Alunos, dos estudantes. É insuficiente como avaliação do estabelecimento Escolar porque há Escolas com naturezas muito distintas", disse.
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José Francisco Soares, Professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), defende o uso de dados socioeconômico para melhor avaliar as Escolas no Enem. "O que está fora da Escola impacta o que está dentro da Escola. O nível socioeconômico é essencial para se perceber isso. Quando não mostramos essa correlação, a informação que se divulga é de má qualidade."
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O Colégio Objetivo Integrado, Escola privada de São Paulo, ficou com a melhor média geral do Enem do ano passado: 737,15, considerando as quatro disciplinas e a redação. O Colégio Elite Vale do Aço, de Ipatinga, interior de Minas Gerais, e o Colégio Bernoulli-Unidade Lourdes, de Belo Horizonte, ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com média 718.
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A Escola pública mais bem classificada no Enem 2011 foi o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com média 704. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a segunda pública melhor colocada, na 29ª posição, com média 676, seguido pelo Instituto Federal do Espírito Santo, de Vitória, no 40º lugar e média 672.
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As outras sete Escolas que figuram entre as cem melhores notas do Enem 2011 são: Colégio Militar de Belo Horizonte (52º), Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (60º), Colégio Militar de Porto Alegre (73º), Etec São Paulo (74º), Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (85º), Colégio Pedro II - Unidade Niterói (90º) e Instituto Técnico da Universidade Federal de Tecnologia do Paraná (91º).
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Fonte: Valor Econômico (SP)

Escola pública e o Enem














































 
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Repete-se e amplia-se, na última edição do Exame Nacional do Ensino médio, a conclusão de que a realidade das Escolas públicas é desalentadora. O desempenho dos colégios mantidos pelos Estados piorou no ano passado em relação a 2010. Dos 50 melhores educandários do país, apenas três são públicos, e todos são federais – na edição anterior, eram seis. É uma disparidade grande demais, que não se explica apenas pelo conjunto de distorções do programa encarregado de avaliar a performance de estudantes e Escolas do Ensino médio. Entre as deficiências apontadas, denuncia-se com frequência que o Enem faz o confronto da Escola pública com instituições privadas que selecionam seus Alunos.
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O exame seria assim um duelo desigual de estudantes de colégios muitas vezes precários – e em condições socioeconômicas inferiores – com Alunos de Escolas de elite. Há dados que comprovam algumas falhas, como o fato de que, entre as 10 melhores Escolas, em sete eram menos de cem os Alunos que estavam concluindo o Ensino médio e fizeram o teste. Essa seletividade não é suficiente, no entanto, para alterar o conjunto dos resultados e sustentar pretextos desqualificadores do exame. O Enem deve ser mantido e aperfeiçoado, com a correção de eventuais falhas. Seria um desserviço continuar a atacá-lo, como tática diversionista, para esconder as limitações da Educação pública.
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Os números divulgados pelo MEC são incontestáveis: 92% das Escolas estaduais tiveram nota abaixo da média geral do país, que já é insatisfatória. E esse não é um problema localizado nas regiões mais pobres. Nenhum Estado conseguiu registrar mais de 20% das Escolas com notas acima da média nacional. A precariedade revelada pela amostragem exige, há muito tempo, reações do setor público. Mas a capacidade de articulação dos governos federal e estaduais tem se mostrado insuficiente para que aconteça uma virada na Educação brasileira. Como apenas 12% dos estudantes estão na rede privada, isso significa que 88% do contingente do Ensino médio continua à espera de investimentos em estrutura, em equipamentos e em pessoal.
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Os avanços proporcionados pelo próprio Enem, que buscam a melhoria das práticas pedagógicas e procuram ampliar o acesso de egressos da rede pública ao Ensino Superior, não são suficientes para compensar os erros das políticas públicas e as omissões de comunidades e pais alheios ao que se passa nas Escolas. O descaso do Brasil com a formação básica assumiu, como têm alertado os especialistas, a conotação de desprezo com parcela da população que mais depende do suporte dos governos. Alunos de Escolas mantidas pelos Estados são, em sua maioria, de famílias de baixa renda. Privá-los de um bom Ensino é também uma forma de ampliar suas privações e negar-lhes a chance de crescer econômica e socialmente através da Educação.
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O descaso do Brasil com a formação básica assumiu a conotação de desprezo com parcela da população que mais depende do suporte dos governos.
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Fonte: Diário de Cuiabá (MT)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Semana da Consciência Negra

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Diário de Classe: escolas reclamam que alunos só relatam lado ruim

Voltado para relatar o dia a dia da Escola, o Diário de Classe criado pela estudante Isadora Faber, 13 anos, de Florianópolis (SC), inspirou diversas outras páginas no Facebook, nas quais os Alunos apontam principalmente as deficiências das instituições onde estudam. Uma breve busca na rede social permite encontrar mais de cem páginas semelhantes. A rede estabelecida entre esses estudantes é organizada de uma forma que há até grupos para compartilhar dicas e debater o que deve ser publicado e de que forma fazê-lo. Algumas Escolas, porém, afirmam que muitas atitudes por parte da direção não são tomadas apenas pelo que foi relatado na página, e que os Alunos não têm se preocupado em mostrar as atividades positivas nas redes sociais.
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O grupo fechado "Dicas diário de classe", administrado pela própria Isadora, conta com cerca de 80 membros, Alunos e criadores de páginas semelhantes. O estudante do 9º ano Guilherme Patrício Araújo, 14 anos, um dos responsáveis pelo diário da Escola Estadual (EE) de São Paulo, explica que os integrantes recorrem ao grupo para debater cuidados que devem ser tomados com as publicações. Entre as precauções, ele cita a não divulgação de nomes, para evitar a exposição de terceiros (recentemente, a casa de Isadora foi apedrejada, e a família desconfia de pessoas citadas na página da garota). Os estudantes também orientam uns aos outros a relerem o texto antes da postagem, a publicar também boas iniciativas da Escola e a abordar assuntos que sejam interessantes para os Alunos. Outro lugar para discussões é a página "Encontros de Diários", acompanhada por mais de 200 usuários da rede social.
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A motivação para a criação de vários diários de classe veio, em grande parte, da aparição de Isadora em reportagens de televisão. Emerson da Silva Mendes, 17 anos, Aluno do 2º ano do Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, em Itamaraju (BA), diz que percebeu problemas em comum entre a Escola onde a catarinense estuda e a sua. "A intenção é buscar soluções e melhorias do mesmo jeito que ela conseguiu", comenta. Em Guarulhos (SP), a estudante Giovanna Magalhães Gomes, 13 anos, também reproduziu a iniciativa para apontar deficiências na Escola Estadual Emília Anna Antônio, onde cursa o 8º ano. Com o aval e a assistência dos pais, a menina já conquistou melhorias importantes para a instituição, como a substituição dos armários quebrados. "Quando chegaram os armários, alguns Alunos vieram me abraçar e comemorar", lembra Giovanna.
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Apesar de ainda detectar algumas pendências, Emerson estima que mais da metade dos problemas indicados no seu diário de classe já foram solucionados. Defeitos em banheiros, ventiladores, fechaduras, portas, além de vidros quebrados ou trincados, eram as principais reclamações sobre o Colégio Modelo. Alunos de outras Escolas chegaram a solicitar que a página tratasse também dessas instituições, mas, sem autorização para ingressar nas dependências de cada colégio, ele acabou restringindo a ação apenas ao lugar onde estuda. "Tem Escolas bem piores que a minha", lamenta.
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Os pais de Emerson apoiaram a atitude do filho. No colégio, a vice-diretora, Eliana Sausmickt, assegura que o Aluno não foi reprimido em nenhum momento. "Ele está exercendo o papel de cidadão", diz. "A utilização desse tipo de mídia é irremediável. A gente vai ter que lidar com essa nova realidade", completa. A Educadora, porém, se mostra insatisfeita com o fato de só encontrar pontos negativos salientados na página e por parecer que todos os problemas são resolvidos em decorrência das postagens. "A merenda, por exemplo, já era servida antes, mas estava parada por conta da burocracia, do credenciamento", justifica.
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Direção questiona veracidade das reivindicações
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A direção da EE de São Paulo, na capital paulista, avalia como produtivo o diário feito por Guilherme, em conjunto com o colega Victor Nascimento, mas entende que algumas informações publicadas na página são inverídicas, fantasiosas e manipuladoras. A falta de reconhecimento pelas boas atividades promovidas durante o ano letivo também é uma reclamação da direção, que garante que desconhece reparos que tenham demorado muito tempo para serem feitos. Independentemente de reivindicações, as manutenções são feitas constantemente, de acordo com a direção. Guilherme defende que diversas melhorias foram realizadas após a criação da página, como o preenchimento de um buraco no pátio e o conserto de vidros e canos quebrados. As reclamações atuais são relacionadas a infiltrações nos corredores e nas salas, e ao horário da merenda. "Às 9h30, eles servem comida. Queremos que mude, que em pelo menos três dias por semana seja lanche", protesta o estudante. Segundo o garoto, o diário da EE de São Paulo recebe também dicas de Professores sobre como melhorar a página.
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Com a ajuda dos pais: Giovanna, aluna da Escola Emília Anna Antônio, conta com o apoio redobrado dos pais para manter o diário de classe. A assessoria vale para a decisão sobre o que postar, cuidando para não expor Alunos ou funcionários, e para publicar apenas problemas relacionados à estrutura da instituição. Mas o suporte também é intenso em relação às críticas recebidas. "Meu esposo foi conversar com a coordenação, porque a Giovanna estava começando a ficar coagida dentro da Escola. Alguns Alunos se revoltaram contra o diário", explica a mãe, a microempresária Raquel Gomes.
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Na hora de captar os registros, a estudante conta que procura não ser vista. "Tiro as fotos escondida, porque tenho medo", confessa. Sobre os problemas retratados no diário de classe criado por Giovanna, a estudante diz que já foram substituídas as tampas de vaso sanitário, mesas e cadeiras que estavam quebradas, bem como os armários antigos. A quadra, no entanto, ainda precisa de reformas, segundo a menina, uma vez que o muro está quase caindo. "A gente ficou bem orgulhoso. Com 13 anos e tão preocupada com os direitos dela, com a Escola", destaca a mãe.
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Fonte: Terra on line

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Mídia, violência e medo: o espetáculo perfeito

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Lúcio Alves de Barros*
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Alunos e alunas, amigos e amigas e até jornalistas se meteram a me perguntar sobre a “onda” de criminalidade que assola São Paulo. De imediato pensei em falar alguma coisa, mostrar o que ando lendo ou tecer teorias e teorias próprias do meu ofício. A infeliz ideia lembrou-me os meios de comunicação: eles inventam ali, corroboram dados aqui e chutam qualquer coisa para alimentar outra coisa que pode ser ainda pior. Desta vez optei por outro caminho. Disse que estava acompanhando de longe os fatos e pouco sabia a não ser o que todos já sabem.
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O fato é que perdi a credibilidade tanto de alunos e alunas como de amigos e amigas. Jornalistas me telefonaram, porque os grandões da temática falam o mesmo de sempre, mas não fiz nada diferente, somente respondi o óbvio. Tudo para o funcionamento deste mundo fantástico, mágico e de representações da mídia. E para não dizer que não falei o que já havia falado, as palavras são claras e de próprio punho.
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Em primeiro, são óbvias as afirmações de que algo está errado no sistema penitenciário brasileiro. Até o ministro da justiça afirmou que prefere a morte do que se sujeitar ao sistema. Logo, não é preciso mestrado, doutorado ou um ministério para saber que os celulares entram de tudo quanto é forma nas penitenciárias do Brasil. Sabemos que é difícil este empreendimento, os visitantes usam o corpo, a alimentação, as roupas e tudo mais para que os celulares continuem a entrar nos estabelecimentos. De duas uma: ou (1) alguém não está fazendo o devido trabalho de revista e averiguação ou (2) existe a conivência de profissionais da instituição. A questão é simples: se o celular não entrar na cela, não é preciso gastar com bloqueadores. A matemática é para infante: 01 + 01 = 02. Nas penitenciárias, aparentemente, ela pode ser 03, 04, 05, 06 ou mais.
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Em segundo, é muito curioso o dispêndio de energia e recursos de uma facção denominada PCC (Primeiro Comando da Capital) que agora pode estar operando em três ou quatro estados. Para início de conversa não acredito muito na balela da mídia de que são “organizados” a ponto de criar uma desordem tão grande que pode atingir toda a federação. Seria necessário muito bandido para isso e bandido dos bons. Até os criminosos sabem “quem faz” e “quem não faz” parte do enredo. Também seriam necessárias uma logística e uma administração invejável para controlar ações em um estado que, sabemos, é o mais rico da federação. O crime “organizado”, na realidade, torna-se “organizado” quando o Estado permite que ele faça parte dele e, por consequência, utilize determinados mecanismos oferecidos pelo próprio Estado. Este é o caso do Jogo do Bicho e que não necessita ser bacharel ou ministro para entender.
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Por último, não é possível a compra da mercadoria oferecida pela mídia sem o mínimo de crítica e compreensão. Os recursos hoje disponíveis para a segurança pública são de grande monta. Policiais Militares e Civis ganham razoavelmente bem. Muitas polícias estão equipadas, não fazem feio frente às polícias de outros países e existe a tentativa de pelo menos de se aproximar da população. Paradoxalmente, convivemos com a violência policial, práticas de tortura, corrupção e tudo mais. Os ataques atribuídos ao PCC, neste contexto, é um pedaço insignificante de um iceberg no caminho de um Titanic chamado mídia que não bate de frente com a realidade da segurança pública. A mídia não é investigativa e oferece ao público míope e ignorante as versões reproduzidas pela própria polícia, e pelo próprio Estado. Os meios de comunicação, neste sentido, não deixam de produzir mal-estar, medo e insegurança. E o medo, tal como o tiro no pé, é paralisante. Faz doer o corpo e engana o cérebro por exigir dele atenção e cuidado.
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Os meios de comunicação estão na verdade é perdendo uma ótima oportunidade para mostrar os fatos, notadamente, as condições objetivas do problema, coisa que o governo paulista não trata de mostrar. Seria, inclusive, um bom momento para recuperar a credibilidade que há tempos vem deixando a desejar. Não há dúvida quanto à importância dos meios de comunicação para a democracia, mas eles são perversos ao atirar pedras em instituições, pessoas e vítimas de acontecimentos que são históricos, que tem raízes profundas na cultura brasileira e por anos vem necessitando de politicas públicas contundentes. Que a verdade dos acontecimentos de São Paulo venha à luz e que a população possa saber a envergadura do problema que perpassa algumas regiões da cidade e do Estado. Se o imbróglio for tão grande, como quer os meios de comunicação, especialmente a TV, que possamos ajudar sem prejuízos ao erário público, sem insegurança, sensacionalismo barato e medo do amanhã.
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* Professor da Faculdade de Educação (FAE) /BH/ UEMG

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

"As escolas não estão preparadas para lidar com assuntos de exploração sexual", afirma professora

A garota de 11 anos morava com os pais e três irmãos em uma comunidade litorânea em Natal, Rio Grande do Norte, e viviam com cerca de um salário mínimo, proveniente de programas de transferência de renda. Apesar do pai alcoolista praticar violência física e psicológica contra a família, a menina era boa aluna, tinha o histórico de pontualidade, assiduidade e cumprimento das normas escolares. Mas seu comportamento mudou de repente. Com sucessivos sumiços de casa, faltas na escola e frequentes brigas pelo bairro e na sala de aula, a mãe suspeita que a filha estivesse induzida ao uso de drogas e sofrendo exploração sexual por pessoas da comunidade, traficantes e estrangeiros.
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“Eu sei que uma criança sofreu algum tipo de violência porque é notável o rendimento escolar dela cair automaticamente, sem exceção”, afirma convicta a professora Juliana Delmonte, que dá aula de quinta série a terceiro ano do ensino médio numa escola estadual no Butantã, em São Paulo. “Essas meninas faltam muito. Ou a escola perde o sentido e elas a abandonam, ou a escola acaba fazendo muito sentido porque é o único ambiente onde elas não são violentadas”.
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A professora é conhecida por coordenar o Grupo de Estudos Feministas Gilka Machado, nascido em 2011 numa escola em Interlagos e vencedor do prêmio nacional Construindo a Igualdade de Gênero, do mesmo ano. Divididas em dois grupos de 20 meninas cada, as garotas, vivendo num lugar onde a violência doméstica ou sexual é comum, discutem preconceito contra a mulher no cotidiano, a mulher na mídia e na política, machismo, violência e outros temas similares. Segundo ela, o quadro é recorrente em classes mais pobres e não há nenhum material que aborde o assunto. “De forma alguma a escola está preparada. Os professores, geralmente quando não se omitem, corresponsabilizam e culpabilizam a vítima. A única ação que podemos fazer quando descobrimos algum caso de violência sexual é denunciar e encaminhar para o Conselho Tutelar, não depende só da instituição de ensino”, explica Delmonte.
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Números crescentes
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O aumento do número de denúncias é significativo. De janeiro a abril de 2012, o Disque 100 recebeu 34.142 denúncias referentes à violação de direitos humanos contra crianças e adolescentes, representando 71% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde março de 2011, o atendimento do Disque 100 foi ampliado, passando a funcionar todos os dias, 24 horas.
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Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), de janeiro a setembro de 2012 foram registrados no país 6.637 casos de exploração sexual no Disque 100. Bahia lidera o número de denúncias recebidas, com 643 ligações (11,4% do total). Em seguida, aparecem Rio de Janeiro com 540 denúncias (9,6%), e São Paulo, com 538 (9,5%). Roraima é o Estado com menos denúncias, apenas nove durante o ano. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, em 2009 no Brasil, 100 mil meninos e meninas são vítimas de exploração sexual.
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O caso da adolescente de Natal foi encaminhado e cuidado pelo Centro de Defesa da Criança e Adolescente – CEDECA Casa Renascer, uma organização sem fins lucrativos que atua desde 1991 em Natal, em defesa dos direitos de crianças e de adolescentes em situação de risco pessoal e social, principalmente aquelas violentadas sexualmente. Hoje, a jovem com 16 anos tem um filho, estuda, ajuda a mãe na produção de artesanatos e vive com a família na mesma comunidade de origem.
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Porém, de acordo com o relatório do CEDECA, não há comprovação quanto à ressignificação da violência vivenciada por ela, considerando que o consumo de drogas e a exploração sexual só foram encerrados em razão da morte do agressor que aliciava a menina, e não em um processo de garantia do direito dessa adolescente. “Entende-se, portanto, que a violência a que esta adolescente foi exposta reflete a realidade de outras crianças e adolescentes na comunidade necessitando, assim, de ações efetivas por parte do sistema de garantia de direitos considerando a vulnerabilidade instalada”, conclui o documento.
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Iniciativas de combate
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O governo federal enfrenta essa questão por meio do Programa de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que integra o Programa Avança Brasil. São realizados mais de 30 mil atendimentos anuais por meio das ações desenvolvidas no Programa Sentinela, com a criação de 25 Centros de Referência em 24 municípios no país. Outra iniciativa federal é o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil, lançado em 2000 e articulado junto à sociedade civil organizada. O trabalho é responsável por estruturar políticas e serviços que garantam os direitos da criança e do adolescente, e possui eixos estratégicos que estabelecem metas, parcerias e prazos a serem cumpridos para reduzir os casos de abuso e exploração sexual e garantir o atendimento de qualidade para as vítimas e a suas famílias.
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Criado pelo Conselho Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria), com a contribuição de diversas instituições e profissionais que atuam nesse campo, o Projeto ViraVida atua desde 2008 oferecendo formação profissional e emprego a adolescentes e jovens, vítimas de exploração sexual, abrindo caminhos para uma mudar o enredo de suas vidas. O Programa foi iniciado em quatro capitais e hoje atende 1.238 alunos em 19 cidades. Desde a implantação em 2008 até outubro de 2012, 2.552 adolescentes e jovens haviam sido matriculados no ViraVida. A longo prazo, a perspectiva do SESI é levar o programa a todos os municípios atingidos por redes de exploração sexual.
Em âmbito estadual e presente em 30 municípios de São Paulo, o Projeto Ação Proteção busca articular, sensibilizar e capacitar os participantes do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) para enfrentar a violência sexual. O Projeto é uma iniciativa da Fundação Telefônica em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo e da ONG Childhood Brasil.
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Fonte: Portal Aprendiz e Todos pela Educação

Maior policiamento nas escolas aumenta rendimento dos alunos

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Iniciativa que gerou polêmica ao ser lançada em maio deste ano, a presença de policiais militares armados dentro das escolas estaduais estaria tendo efeitos positivos no rendimento e na assiduidade dos alunos, segundo a Secretaria de Educação. Um levantamento feito pelo órgão mostra que 57% das unidades que foram contempladas com o patrulhamento apresentaram melhoria, entre o primeiro e o terceiro bimestres, nas notas de português em testes de avaliação da rede. Em matemática, porém, a situação permaneceu praticamente estável: 93% dos colégios apenas mantiveram a nota no período. O índice de presença de estudantes nos exames — que não são obrigatórios, mas servem para avaliar a qualidade do ensino — cresceu de 70,2% para 74,9%.
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O levantamento analisou 61 escolas que aderiram ao Programa Estadual de Integração da Segurança (Proeis) desde seu início. O projeto atualmente está em 140 unidades. Os PMs trabalham fardados, mas recebem uma gratificação para atuar na folga. Em português, além dos 57% de colégios que tiveram melhoria, 38% ficaram estáveis e 5% pioraram o desempenho. Em matemática, além dos 93% estáveis, 3% evoluíram e 4% diminuíram.Com seis meses de projeto, há registros até de prisão e de apreensão de drogas. No Colégio Amaro Cavalcanti, no Catete, um jovem foi detido com drogas na mochila após uma solicitação da direção, que recebeu uma denúncia por e-mail.
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 Professora da Faculdade de Educação da UFF e autora de uma pesquisa sobre violência nas escolas, Marília Arreguy acredita que ainda não é possível fazer uma relação entre o rendimento e a presença dos PMs, que ela não considera positiva: "— Quando há um policial na escola, parece que a lei da palavra do professor não está funcionando".
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Ideb: Rio melhorou, mas ainda é o pior no sul e sudeste
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A certificação de professores é mais uma iniciativa da Secretaria de Educação para combater uma crise histórica na rede pública fluminense. Em 2009, a rede estadual ficou em último lugar, ao lado da do Piauí, no ranking de ensino médio do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com nota 2,8. No ranking de 2011, o quadro apresentou evolução, com a nota pulando para 3,2. O Rio cresceu 11 posições e chegou ao 15º lugar. Mesmo assim, permanece sendo o pior entre os estados do Sul e do Sudeste.
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Um dos pontos mais críticos na rede estadual é o ensino médio noturno, principalmente na capital e em municípios da Região Metropolitana. Somente na cidade do Rio de Janeiro, no ano passado, 104 escolas não conseguiram aprovar nem metade de seus alunos matriculados no ensino médio. O número corresponde a pouco mais de um terço (37%) das unidades. Os colégios funcionam em geral em prédios cedidos pela prefeitura do Rio, que durante o dia os utiliza para o ensino fundamental. Para tentar mudar esse quadro, a Secretaria estadual de Educação está elaborando um projeto de reformulação do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), antigo supletivo, com aulas que atraiam mais a atenção dos estudantes.
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Fonte: O Globo (14/11/2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Educação e recursos


Educação


Escola de aluna que escreve diário faz ato pedindo paz

Alunos e professores da escola Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis (SC), fizeram um "ato cívico" nesta segunda-feira para pedir paz após uma série de desentendimentos envolvendo a autora do blog Diário de Classe, a estudante Isadora Faber, 13 anos. Isadora ficou conhecida em todo o País após criar um diário no Facebook no qual relata o dia a dia - inclusive com os problemas - da escola.
O grupo se reuniu do lado de fora da unidade escolar, cantou músicas pregando amor e paz, além do Hino Nacional. Ao fim, os alunos hastearam as bandeiras do Brasil, de Santa Catarina e de Florianópolis. O ato foi acompanhado por vários pais de alunos, que dizem estar "preocupados" com a exposição da escola na página da internet de Isadora. A autora da página não participou da cerimônia, pois estaria em uma palestra em São Paulo.
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"Estamos fazendo esse ato, pois os alunos estabelecem mais relações de amizade aqui na escola do que em qualquer outro lugar", disse a diretora Lisiane Dias. "Não precisamos e nem queremos um clima de hostilidade ou violência. Não é assim que iremos melhorar". No meio da cerimônia, a estudante da 7ª série Marina Severa Sousa, 14 anos, pediu para falar. Ela agradeceu o carinho dos professores e destacou que seria preciso "união" para melhorar a escola. "Acho que todos locais devem ter altos e baixos. O que a gente precisa é não brigar e estarmos juntos para melhorar a nossa escola", afirmou.
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O ato foi acompanhado pelo secretário municipal de Educação de Florianópolis, Rodolfo Pinto da Luz. Ele chegou a conversar com os alunos, pedindo a "não violência". Segundo ele, os estudantes têm o direito de discordar das ações do Diário de Classe, mas não poderiam revidar as acusações. "Quando um não quer dois não brigam", disse aos alunos. "Estamos em um País democrático e ensinamos isso na escola, desde cedo. Vocês podem discordar do colega, mas não precisam brigar por isso". Na última semana, as relações na escola Maria Tomázia Coelho ficaram atribuladas. Após ter a casa supostamente apedrejada, deixando a avó de Isadora Faber ferida, a família acusou o homem contrato para pintar a quadra da unidade como o autor do "atentado". Ninguém foi visto nas imediações da casa da estudante no momento das pedradas. A Polícia Civil investiga o caso.
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Secretário diz que diário de Isadora contribui, mas cobra respeito
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O secretário de educação de Florianópolis (SC), Rodolfo Pinto da Luz, comentou nesta segunda-feira a polêmica causada nos últimos dias após atritos envolvendo alunos e a família de Isadora Faber, autora do blog "Diário de Classe" no Facebook. A estudante usa a página na internet, que já tem mais de 400 mil seguidores, para denunciar problemas na escola.
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Luz ressaltou a existência dos problemas na escola Maria Tomázia Coelho, mas lembrou que a unidade obteve nota 6,1 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma das mais altas da capital catarinense. "A Isadora deu uma contribuição importante, mas ainda precisamos avanças na questão de respeito à opinião das outras pessoas", afirmou. "Temos aqui uma boa escola, com um dos melhores níveis do País, mas que conta com alguns problemas. A secretaria está resolvendo essas questões de estrutura".
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Ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodolfo Pinto da Luz reassumiu o posto de secretário após ter sido candidato a vice-prefeito pelo PMDB nas últimas eleições. Ele participou de um ato em que alunos e professores pediram "paz" na escola. "A tecnologia e comunicação instantânea trouxeram a possibilidade das pessoas se manifestarem democraticamente sobre todos os assuntos", afirmou. "Incentivamos isso, queremos que os alunos tenha essa formação integral, e por isso defendemos a liberdade de expressão. Mas é importante ter responsabilidade neste tipo de comunicação, respeitando as pessoas".
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Mesmo sem ser direto, a mensagem do secretário foi claramente direcionada à família de Faber, que vem sendo acusada por pais de alunos de desrespeitar profissionais que trabalham na escola Maria Tomázia Coelho, localizada no bairro do Santinho. Um grupo de pais se reuniu com Rodolfo após o ato cívico para reforçar o pedido de presença de guardas municipais no local na entrada e saída de alunos. Na última semana, as relações na escola ficaram atribuladas. Após ter a casa supostamente apedrejada, deixando a avó de Isadora Faber ferida, a família acusou o homem contrato para pintar a quadra da unidade como o autor do "atentado". Ninguém foi visto nas imediações da casa da estudante no momento das pedradas. A Polícia Civil investiga o caso.
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Fonte: Portal Terra

Estudante diz sofrer ameaças constantes

A estudante catarinense Isadora Faber, de 13 anos, visitou ontem a redação do Estado. Criadora do Diário de Classe, página do Facebook em que cobra melhorias para sua Escola, em Florianópolis, a garota diz que não vai mais sozinha para a Escola Municipal Maria Tomázia Coelho, onde cursa a 7.ª série do Ensino fundamental.
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Embora o colégio tenha sido reformado após a criação do Diário - que já conta com mais de 430 mil 'curtidas' e motivou dezenas de projetos semelhantes -, a aluna sofre ameaças constantes de colegas. "Meus pais precisam me levar e me buscar", afirma. "Às vezes me sinto só. Quando vêm me ameaçar, até meus amigos saem de perto."
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Os Professores também não a apoiam e a relação com a direção é conflituosa. Mas o que deixou Isadora triste mesmo foi o apedrejamento de sua casa, na semana passada. A avó dela, de 65 anos, foi atingida na cabeça. O Ministério Público investiga os ataques contra a garota.
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"Não quero sair da Escola, porque 2013 será meu último ano lá, nem acabar com a página", diz Isadora, entre uma olhada e outra no temido smartphone que usa para atualizar o Facebook. Ela diz querer ser jornalista. "Acho que posso ajudar as pessoas dando informações."
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Fonte: O Estado de São Paulo

A imprensa como protagonista na crise da segurança pública

Por Carlos Castilho
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A imprensa brasileira, e em especial a paulista, está perdendo uma oportunidade de ouro para criar uma nova relação com seus leitores, ouvintes e espectadores ao não entrar de cabeça na investigação do que está por trás da guerra entre crime organizado e polícia.
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Este talvez possa ser considerado o principal problema político do momento porque está afetando as bases da convivência social em metrópoles brasileiras, muito mais do que o próprio mensalão.
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A omissão dos governantes e encarregados da segurança pública deixou a população órfã e abre para a imprensa a possibilidade de oferecer informações capazes de dar à sociedade elementos para buscar soluções para a crise, com ou sem participação dos poderes estabelecidos.
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Foi justamente a falta de informações que gerou o ambiente favorável ao desenvolvimento das chamadas milícias e esquadrões da morte dentro dos órgãos de segurança. O silêncio e a tolerância das autoridades sobre as ilegalidades cometidas pela policia acabaram contagiando a própria imprensa, que também cedeu ao medo de desafiar um esquema sinistro montado em nome da lei.
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Até agora havia um consenso entre imprensa e governo de que o avanço da violência urbana era apenas uma questão de repressão ao crime organizado. Hoje está mais do que claro que a policia faz parte deste contexto e que ela precisa ser depurada como condição prévia para que o combate à delinquência seja efetivo.
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O tema é muito delicado e os riscos são muitos, até mesmo para a segurança pessoal de governantes e jornalistas. Mas não temos mais escolhas. O problema é que os governos, o judiciário e o legislativo tendem a se enredar em questões processuais, conveniências políticas e egos, fatores que acabam retardando qualquer decisão ou iniciativa muito além dos prazos que a realidade da matança diária está impondo.
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A imprensa tem mais agilidade e capacidade de mobilização da opinião pública. O problema é que ela se especializou em cobrar soluções dos poderes estabelecidos, transferindo responsabilidades para não meter as mãos na pocilga da segurança publica. Agora ela pode, sim, fazer algo propositivo. Basta usar a sua experiência investigativa para identificar responsáveis, levantar dados, localizar conflitos de interesses e, principalmente, mostrar como a população pode participar da busca de soluções.
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Com informação, a sociedade tem meios para agir. A mobilização dos grupos sociais deixa de ser apenas uma questão política para ser um problema vital, em se tratando de um problema em que a sobrevivência física das pessoas está ameaçada por uma guerra declarada entre bandidos uniformizados e não uniformizados.
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A imprensa não precisa de autorização oficial para investigar o submundo da segurança pública, em São Paulo e noutros estados onde o problema existe mas ainda não é tão grave. Há toda uma área de jornalismo investigativo que poderia ganhar uma real relevância social num momento em que os moradores de São Paulo estão assustados e desorientados.
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As grandes metrópoles e capitais brasileiras convivem há pelos menos 40 anos com o aumento da violência criminal. Em todo esse tempo a única estratégia usada era a da repressão, quando qualquer estudioso da segurança pública sabe que a principal arma da polícia contra o crime organizado é a informação. Na força bruta ela tende a perder sempre porque não pode estar em todos os lugares e, consequentemente, atrai críticas da população.
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Na hora em que a polícia perdeu o rumo por falta de orientação clara, com exceção talvez do Rio de Janeiro, os soldados e agentes não tiveram outra alternativa senão partir para o olho por olho — já não mais pensando na sociedade, mas na própria pele. Descobriram também que o poder de intimidação poderia ser usado em benefício próprio, de forma muito superior ao soldo recebido da corporação.
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Infelizmente chegamos ao ponto onde as últimas esperanças da população acabam sendo depositadas na imprensa. Ela não vai resolver diretamente o problema das matanças em cidades como São Paulo, mas pode fornecer dados para que a população saia do estado de choque provocado pela ausência de informações e tome iniciativas para, pelo menos, atenuar a crise da segurança pública no país.
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Fonte: Observatório da imprensa

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Professores e Juízes


Da violência


Latrocínios aumentam 458% em um ano

 
Por Joana Suarez
Os casos de latrocínio - roubos seguidos de mortes - em Minas Gerais tiveram um crescimento de 458% em 2011, em relação ao ano anterior. O número de ocorrências passou de 16 para 90. No país, Minas foi o Estado que teve o maior aumento. Os dados foram divulgados ontem no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido com base em informações do Ministério da Justiça.
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Entre as 27 unidades da federação, dez tiveram aumento em suas taxas de homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Minas Gerais e Santa Catarina foram os Estados que registraram maiores crescimentos. Neste último, a taxa de assassinatos a cada 100 mil pessoas subiu 44,8%: de 8,1, para 11,7. No território mineiro, a taxa passou de 14,7 para 18,4, um aumento de 25,3%.
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Para o sociólogo Robson Sávio, especialista em segurança pública, os números refletem a desordem na política de segurança no ano passado. "Tivemos problemas com maquiagem de dados e pouco investimento em prevenção a crimes", diz. Segundo ele, dados da Seds mostram que, em 2011, os gastos com integração das polícias e prevenção à criminalidade representaram menos de 1% do orçamento, com R$ 58,6 milhões.
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DIFERENÇA. Quanto à qualidade das informações enviadas, Minas pode fornecer bons dados, mas não o faz. "O Estado tem instrumentos e tecnologia para produção de dados, mas não alimenta o sistema", destaca Thandara Santos, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em resposta, o secretário de Defesa Social de Minas, Rômulo Ferraz, afirma que houve um equívoco do Ministério da Justiça porque todos os dados foram enviados. O Estado não teria revelado informações sobre ocorrências envolvendo policiais. "Não temos porque omitir informações. No ano passado, cinco militares morreram em combate e nenhum policial civil morreu". (Fonte O Tempo)
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Professora que fotografou escola em Imperatriz tem demissão suspensa

Foto mostra alunos com guarda-chuvas dentro de sala de aula (Foto: Uiliene Santa Rosa)
Foto mostra alunos com guarda-chuvas dentro de
sala de aula (Foto: Uiliene Santa Rosa)

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O prefeito reeleito de Imperatriz, Sebastião Madeira decidiu suspender, nesta quarta-feira (31), o ato de demissão da professora Uliane Araújo Santa Rosa, de 24 anos, que fotografou a situação de uma sala de aula do Colégio Municipalizado Guilherme Dourado. "Será feita uma avaliação da situação da escola, da professora, e a situação de todas as escolas municipais também será revista", afirmou o prefeito.
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Nas imagens feitas pela professora é possível ver os alunos se protegendo com guarda-chuvas, além do chão da sala de aula alagado e buracos no telhado da instituição. De acordo com a professora, a intenção ao publicar as imagens era chamar a atenção para os problemas da rede municipal. “Não identifiquei o nome do colégio ou de qualquer funcionário da instituição, mas publiquei as fotos em meu perfil pessoal, pois acredito que não se deve ficar de braços cruzados diante de uma situação assim”, falou ao G1. As fotos publicadas nas redes sociais foram acessadas por mais de 20 mil pessoas em todo o país.
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A professora de História foi demitida após a grande repercussão do caso. Segundo o secretário municipal de Educação, Zeziel Ribeiro da Silva, Uiliene Araújo Santa Rosa é seletivada e seu contrato foi rescindido após a postagem da situação da escola nas redes sociais. O secretário afirmou que o episódio foi isolado e que a escola, que fica no parque São José, um bairro da periferia de Imperatriz, tem um dos melhores prédios entre as municipalizadas da cidade.
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A direção da escola afirmou que a demissão ocorreu porque a professora divulgou as fotos sem antes comunicar o problema da sala de aula e que Uiliane já vinha se desentendendo com boa parte dos funcionários. "Eu já fiquei sabendo pela internet. Ela não teve ética, ela deveria ter tirado os alunos da sala e pedir, mostrar o que estava acontecendo”, disse a diretora Ivone Carvalho.
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Uiliene Araújo acredita que a demissão foi uma retaliação por causa das fotos publicadas. A professora acionou a Justiça denunciando a situação da escola para ter seus direitos reconhecidos. Para ler mais notícias do Maranhão, clique em g1.globo.com/ma. Siga também o G1 Maranhão no Twitter e por RSS.
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Casa de aluna que criou "Diário de Classe" é apedrejada em Florianópolis; avó é atingida

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A casa da estudante Isadora Faber, 13, no bairro do Santinho, região norte de Florianópolis, foi apedrejada na noite dessa segunda-feira (5), segundo a própria relatou na comunidade "Diário de Classe", no Facebook. De acordo com a estudante, sua avó, de 65 anos, foi atingida pelas pedras.
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"Ontem à noite, teve uma chuva de pedras em casa. Uma delas atingiu minha vó de 65 anos que sofre de uma doença degenerativa. Meus pais tomaram as providências e hoje levaram minha vó para fazer exames e para a polícia. Lá eles fizeram os exames de perícia, agora ela está em tratamento. Incrível como tem gente ignorante, gente que não tem mínimo de decência. Alguns coitados pensam que são donos de tudo e da verdade, pensam que podem nos intimidar, mas não vão conseguir", escreveu a adolescente.
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Faber ficou conhecida por denunciar na comunidade do Facebook o sucateamento do colégio público em que estuda, a Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho. Depois das denúncias, a garota contou que recebeu ameaças. Quanto ao ataque de ontem, Faber acredita ter sido motivada pelo fato de sua família ser do Rio Grande do Sul. "Meus pais são gaúchos, mas moram aqui a (sic) 17 anos. Temos casa própria, e eu nasci aqui, sou mané da Carmela Dutra. Não iremos sair de nossa casa. Xenofobia é crime e já esta sendo investigado. Olhem como ficou o rosto da minha vó... a coitada nem sai de casa e foi a que sofreu as consequências dessa barbaridade, mas temos nossas desconfianças de quem é capaz dessa barbaridade", afirmou. A estudante registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil.
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Perfil de Isadora Faber: Mesmo depois da fama, a menina que arregimentou mais de 340 mil seguidores com uma página em que denuncia os problemas da escola pública em que estuda não pensou em parar. Pelo menos enquanto não muda para um colégio privado na cidade, para onde os pais pretendem mandá-la no ensino médio. Em uma casa próxima à praia, a garota vive como uma típica “manezinha”, nome dado a quem nasceu em Florianópolis. Filha de dois produtores de vídeo, Christian e Mel Leal, Isadora tem duas irmãs: Ingrid, 24, e Eduarda, 16. Foi a irmã mais velha, hoje na Dinamarca, quem sugeriu que Isa fizesse seu Diário, imitando a escocesa Martha Peyne, de nove anos.
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Origem: O Diário de Classe, página em que conta o cotidiano da Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho, começou a ser publicado em 11 de julho. Bombou em agosto. A menina não parece ter noção de sua fama, nem pisca quando alguém menciona os números do Facebook ou a repercussão na mídia. Ficou assustada com a pressão? "Não". Pensou em parar de postar críticas na rede social? "Nunca". Respostas curtinhas, Isa não é mesmo de muitas palavras. A caçula-celebridade-problema tem dois lados, um deles "é de poucas palavras" e o outro "é de dedos afiados", explica a irmã Eduarda.
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Ela diz gostar da escola. Isto porque "é a única que conheço desde a primeira série", diz. Isa faz o ensino fundamental na escola pública, mas deve fazer o ensino médio em escola particular. Mesmo caminho feito pela irmã Eduarda, que hoje estuda no Energia, uma das escolas mais caras da cidade.
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Responsabilidade: A rotina escolar da garota não mudou apesar da fama. Ela continua despertando sozinha pelo seu smartphone --o mesmo que usa para fotos do Facebook. Enquanto se ajeita pra escola, a mãe dorme numa boa: "O horário é responsabilidade dela, tem que ser independente", ensina Mel. A estudante relatou no facebook o apedrejamento de sua residência, que deixou sua avó ferida.
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Fonte: UOL Educação

Aluna que criou blog de escola tem casa atacada

 
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A casa da estudante Isadora Faber, de 13 anos, criadora do "Diário de Classe", página do Facebook que tem 353 mil seguidores e trata de problemas na Escola da garota, em Santa Catarina, foi apedrejada ontem à noite. A avó da garota, de 65 anos, foi atingida na cabeça, de acordo com um post feito por Isadora. Ela chegou a publicar uma foto da idosa com os ferimentos na rede social. Segundo a aluna, sua família tem sido vítima de xenofobia. Os pais dela são gaúchos, mas moram em Florianópolis há 17 anos.
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"Temos casa própria e eu nasci aqui, sou mané (termo usado para designar os nativos de Florianópolis) da Carmela Dutra (maternidade da cidade), não sairemos de nossa casa. Xenofobia é crime e já esta sendo investigado", escreveu Isadora. A blogueira também escreveu ontem um post em que diz ter sido ameaçada por um homem contratado para pintar a quadra da Escola Básica Maria Tomázia Coelho, onde estuda. Segundo ela, o pintor recebeu o dinheiro e não prestou o serviço.
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Isadora afirma que o encarregado da pintura tem filhos na Escola. "Ele e seu outro filho foram na Escola para buscar sua filhinha, fizeram o maior escândalo comigo e meu pai, cercaram o carro. Ele estava querendo briga com o meu pai, dizendo que tinha de calar minha boca", relatou.
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O pai de Isadora foi à delegacia prestar queixa. A blogueira, agora, cobra uma resposta da direção da Escola. A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Educação de Florianópolis depois das 22h30.
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Fonte: O Estado de S.Paulo (SP)

Em SP...


MEC atualiza regra para Sisu se adequar à Lei de Cotas

 
FOTO: ANTONIO CRUZ/ABR
Expectativa. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, negou ontem vazamento no Enem 2012
ANTONIO CRUZ/ABR
Expectativa. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, negou ontem vazamento no Enem 2012
Brasília. O Ministério da Educação (MEC) atualizou ontem as regras do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), usado por instituições de ensino superior públicas para ingresso de novos alunos. As principais mudanças das regras servem para que o sistema se adapte à Lei de Cotas que estabeleceu reserva de vagas para estudantes que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas e aos alunos de famílias de baixa renda. De acordo com o MEC, mais de 90% das vagas nas universidades federais para 2013 serão ofertadas por meio dele.
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A lei, que entrou em vigor neste semestre, prevê que as universidades e os institutos técnicos federais reservem, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição proporcional das vagas entre pretos, pardos e indígenas (terminologia do IBGE). A lei determina ainda que metade das vagas reservadas às cotas sociais - 25% do total da oferta - sejam preenchidas por alunos que venham de famílias com renda de até um salário mínimo e meio per capita. As instituições têm quatro anos para se adequarem.
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O Sisu usará como critério a nota de cada candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No processo seletivo para o primeiro semestre de 2013, valerá a nota do Enem 2012. Pelas novas regras, os alunos da rede pública serão divididos em dois grupos, segundo a renda familiar: menor ou maior que 1,5 salário mínimo por pessoa. Esses grupos são separados em mais dois subgrupos, conforme a autodeclaração do candidato da cor da pele: os que são pretos, pardos ou indígenas e os demais. A reserva também se estenderá à lista de espera das instituições, que podem aplicar regras de programas próprios de ações afirmativas, desde que os 50% definidos pela lei sejam assegurados. Caso não haja aprovados suficientes para preencher as vagas destinadas a algum dos subgrupos previstos, elas poderão ser oferecidas aos demais subgrupos: primeiro, ao que possui a mesma faixa de renda; depois, a qualquer renda, priorizando os pretos, pardos e indígenas. Se o preenchimento não se der, as vagas serão disponibilizadas aos demais candidatos. (
Fonte: Super Notícias (MG))

Aluno de universidade particular estuda menos, diz Ipea

Os alunos de instituições particulares de ensino superior dedicam menos tempo fora da sala de aula aos estudos do que os matriculados em universidades públicas. É o que mostram os dados preliminares de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre a juventude brasileira, divulgados nesta terça-feira (6). Os técnicos do Ipea entrevistaram 2,4 mil estudantes de 18 a 24 anos de duas instituições públicas e quatro particulares de São Paulo e Brasília.
Segundo o levantamento, 37,1% dos universitários brasileiros utilizam menos de 5 horas semanais para estudos fora da sala de aula. No outro extremo, 3,6% dos participantes da pesquisa afirmaram estudar mais de 26 horas semanais fora da sala de aula. Na amostra da pesquisa detectou-se que 52% dos alunos estudam e trabalham. Desse grupo, a maior parte (44,7%) declarou separar menos de 5 horas semanais para estudos complementares - "o que é esperado de quem trabalha e estuda", dizem os técnicos do Ipea. No entanto, 34,9% dos estudantes que se definiram como desempregados também utilizam essa mesma quantidade de horas para estudos fora da universidade.
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A pesquisa, que compara a juventude brasileira à chinesa, é resultado de acordo de cooperação técnica entre o Ipea, a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), o Centro de Pesquisa em Infância e Juventude e a Associação de Pesquisa em Infância e Juventude, ambos da China. Ao todo, 2,4 mil jovens do país asiático também foram ouvidos, em Pequim e Xangai. Agora as informações serão analisadas mais detalhadamente pelos dois países para a divulgação do texto final.
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Perfil - No relatório divulgado nesta terça também constam informações sobre a escolaridade dos pais dos universitários brasileiros. Segundo a pesquisa, identifica-se uma relação diretamente proporcional entre o nível de escolaridade do pai e da mãe e o acesso do jovem ao ensino superior. "Os participantes desta pesquisa são provenientes de famílias com maior escolaridade, enquanto os filhos daquelas com escolaridade mínima - até o ensino fundamental completo - estão presentes em menor número na universidade", afirmam os autores do estudo. "Contudo, os dados também revelam um processo de ascensão social para cerca de 50% dos estudantes da amostra, já que ao entrarem no ensino superior alcançaram maior escolaridade que seus pais."
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No quesito satisfação com o curso de graduação, 74,1% dos entrevistados disseram que a formação atual foi a primeira escolha ao ingressarem na universidade - desses, 64,3% informaram estar tão satisfeitos que não trocariam de curso. Por outro lado, 14,1% dos estudantes escolheram outro curso após não serem aprovados na opção de origem. "A análise dos dados indica que o número de estudantes satisfeitos com o curso que realizam é pelo menos cinco vezes maior do que aqueles que gostariam de estar construindo outros perfis profissionais."
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China - O levantamento também quis saber a visão dos universitários brasileiros sobre a China - e vice-versa. Com os resultados, tem-se o objetivo de formular políticas públicas para "uma melhor compreensão do outro, redimindo estereótipos e conflitos decorrentes da falta de conhecimento que ainda persiste em ambos os países".
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No Brasil, foi solicitado aos estudantes que informassem sua opinião a respeito da contribuição da China em alguns temas. Sobre preservação ambiental, constatou-se que a maioria vê a China como um país que não contribui nesta área. No item promoção da paz mundial, a maior parte avalia que a China tem média contribuição. Em integração e cooperação entre os povos, a maioria considera de média a alta a contribuição do país asiático para promover e integrar os povos. Os brasileiros também tiveram de se posicionar a respeito das relações comerciais atuais entre o País e a China. Ao todo 51,8% indicam uma compreensão de que as relações comerciais entre os dois países beneficiam tanto um quanto o outro de modo igual. "Entretanto, pode-se ver que há um grupo significativo de estudantes que tende a avaliar que a concorrência dos produtos industrializados da China no mercado brasileiro é prejudicial para a economia do Brasil, beneficiando, em grande medida, somente o mercado econômico chinês."
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Fonte: O Tempo (MG) / AGÊNCIA ESTADO