sexta-feira, 29 de junho de 2012

Violência assusta escolas

.

28/06/2012.

.

Agressões e ameaças entre alunos preocupam pais, professores e estudantes

Fonte: Jornal de Brasília (DF)
.
A violência nas Escolas tem mais um triste episódio no Paranoá. Um estudante entrou na Escola no turno contrário e agrediu um colega, motivado, supostamente, por ciúme de uma garota. Os dois têm apenas 12 anos, e no fim da briga, o agressor chegou a ameaçar a vítima de morte. A Polícia Militar foi acionada no momento da saída das aulas, e o episódio não teve desdobramentos. O fato representa uma realidade que envolve as Escolas públicas e particulares. Os dois estudantes se envolveram na briga na Escola Classe 4 do Paranoá, por volta das 12h de ontem.
.
O Batalhão Escolar da Polícia Militar foi chamado pela diretoria da Escola, como protocolo orientado pela Diretoria Regional de Ensino. Segundo o diretor do colégio, Cleomar Nunes, a briga entre os dois estudantes, que cursam as 4ª e 5ª séries, foi pontual, mas tem raiz em um quadro mais ampliado de violência em toda a sociedade. “Esse ano essa foi a segunda briga mais séria registrada aqui. Para a confusão não continuar lá fora, chamamos a polícia, uma vez que no calor da briga, um deles disse que pegaria o outro lá fora. É complicado, mas convivemos com uma cultura de violência que não começa aqui. É reflexo de toda uma cultura que vem alimentando isso”, afirmou o diretor da Escola.
.

Insegurança
.
Para os estudantes que convivem com essa realidade no Paranoá, o clima de medo é uma constante. De acordo com a estudante L., de 15 anos, episódios como este fazem parte da realidade dos Alunos. “A gente vê acontecer estas brigas sempre aqui. E ainda é pior. Tem uns que montam gangues para fazer a ‘volta’ na sequência”, diz a garota. Para o Aluno de outra Escola da cidade, F., de 11 anos, o medo é uma constante. “Dá medo demais. Ontem mesmo teve briga de duas meninas na entrada e na saída aqui da Escola. Outro dia, teve um menino que veio armado, com medo do que os Alunos de outra sala poderiam fazer com ele. Sem falar dos grandes que tentam bater na gente, que é menor, e ameaçam sempre. Se tivesse mais policiamento aqui, seria melhor. Quando tem polícia, as confusões diminuem”, disse o estudante. Hoje, apenas 40 Escolas contam com policiais do Batalhão Escolar efetivamente nas entradas e saídas da Escola. Muitos pais se preocupam com a situação, mas as dificuldades vão além de um simples desentendimento como apontam especialistas.

Aulão na Bahia tem até show de reggae

.
Com show de reggae nos intervalos e 400 Alunos em sala, o governo da Bahia promoveu ontem o primeiro "Aulão Enem", uma tentativa de amenizar os efeitos da greve de Professores da rede estadual, que já dura 79 dias.
.
A primeira edição da aula-show reuniu Professores que, sobre um palco, falaram sobre crise no Oriente Médio e impactos do narcotráfico no Brasil, entre outros assuntos.  Os "aulões" fazem parte do pacote de medidas do governo voltado a Alunos do terceiro ano do Ensino médio.

Fonte:  Folha de São Paulo

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Educação como piada

Educação: conjuntura - Todos pela Educação



26 de junho de 2012
.
Sem aula há 76 dias, alunos da rede pública da Bahia terão "aulão" para 500 estudantes e ficarão sem férias de verão
.
Paralisação de professores é a mais longa da história da educação baiana e atinge quase 600.000 crianças e jovens
.
Fonte: Veja.com
.
Sem aulas há 76 dias devido a uma greve de professores, alunos do ensino fundamental e médio da rede estadual da Bahia não terão férias no fim de ano. “As férias certamente estão comprometidas. As aulas de reposição vão adentrar 2013”, afirma o secretário de Educação do estado, Osvaldo Barreto. A paralisação dos docentes, que teve início no dia 11 de abril, é a mais longa da história da educação baiana. O governo do petista Jaques Wagner afirma que, dos 417 municípios do estado, 117 estão sem aulas. A concentração é maior nas cidades de Salvador e Feira de Santana. Dos 1,1 milhão de alunos da rede pública estadual, cerca de 578.000 ainda permanecem sem aula e sem prazo de retomada.
.
Como parte de um plano emergencial, cerca de 22.000 estudantes do 3º ano do ensino médio de Salvador voltaram às aulas nesta segunda-feira. A medida tem um único objetivo: tentar preparar esses alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para os dias 3 e 4 de novembro.
.
Para isso, os alunos terão de se dirigir a unidades de ensino diferente das que costumam frequentar. Foram escolhidas 19 escolas na capital baiana para concentrar os estudantes – a lista dos locais está no site da Secretaria de Educação. Os professores também são outros: 545 docentes em estágio probatório (concursados, mas que ainda passam por um período de experiência) e 706 em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) foram convocados para assumir as classes, já que os titulares seguem parados. Nas demais cidades do estado, alunos seguem sem aula. Segundo o secretário estadual, é possível que um plano emergencial nos moldes do usado em Salvador seja adotado em Feira de Santana. Para alunos do ensino médio de outros municípios, assim como para os que cursam o ensino fundamental, não há prazo, e o retorno dependo do fim da greve.
.
Enquanto isso, estudantes do 3º ano do ensino médio devem se contentar com “aulões”. Voltados para grupos de 500 a 700 alunos, com quatro horas de duração e quatro professores por sala, os “aulões” irão ocorrer em 13 bairros de Salvador e em 11 cidades do estado. O governo promete 16 encontros, sendo o primeiro na próxima quarta-feira, na capital. Serão abordados 2 temas diferentes por aula, que podem ser das áreas de matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas. Márcio Haga, professor do cursinho do XV e de colégios particulares de São Paulo, vê com ressalvas a medida. “O ensino público brasileiro já é muito deficiente. Imaginemos, então, a situação desses alunos baianos, sem aulas há mais de dois meses”, diz.
.
Reivindicações – Os professores em greve reivindicam aumento de 22%, que teria sido acordado para janeiro deste ano. A última proposta do governo foi antecipar para novembro um aumento de 7% para os professores com licenciatura plena que passarem por cursos de qualificação e, mais 7%, em abril do próximo ano. Somando ao reajuste já concedido de 6,5% ao funcionalismo público, o ganho chegaria aos 22%.
.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia rejeitou a proposta, alegando que ela exclui aposentados e profissionais em estágio probatório. Há uma assembleia de docentes prevista para esta terça-feira, mas o presidente do sindicato, Rui Oliveira, adianta que as chances das atividades serem retomadas são pequenas. “É uma greve de resistência”, diz. Já o secretário de Educação baiano, Osvaldo Barreto, garante que não haverá mudança nas propostas. “É impossível, e os professores sabem disso. O que oferecemos é o que cabe no orçamento do estado”, diz.
.
A última reunião entre governo e representantes dos professores aconteceu no dia 4 de junho. Não há nova negociação agendada. No último dia 12, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu em favor do governo e suspendeu a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça da Bahia que determinava o pagamento dos salários dos grevistas. Portanto, eles não recebem saláros há três meses.
..
26 de junho de 2012
.
Escola onde professora sugeriu uso de cinta se reúne com pais de aluno
.
Fonte: G1
.
Após acusarem uma professora de português da Escola Municipal José de Anchieta, em Sumaré (SP), de sugerir o uso de 'cintadas' e 'varadas' como forma de educar o filho, os pais de um aluno de 12 anos foram chamados pela diretoria do colégio para uma reunião na manhã desta terça-feira (26). Em um bilhete em papel timbrado da escola, a professora solicita que os pais conversem com o aluno porque o garoto estaria tendo comportamento inadequado na sala de aula.
.
Em observação escrita à mão, a professora diz que, caso a conversa não resolvesse, a alternativa seria partir para a agressão. "Quer conversar com o seu filho? Se a conversa não resolver. Acho que umas cintada vai resolver (sic)", escreve a professora. O texto possui erros de concordância verbal e termina com outra sugestão. "Esqueça tudo o que esses psicólogos fajutos dizem e parta para as 'varadas'", completa o bilhete.,A denúncia e a cópia do documento foram enviadas para o VC no G1. De acordo com os pais, o menino, que está na 5ª série do ensino fundamental, tem dificuldade de aprendizado, diagnosticada há cerca de dois anos.
.
Tratamento
.
O estudante iniciou tratamento com psiquiatras e psicólogos para ajudá-lo nos estudos, o que, de acordo com o garoto, virou motivo de perseguição da professora na sala de aula. "Ela fala que eu preciso tomar remédio, que eu tinha problemas mentais e que nunca vou ser nada na vida", relata o garoto. "Eu achei o bilhete um absurdo. Ela mandou meus pais me agredirem e isso não é adequado para uma professora", completa.
.
Depois de receberam o bilhete no começo deste mês, os pais decidiram fazer uma reclamação formal à diretoria, mas a escola não se posicionou a respeito até sexta-feira (22), de acordo com o pai do estudante. "Chegou em um ponto absurdo. Ela (a professora) tem conturbado ainda mais o andamento escolar dele, que já tem dificuldade de aprendizado. A gente sempre soube que ele tinha dificuldade, mas ele sempre esteve lá, estudando", diz o comerciante André Luis Ferreira Lima. Os pais dizem que o filho é vítima de bullying. "Coisas que ela deveria falar em um ambiente particular, ela fala em frente aos alunos. A classe toda pega no pé dele, porque a própria professora fica o ofendendo. Não é porque o aluno tem dificuldade que a professora pode rebaixar alguém na sala de aula", conta André Lima. A mãe do garoto, Lucineide Ferreira Lima, conta que o filho pediu para trocar de escola por causa da postura da professora. "Se ele precisa de ajuda, não é com 'varadas' e 'cintadas' que eu vou fazer isso. A ajuda dos psicólogos e psiquiatras tem sido boa, ele tem melhorado e se sentido bem. E é assim que vamos educá-lo", defende a mãe.
.
Em nota, a supervisão da Secretaria Municipal de Educação de Sumaré diz que a direção está tomando as providências administrativas sobre o fato. De acordo com a direção da escola, "a professora enviou o bilhete sem o conhecimento do grupo gestor da escola. A regra diz que todo bilhete deve passar antes pela orientação ou coordenação"
.
O G1 tentou conversar com a educadora, mas ela não foi encontrada para falar sobre o assunto.
.
26 de junho de 2012
.
Consumo de drogas avança nas escolas
.
Último levantamento feito pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) mostrou que 31,6% dos jovens entrevistados nas redes pública e particular do Distrito Federal consumiram drogas pelo menos uma vez
.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
.
Hoje, faz 25 anos da instituição do Dia Internacional de Combate às Drogas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Passadas duas décadas, no entanto, a situação se agrava, com o número elevado de dependentes químicos e o consequente aumento da oferta de entorpecentes por parte dos traficantes. Para os criminosos, os estudantes dos Ensinos fundamental e médio são os alvos preferidos. O último levantamento feito pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, mostrou que um terço dos 2.425 jovens entrevistados nas redes pública e particular do Distrito Federal — 31,6% — consumiu drogas pelo menos uma vez. Do total de crianças e adolescentes ouvidos no estudo de 2010, 1,1% admitiu o uso frequente. Entre os que confirmaram ter experimentado pelo menos uma vez na vida, 32,2% eram do sexo feminino e 30,8%, homens. O estudo mostrou ainda que 10,2% tinham entre 10 e 12 anos. E 51,3%, entre 16 e 18 anos. Já a proporção de estudantes brasilienses que consomem cocaína passou de 1,8%, em 2004, para 4,1% em 2010 (leia arte). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo, há mais de 200 milhões de usuários de drogas — 40 milhões são dependentes.
.
Aos 14 anos, Paulo* usou cocaína, maconha e alucinógenos. Ficou viciado aos 12 e logo começou a traficar para ganhar dinheiro e sustentar o vício. Também matou um amigo, por dívidas com entorpecentes. O adolescente via a Escola como um lugar lucrativo. Na mochila, escondia maconha, crack e cocaína para vender aos colegas. “A polícia fazia a revista na gente só na hora da saída, mas, daí, já tinha acabado tudo. Eu começava vendendo às 6h e só parava às 22h. Em um dia, eu já fiz R$ 1 mil. Durante a madrugada, dava para fazer até R$ 2 mil”, contou.
.
Paulo será pai. A namorada, de 15 anos, está grávida. O jovem contou ao Correio ter matado mais três pessoas, entre eles, um homem, durante um roubo de carro em São Sebastião. A vítima estava em um Fiat Uno. Mesmo após tantos assassinatos, o garoto ficou menos de dois meses internado no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), em razão do terceiro homicídio. “Para mim, o que eu passei lá foi muito. Quarenta e cinco dias parecem dois anos”, disse. As drogas também fizeram um estrago na vida de Renato, 14 anos. Ele vive há uma semana em uma casa de recuperação para se livrar do vício do crack. O consumo era feito com o próprio pai. “Ele tem uma plantação de maconha em casa e vende até hoje. Quando o meu pai fumava crack, caíam umas pedrinhas no chão e eu pegava para fumar também”, contou.
.
O menino usa drogas desde os 10 anos. Há menos de um mês, Renato perdeu a irmã. Um homem entrou na casa onde a família mora e estuprou e matou a jovem. Sob o efeito de drogas, ninguém da família viu o autor da barbárie. Por causa do crack e de outras drogas, Renato parou de estudar na 3ª série do Ensino fundamental. “Eu não quero mais isso para mim, não. Quero ser cientista para acabar com essa droga no mundo”, disse o garoto, que sonha em prestar vestibular para engenharia.
.
Prevenção.
.
A chefe do Núcleo de Coordenação de Direitos Humanos da Secretaria de Educação, Maraísa Bezerra Lessa, informou que a prevenção tem sido o foco na política de enfrentamento ao crack nos colégios da capital federal. Um curso de prevenção para 1,5 mil Educadores será oferecido em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Senad até julho.No último dia 18, uma palestra sobre drogas também foi ministrada para sensibilizar Professores quanto a importância de se tratar o tema em sala de aula. “A Escola tem que incentivar o espírito crítico. A dificuldade de lidar com a temática é geral por causa do medo, mas, aos poucos, essa postura está mudando”, acredita Maraísa.
.
O secretário de Justiça e Cidadania, Alírio Neto, também destacou que as secretarias de governo têm trabalhado de maneira integrada e focada na prevenção. Para 2012, o objetivo é que 300 mil Alunos e 70 mil operários recebam palestras educativas como política de combate às drogas. “As leis que regem o tráfico de drogas são a da oferta e a da procura. Todo o grupo da comunidade Escolar, pais e amigos da Escola, estão sendo orientados sobre o perigo do consumo. Esse trabalho é a médio prazo. Não dá para imaginar que é possível combater o tráfico só com a polícia”, destacou. As palestras de conscientização incluem crianças de 3 a 7 anos. Para tratamento dos dependentes, Alírio disse que, desde a instalação do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CapsAD) da Rodoviária do Plano Piloto, mais de 600 dependentes químicos foram atendidos..
.
* - Nomes fictícios em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
.
Lançamento de livro
.
O advogado e servidor público Epitácio Junior lança hoje, às 18h, o livro O resgate da vida, na Câmara Legislativa. O exemplar tem por objetivo orientar os pais e os jovens a buscar o diálogo sobre questões relacionadas às drogas. A obra conta histórias de jovens aliciados por traficantes, além de mostrar que a vida é feita de escolhas e com possibilidade de largar o vício. O exemplar tem linguagem simples e custa R$ 16,90.
.
Opinião: Violência nas escolas: transferir ou educar?
.
"Um trabalho de conscientização e parceria entre escola e família tem muito a contribuir com mudanças de atitudes de alunos com comportamentos inadequados", afirma Joelma Fernandes de Oliveira Sousa
.
Fonte: Folha de Boa Vista (RR)
.
*Joelma Fernandes de Oliveira Sousa. Professora, Especialista Psicopedagogia Clínica e Institucional,Gestão Escolar e Docência no Ensino Superior.
.
Atualmente tenho ouvido e lido casos constantes de violências nas Escolas, não só públicas, mas privadas também, e as brigas são com sinais de atrocidades mesmo, de agressividade imensa, que já resultou em desmaios e hospitais, daí é que nos cabe algumas reflexões de quem é a culpa dessa situação? Se é que existe culpado... E afinal quem é mais vítima? Quem agride ou o agredido? As Escolas vêm tentando fazer seu papel de Educadora, mas, são tantos os entraves que contribui para que isso não aconteça de fato. Além disso, alguns pais têm deixado a Educação de seus queridos filhos como uma obrigação única e exclusiva desta instituição, então conseguir direcionar toda a vida de um indivíduo e ensinar os conteúdos atitudinais, conceituais e procedimentais da Educação básica do currículo em apenas 4 horas diárias de um dia que se tem 24 horas parece-me um pouco estranho... Mas, mesmo assim, já foi possível ver exemplos como se alguém tem uma atitude de desrespeito ao próximo, seu cuidador dizer, “Está tão mal educado nem parece que está estudando”... Essa frase pesa nos nossos ombros de Professores Educadores. Parece que a missão de educar é somente nossa e não é!
.
Pois inclusive legalmente temos bastante claro em nossa constituição de 1988, Art. 205. A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Por isso percebemos que a família precisa preparar seus filhos para mais além que as provas do vestibular ou aprovação a cada ano letivo, as crianças e adolescentes precisam ser preparados para respeitar o próximo diariamente, respeitar todos... colegas, Professores, pais a sociedade no geral.
.
As cenas de violência entre crianças e adolescentes tem nos chocado, parece que estamos fracassando em algum momento, mas é bom lembrar que esse fracasso é conjunto e não somente da Escola, embora muitas brigas iniciem e terminem em tragédias dentro do espaço Escolar. E aí algumas instituições talvez pouco experienciadas e apoiadas, não tomem medidas de prevenção que realmente surtissem efeitos a curto médio e longo prazo. Pois tenho assistido numa constância profunda nos meios de comunicação que as atitudes feitas pelas instituições de casos que tais fatos ocorreram são de suspensão e transferência do Aluno de Escola, situação que provavelmente não seja resolvida e que apenas o problema seja transferido e novas brigas ocorram nestes ambientes.
.
É preciso realizar ações práticas para combater este mal que tem nos atacado cotidianamente, e que a Escola está sendo atingida de maneira que muitos Professores têm adoecidos por estes motivos.
.
Um dia desses fiquei muito feliz por saber que uma Escola agiu de maneira bastante inteligente quanto a isso, e orientou pais e Alunos infratores, bem como os Alunos que tiveram a atitude negativa tiveram que apresentar um trabalho voluntário de assuntos relacionados ao bullying e violências, nas outras salas de aulas que presenciaram tal fato desagradável, e pelo que tenho acompanhado a cena não mais se repetiu... Ou seja, um trabalho de conscientização e parceria entre Escola e família tem muito a contribuir com mudanças de atitudes de Alunos com comportamentos inadequados.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Professora sugere que pais usem cinta e vara para educar aluno

Do G1
.
Os pais de um menino de 12 anos acusam uma professora de português de uma escola municipal de Sumaré (SP) de sugerir o uso de 'cintadas' e 'varadas' como forma de educar o filho. Em um bilhete em papel timbrado da Escola Municipal José de Anchieta, a educadora solicita que os pais conversem com o aluno porque o garoto estaria tendo comportamento inadequadro na sala de aula. Em observação escrita à mão, a professora diz que, caso a conversa não resolvesse, a alternativa seria partir para a agressão. "Quer conversar com o seu filho? Se a conversa não resolver. Acho que umas cintada vai resolver (sic)", escreve a professora.
.
O texto tem erros de concordância verbal e termina com outra sugestão. "Esqueça tudo o que esses psicólogos fajutos dizem e parta para as 'varadas'", completa o bilhete. A denúncia e a cópia do documento foram enviadas para o VC no G1. De acordo com os pais, o menino, que está na 5ª série do ensino fundamental, tem dificuldade de aprendizado, diagnosticada há cerca de dois anos.
.
O estudante iniciou tratamento com psiquiatras e psicólogos para ajudá-lo nos estudos, o que, de acordo com o garoto, virou motivo de perseguição da professora na sala de aula. "Ela fala que eu preciso tomar remédio, que eu tinha problemas mentais e que nunca vou ser nada na vida", relata o garoto. "Eu achei o bilhete um absurdo. Ela mandou meus pais me agredirem e isso não é adequado para uma professora", completa. Depois de receberam o bilhete no começo deste mês, os pais decidiram fazer uma reclamação formal à diretoria, mas a escola não se posicionou a respeito até sexta-feira (22), de acordo com o pai do estudante. "Chegou em um ponto absurdo. Ela (a professora) tem conturbado ainda mais o andamento escolar dele, que já tem dificuldade de aprendizado. A gente sempre soube que ele tinha dificuldade, mas ele sempre esteve lá, estudando", diz o comerciante André Luis Ferreira Lima.
.
Os pais dizem que o filho é vítima de bullying. "Coisas que ela deveria falar em um ambiente particular, ela fala em frente aos alunos. A classe toda pega no pé dele, porque a própria professora fica o ofendendo. Não é porque o aluno tem dificuldade que a professora pode rebaixar alguém na sala de aula", conta André Lima. A mãe do garoto, Lucineide Ferreira Lima, conta que o filho pediu para trocar de escola por causa da postura da professora. "Se ele precisa de ajuda, não é com 'varadas' e 'cintadas' que eu vou fazer isso. A ajuda dos psicólogos e psiquiatras tem sido boa, ele tem melhorado e se sentido bem. E é assim que vamos educá-lo", defende a mãe.
.
Em nota, a supervisão da Secretaria Municipal de Educação de Sumaré diz que a direção está tomando as providências administrativas sobre o fato. De acordo com a direção da escola, "a professora enviou o bilhete sem o conhecimento do grupo gestor da escola. A regra diz que todo bilhete deve passar antes pela orientação ou coordenação". Ainda em nota, a secretaria afirma que uma psicóloga conversou com todos os professores da 5ª série, inclusive com a professora que enviou o bilhete, mas alega que desde quinta-feira (21), a mãe do aluno não retorna as ligações da escola. Os pais dizem que passaram todos os números de telefones da família, que foram disponibilizados para o contato. O aluno está frequentando as aulas normalmente. A professora também continua lecionando e ainda não foi afastada da função.
.
O G1 tentou conversar com a educadora, mas ela não foi encontrada para falar sobre o assunto.
.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Homicídios praticados por adolescentes crescem 13%


.
Por Luciene Câmara
.
Atrair a vítima para uma emboscada, surpreendê-la com uma facada no pescoço e só terminar a agressão após ter o coração do inimigo nas mãos. A crueldade foi praticada há quase um mês por duas adolescentes de 13 anos, assassinas confessas da amiga Fabíola Santos Correa, 12, no bairro Primavera, em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Elas se tornaram o exemplo mais evidente de uma geração cada vez mais marcada pela prática de crimes violentos.
.
Só em 2011, 36 homicídios foram praticados por menores de 18 anos na capital e na região metropolitana, o que representa um aumento de 13% em comparação com 2010, quando foram registradas 32 ocorrências. A maioria dos infratores (75,9%) tem entre 15 e 17 anos. As tentativas de homicídio também tiveram um salto de 25% no período, passando de 24 em 2010 para 30 no ano passado, de acordo com dados do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH). O que também chama a atenção é a premeditação e os requintes de crueldade. Em dezembro passado, Carolina (nome fictício), 14, foi encontrada em um terreno baldio de Betim, na região metropolitana, com metade do corpo queimado e 44 perfurações de faca. O atentado foi praticado por quatro vizinhas da vítima, sendo três adolescentes e uma jovem de 20 anos. Carolina sobreviveu, mas até hoje tenta apagar as marcas da violência.
.
Causas. A juíza da Vara Infracional da Infância e Juventude de Belo Horizonte, Valéria da Silva Rodrigues, acredita que os valores e as normas morais e sociais não estão sendo repassados aos jovens como deveria ser, o que resulta em violência. "Há uma total ausência desses ensinamentos". Para a magistrada, que lida diariamente com os infratores, a causa maior da criminalidade entre adolescentes é a desestruturação familiar, associada ao próprio caráter do indivíduo. "Tudo depende da família, da formação que a pessoa recebe desde pequena e da própria índole dela", argumenta.
.
Outro fator é a associação de jovens com o tráfico de drogas, campeão no ranking de crimes mais praticados por adolescentes. Só em 2011, foram 1.978 ocorrências, um aumento de 5,9% em relação a 2009, quando ocorreram 1.868 casos. O uso de drogas também é frequente, com 1.300 registros no ano passado. "Quase todos os atos infracionais praticados por adolescentes têm as drogas como fator desencadeador", completa.
.
É o caso do crime praticado em São Joaquim de Bicas. As meninas confessaram para a polícia terem matado a amiga para evitar que ela delatasse seus namorados, que são traficantes na região, para facções inimigas. As três estavam sendo ameaçadas de morte por líderes do tráfico. A psicóloga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Andréa Guerra, acredita que os adolescentes, por estarem em uma fase de novidades e conflitos internos, correm mais riscos e resolvem, muitas vezes com atos violentos, o que poderia ser resolvido apenas com palavras. "Nada é mais humano do que o crime, e o adolescente está mais vulnerável", explica a especialista.
.
Carolina - Fuga. Carolina nunca mais voltou para casa, em Betim, depois de ser violentamente espancada por amigas. A família dela se mudou para outra cidade mineira e mantém o destino em sigilo por medo.
.
Doença ou distúrbio? - "Crueldade está inserida no cotidiano dos jovens"
.
Não é doença nem distúrbio. Para especialistas, a violência com requintes de crueldade empregada por adolescentes não é exclusiva dos crimes praticados por eles. "Trata-se de um sintoma social, que está presente na família, na escola, no trabalho", explica Pedro Castilho, psicólogo e psicanalista da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
.
O agravante, segundo ele, é que a proximidade da criança e do adolescente com esse fenômeno pode ter efeitos drásticos. "Esse público está passando por um momento de construção de personalidade e de caráter, e ele pode se identificar com a violência". Castilho acredita ainda que há um certo glamour nas ligações que envolvem o adolescente. "As relações na família, na escola, na igreja e no Estado estão cada vez mais frouxas. O que importa é o direito à transgressão", completou.
.
A psicóloga da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Andréa Guerra também defende que a violência não é motivada por uma tendência inata ou genética. "O que interfere são as marcas da história de cada um". Ela explica que é na juventude que a pessoa decide quem será na vida. "É comum os jovens aderirem a grupos e fortalecerem os comportamentos um do outro". (LC)
.
Jovens demonstram frieza após cometerem crimes.
Antes do crime, adolescentes aparentemente normais, alegres e habituados a ficar horas na rua, entre amigos. Depois do fato consumado, tranquilidade e nenhum arrependimento. É assim que se revela o comportamento de jovens que cometem crimes violentos. De acordo com a juíza da Vara Infracional da Infância e da Juventude de Belo Horizonte Valéria da Silva Rodrigues, os infratores, de um modo geral, não demonstram sentimento de tristeza. "Eles não têm noção da gravidade e das consequências do ato, eles têm outra percepção da realidade", afirma.
.
Foi o que aparentou a dupla de São Joaquim de Bicas. "As duas contaram detalhes do crime sem nenhum pudor e ainda brincavam entre si", disse o delegado Enrique Solla. (LC)
.
FOTO: João Miranda

Capital. Fachada do centro de reeducação no bairro Horto, na região Leste; ele só recebe meninas
.
Deficiências - Unidades têm déficit de vagas
Número de jovens internados é 6,3% superior ao de vagas existentes

.
Luciene Câmara
.
Assim como o sistema prisional mineiro, que vivencia o caos da falta de estrutura e de segurança para abrigar os presos maiores de 18 anos, os centros de reabilitação social para adolescentes infratores do Estado também convivem com a precariedade. O número de jovens que precisam cumprir medidas socioeducativas de internação e semiliberdade é 6,3% superior à capacidade – há 1.334 internos para 1.255 vagas, um excedente de 79 pessoas. A carência pode fazer com que o atendimento de reeducação social dos adolescentes fique comprometido.
.
Filósofo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio acredita que, com a lotação, os centros de reabilitação não conseguem oferecer atendimento individualizado aos infratores. "Há poucos funcionários para muitos internos e eles acabam apenas monitorando os adolescentes, pois não conseguem desenvolver ações educativas", explica Sávio. Este cenário, para Sávio, é reflexo do modelo de punição que ainda prevalece no sistema de reabilitação. "A mentalidade é prender o jovem e não recuperá-lo. Sem o atendimento adequado, os internos voltam para a rua piores do que antes e caem no sistema prisional quando adultos", alerta.
.
A juíza da Vara Infracional da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, Valéria da Silva Rodrigues, explica que, embora as medidas socioeducativas de internação e semiliberdade acabem por representar uma punição para os jovens, que ficam privados de sua total liberdade, a execução dessas práticas só é permitida se houver o caráter educativo, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Todas as medidas têm como princípio básico a educação para possibilitar a reintegração do jovem infrator na família e na sociedade", declara a magistrada.
.
O outro lado. A subsecretária de Atendimento às Medidas Socioeducativas do Estado, Camila Nicácio, foi procurada diversas vezes pela reportagem para comentar o assunto, mas não deu retorno. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou, por meio da assessoria de imprensa, que a meta do governo é criar 260 novas vagas para adolescentes infratores no sistema de reabilitação social até 2014. Para isso, serão construídos três centros de internação, em Unaí, na região Noroeste, em Santana do Paraíso, no Vale do Aço, e em Lavras, no Sul de Minas. O primeiro a ficar pronto será o de Unaí, que deve ser entregue até junho de 2013. A unidade será também a primeira da região Noroeste, até então desassistida de centros. O investimento do governo nas obras é de R$ 11 milhões.
.
A Seds informou ainda que os centros de internação contam com ensino regular, cursos profissionalizantes, oficinas de arte e de cultura, além de práticas esportivas. Anualmente, são realizadas olimpíadas esportivas com os adolescentes. Há também, segundo o órgão, atendimentos com terapeutas ocupacionais, pedagogos, psicólogos, advogados, assistentes sociais, médicos e dentistas.
.
Promessa
.
Futuro. A Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) informou que
está avaliando prédios já existentes na região metropolitana, Campo das Vertentes e Sul do Estado para propor a criação de novas unidades socioeducativas.
.
Brasil e mundo
.
Lei. A maioridade penal, fixada em 18 anos, é definida pelo artigo 228 da Constituição. Em países como EUA e Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Em Portugal e na Argentina, a maioridade penal ocorre aos 16 anos.
.
Congresso - Redução da idade penal está na pauta
.
Sempre que um crime violento envolvendo adolescentes vem a público, a discussão sobre a redução da maioridade penal volta a causar polêmica no Brasil. Hoje, tramitam no Congresso Nacional dois projetos que foram unificados propondo um plebiscito nas eleições deste ano. A ideia é que a população decida se o país deve ou não criminalizar jovens a partir dos 16 anos – e não aos 18, como funciona atualmente. Um dos projetos é de 2003, do então deputado Robson Tuma. O outro foi protocolado, em outubro, por André Moura (PSC-SE). Ambos aguardam votação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), que já teve parecer favorável do relator do projeto, o deputado Efraim Filho (DEM-PB). "A maioridade penal pode sim ser passível de redução, se essa for a vontade expressa na consulta popular", avaliou Filho. O projeto também será apreciado pelo plenário, mas ainda não há data definida. (LC)
.
Sem saída - Reincidência é de 31% entre os adolescentes
.
A reincidência de adolescentes no crime mostra que a violência na vida deles não é apenas ocasional, mas, sim, algo que permanece inserido em seu meio de convivência. Só em 2011, dos 8.842 infratores menores de 18 anos que sofreram medidas socioeducativas, 2.803 foram parar mais de uma vez na Justiça por prática de crimes ainda na adolescência. O número exclui os 267 jovens que tiveram o processo arquivado, o que soma um total de 9.109 entradas de adolescentes do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH).
.
O resultado é uma reincidência de 31,7% em 2011, segundo dados do CIA-BH. Entre os reincidentes, 55,58% deles deram entrada duas vezes na polícia por conta de infrações, um total de 1.558 jovens. Outros 698 foram parar três vezes no CIA-BH só em 2011 e 300 repetiram atos infracionais pelo menos quatro vezes. Houve até um adolescente que reincidiu 13 vezes no ano, o recorde registrado no período, de acordo com os dados do centro de atendimento. Para a juíza da Vara Infracional da Infância e da Juventude, Valéria da Silva Rodrigues, a repetição do infrator no crime não pode ser atribuída à ineficácia da medida aplicada e, sim, a outros problemas que envolvem a realidade do adolescente e ainda o que o poder público não consegue resolver. "A saída para a diminuição do envolvimento dos jovens na criminalidade é o investimento do Estado na prevenção da violência", finaliza a juíza. (LC)
.

.
Fonte: O Tempo (MG)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A política é simples assim



.
Lúcio Alves de Barros*
.
“Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente, e pela mesma razão.” (Eça de Queiroz)
.
Fico pensando na indignação de muitas pessoas com a união, até o momento estável, do PT e do Partido do senhor Maluf. Posso até entender e aceitar, mas convenhamos: o que de novidade existe nesse campo? A esfera do poder - por natureza - não é a de conquistá-lo de qualquer forma e da melhor maneira possível? Sem maiores custos? Independentemente do que possa vir a acontecer após a famigerada união?
.
Sinceramente, já não fico surpreso com os acontecimentos políticos. O que me surpreende são as pessoas ainda se surpreenderem e repetir o mesmo do passado no presente nosso de cada dia. A burrice coletiva é demais. Isto sim me parece interessante. Maquiavel já comentava sobre a pouca ou reduzida memória do povo. No Brasil ainda nos assustamos com determinadas combinações políticas que historicamente já fazem parte do nosso tecido cultural. A cultura política brasileira é patrimonial, patriarcal, hierárquica e feita por caciques que continuam há muito no poder e pode-se mesmo pensar se um dia saíram dele. Penso que não.
.
Política é resultado de relações de poder. E de tais relações os políticos, os oportunistas e os interessados fazem parte. E é neste campo que não podemos ser infantis. Políticos, interessados e oportunistas vão nesta esfera fazer o que tiver ao alcance para a conquista do poder. A coisa é simples assim. Esta política é composta de acordos, cargos, ilegalidades, venda de votos, corrupção, escassez de princípios, injustiça, troca de favores, compra e venda de pessoas, esquecimentos de outras e dos conflitos que tais relações podem ou não produzir. Numa boa, não me causa nenhum espanto se tais relações produzirem ameaças, violências e mortes.
.
Portanto, não me causa nem mal-estar a presença do senhor Lula (PT), do senhor Fernando Haddad (PT) e do senhor deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) em uma fotografia. São farinha do mesmo saco e por mais que tenhamos na memória o senhor Lula ou a senhora deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) denunciando e criticando em plena TV a conduta do senhor Maluf, a verdade é que vamos ter que engolir essa e outras coligações. Já engolimos outros episódios. O senhor Prestes fez acordos com o ditador Getúlio Vargas, Jânio e Jango fizeram às vezes na década de 1960. Vimos políticos beijando os pés dos militares. Tancredo (PMDB) flertou com a turma do Sarney. O senhor Collor (PRN) levou a gosto o senhor Itamar Franco (PMDB). Este abraçou Newton Cardoso e anteriormente o Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que, aliado aos latifundiários beijou o Marco Maciel (PFL) e o próprio Lula virou “paz e o amor” a ponto do PT (Partido dos Trabalhadores) jamais ser ele mesmo. Como disse, a política é assim e pronto. E não venham com a ideia de ética, justiça e valores públicos próprios da democracia. Em certa medida, somos coniventes com este cenário. Há muito deixamos as coisas passarem sem serem notadas e uma foto e um encontro causam um reboliço sem tamanho. 

.
Não é possível que nada aprendemos nesse tempo de democracia pós Sarney (PFL - PMDB) e Constituição de 1988. A inflação foi controlada, existem mais ou menos instituições confiáveis, organizações não governamentais sérias, mas engatinhamos e feio no cenário da política. A corrupção, apesar de aberta, aparece como fenômeno corriqueiro, banalizado, aceito e normal para aqueles que passam o estado para trás. A maioria quer engolir o bolo sem mastigar. A maioria espera uma boquinha para a sua vez e para às vezes dos seus familiares. 
.
Esta república de coronéis pós-modernos já decretaram o fim da política. Inexistem negociações com limites claros, o jogo limpo e com resultados apesar das faltas e das penalidades. Atualmente, a política se rende ao dinheiro bruto das grandes empresas, dos grandes criminosos apelidados com nomes da natureza, com corrupção, caixa dois, três e quatro. Políticos fazem isso porque desejam ganhar as eleições. Se a coisa é ilegal ou imoral, não faz diferença para eles. Os fins justificam os meios. A população não vota em projetos. Ela vota em quem lhe garante tetas e privilégios. Como poucos tem esta noção, preferem o ganho imediato. Assim, vendem o voto, ou porque a mercadoria vale à pena ou porque uma quentinha e um monte de tijolos já são suficientes. Melhor do que nada. A política não se faz em fóruns, assembleias e convenções. Isto é coisa de teoria política. A realidade é que se vendem políticos como se vendem sabonete e papel higiênico. A diferença é que na política é difícil modificar a marca da moda. Todos no fundo da prateleira ou mesmo no canto são iguais. Mostram-se ao público como inimigos, mas são adversários e capazes de trocar de camisa para quem pagar mais.
.

A verdade é essa. Pode ser até mentira, tanto faz, pois na política “pós-moderna” para os que se dizem "marqueteiros políticos" vale de tudo. O importante é estar lá. E estar lá significa estar no poder, quatro, oito, doze ou 14 anos. Às vezes até mais. Esquecemo-nos de trocar as autoridades políticas que fizeram da política a arte de quem pode comprar e ter mais e mais. Temos o direito do voto, mas não temos o direito de sermos votados. Ao contrário desse político sem eira nem beira podemos trocar o sabonete, ou mesmo o papel higiênico. Mas, como tudo indica não tempos coragem, vergonha na cara, discernimento e ciência de trocar a mercadoria política que está historicamente por aí.
.

*- Doutor em Ciências Humanas (UFMG) e Professor na FAE/BH (Faculdade de Educação) da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais).

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A volta de Deus

.
Maria Clara Bingemer*
.
Não chega a ser uma novidade o fato de estarmos assistindo, já há algum tempo, a certo "reencantamento do mundo", isto é, a uma inversão do processo de secularização deslanchado com a modernidade e sua crise. Essa tendência começou a visibilizar-se com a nova consciência religiosa trazida pela Nova Era, o esoterismo, o culto das pirâmides de cristal, o I-Ching, o tarô, o retorno dos anjos e duendes. 
A razão banida permanecia oculta pelo deslumbramento com um além povoado de deuses maiores e menores, porém fluidos e sem consistência. E o resgate da transcendência sem absolutos expressou-se até mesmo, mais recentemente, em livros de grande tiragem que falavam sobre meninos bruxos e anéis mágicos. O fanatismo fundamentalista em todos os campos, e não somente no islâmico, semeou o estupor e o medo, mas também trouxe uma mudança de perspectiva para enxergar o mundo. No entanto, ao mesmo tempo em que crescia a aversão da opinião pública ocidental pelo fundamentalismo, assistia-se ao aumento de receptividade para com a atitude religiosa como tal. Não se pode mais dizer que Deus não é um tema atual. 
A ideia da incompatibilidade de princípio da secularização com a religião entra decididamente em declínio. E os sintomas do que poderíamos chamar de uma volta de Deus aparecem como sinais visíveis de novos tempos. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados –, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist, no livro God is back. Para muitos e bem concretamente para os jovens, como diz o título do livro, Deus está de volta.
.
Eles são religiosos, não como seus pais ou avós, mas de outra maneira, própria, fazendo uma nova síntese entre a experiência da fé e sua expressão. E a internet é um dos recursos que mais intervêm na sede de transcendência do jovem que vai para diante do computador buscar interlocução para seus anseios espirituais. A modernidade, com efeito, significa uma humanização do divino, a ascensão irreversível da secularidade. Foi um extraordinário progresso para o espírito humano, porque permitiu ao homem, enfim, pensar por si mesmo. Mas a modernidade também comporta um movimento oposto, que eleva e diviniza o humano.
.
A humanização do divino implica o fim das transcendências "verticais", autoritárias, situadas fora e acima do sujeito. Nesse sentido, a modernidade é o reino da imanência. No entanto, percebe-se ser possível, também, nas entranhas da imanência — da razão, do conhecimento e da ciência — pensar algo que a transborda, que a extravasa e a faz autotranscender-se. A força motriz dessa nova transcendência é o amor, que leva os seres humanos a ultrapassar sua interioridade solitária para alcançar o Outro e com ele entrar em relação.
Tal experiência e tal atitude não significam o banimento da razão; ao contrário, dão à ciência estatuto pleno de cidadania quando se trata de pensar esse Deus que volta a ser elemento constitutivo do conhecimento e do pensar humanos. A constatação da volta de Deus traduz, por outro lado, a certeza de que nenhuma sociedade pode sobreviver sem a religião, já que a maioria dos homens considera insatisfatórias as respostas dadas pela ciência às perguntas existenciais sobre a vida e a morte.
Como impulso utópico e como consciência vigilante dos limites, a fé e sua expressão religiosa têm hoje um lugar assegurado na sociedade do conhecimento e na comunidade científica. Deus está de volta e muito concretamente ali onde menos se esperava que estivesse: entre as novas gerações, filhas da ciência e da técnica. É preciso abrir os ouvidos para entender como esses novos crentes percebem o sujeito maior de sua crença.
.
*Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga e professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, é autora de 'Deus amor: Graça que habita em nós' (Ed. Paulinas), entre outros livros. - mhpal@terra.com.bro
.
Fonte: Jornal do Brasil

Ex-aluno de Paulo Freire escreve livro sobre o mestre

.
Escrever sobre Paulo Freire (1921-1997) usando adjetivos é fácil. "Considerado um dos maiores educadores brasileiros de todos os tempos" é tão verdade quanto lugar-comum. Sua produção intelectual influenciou a chamada pedagogia crítica, o "método Paulo Freire" entrou para o vocabulário dos professores e as suas teorias foram usadas com sucesso na alfabetização de jovens e adultos. Freire recebeu dúzias de títulos de doutor honoris causa em universidades do mundo --Harvard, Cambridge e Oxford estão entre elas.
.
Preso e exilado durante a ditadura, voltou ao Brasil com a Lei da Anistia. "Pedagogia do Oprimido", sua obra-prima, foi publicado originalmente em inglês, depois em espanhol. "Ação Cultural" foi escrito em Cambridge e publicado pela Universidade de Harvard. Viajou pelo mundo e observou a sociedade e a sua relação com a prática pedagógica. A alfabetização, para ele, servia como instrumento de libertação e luta por dignidade. Usar adjetivo é sinônimo de preguiça.
.
Paulo Ghiraldelli Jr., professor, filósofo, escritor e responsável pela coleção "Filosofia em Pílulas", foi aluno de Freire na década de 1980. Em "Lições de Paulo Freire: Filosofia, Educação e Política", Ghiraldelli apresenta uma série de artigos com análises sobre a obra do pensador pernambucano. O livro não é uma biografia, mas conta com uma introdução na qual o autor conta as sua experiência no curso de pós-graduação da PUC-SP. "É um livro de quem se inspira em Paulo Freire", explicou em entrevista à Livraria da Folha. Ouça.
.
"As Lições de Paulo Freire", lançamento da editora Manole, traz o debate sobre conceitos como oprimido, "método Paulo Freire", pedagogia bancária e libertadora e professor reflexivo.
.
Fonte: Folha de São Paulo

Arrastões

Contardo Calligaris*
.
Um amigo, dono de um restaurante paulistano tradicional, não perde a piada. Ele me explicou por que sua categoria está preocupada com a recente onda de arrastões: é que pensávamos, ele me disse, que assaltar os clientes fosse prerrogativa exclusiva da gente.
.
Piada à parte, na semana passada, o TV Folha me entrevistou sobre os arrastões que estão acontecendo logo em São Paulo --onde sair para jantar é o programa convivial por excelência, e o restaurante é um lugar tão familiar quanto a casa da gente. Mesmo sem considerar essa especificidade paulistana, o assalto à mesa é sempre perturbador. A oralidade é o prazer mais primitivo, cuja "lembrança" (digamos assim) permanece em nós como modelo de qualquer outro prazer (por isso, aliás, é difícil parar de fumar ou de comer: as tentações orais são as mais irresistíveis).
.
Consequência: a experiência de ser assaltado no meio de uma boa refeição é comparável à de um bebê que recebesse um cascudo bem na hora em que ele está mamando, de olhos fechados, perdidamente feliz. Enfim, a reportagem suspeitou que os arrastões ganhassem espaço na mídia por serem contra restaurantes na moda. Será que as classes C e D são excluídas das pautas da mídia?
.
A questão me levou de volta aos anos 1980 e 90, quando quase todos os bem-pensantes pareciam concordar com a suposição de que a causa da apavorante criminalidade brasileira fosse a também apavorante diferença social. Essa ideia (desmentida por qualquer pesquisa séria) voltava, como um joão-bobo, a cada vez que se tratasse de explicar a insegurança nas nossas ruas. Para proteger essa tese falida, a gente (eu mesmo cooperei) insistia na distinção entre diferença econômica e exclusão: a diferença, por maior que fosse, não seria causa de criminalidade, enquanto a exclusão social, ela sim, produziria criminalidade, pois, afinal, quem é ou se sente excluído não pertence à comunidade --e, se não pertenço à comunidade, por que eu respeitaria suas leis? Para o excluído, as ditas forças da ordem não teriam legitimidade, mas seriam uma espécie de exército estrangeiro de ocupação. Para ele, o crime seria, então, um ato de resistência? "Mamma mia."
.
Mesmo a ideia de uma relação entre criminalidade e exclusão mal resiste à prova dos fatos. Mas tanto faz: o que importa é que, hoje, no Brasil, é difícil invocar um aumento da diferença econômica ou da exclusão para explicar a volta da criminalidade. De fato, sempre soubemos que a criminalidade não é um efeito da diferença econômica, nem da exclusão, mas adorávamos essa ideia porque ela satisfazia tanto nossas aspirações de clareza (temos uma criminalidade absurda, mas "sabemos" por quê) quanto nossos anseios de justiça (a criminalidade compensa a iniquidade social).
.
A criminalidade brasileira assim explicada não precisava de um plano de ação: a culpa era nossa, e, portanto, podíamos nos resignar a sermos "justamente" assaltados (ou quem sabe mortos) por sermos cúmplices de um sistema "injusto". Aguentaríamos a violência e a inexistência de um espaço público frequentável porque assim expiaríamos o pecado original da diferença social. Você não acha que a violência dos anos 1980 e 90 fosse aceita como uma necessária penitência depois da confissão? Certo, havia outras razões por essa tolerância da criminalidade: uma delas é que as ditas elites econômicas eram tão estrangeiras ao país quanto os excluídos --não havia problema em entregar ruas e esquinas aos bandidos, contanto que a residência (real, psíquica ou sonhada) das elites fosse em Miami, Nova York ou Paris.
.
Seja como for, a prova dessa aceitação é que nenhum político nacional dos anos 1980 ou 90, nem mesmo um demagogo, apresentou-se como porta-voz de um grande plano de segurança pública. Com a verbosa exceção da "Rota na rua" de Maluf em 2002, parece que um verdadeiro projeto de segurança nunca foi prioritário (aparentemente, porque tal projeto não prometia dividendos eleitorais suficientes). Pois bem, felizmente, nos últimos dez anos, a diferença social diminuiu, assim como diminuiu a exclusão. Portanto, não é possível explicar a criminalidade crescente pela diferença social, que não está crescendo.
.
Talvez, agora, possamos começar a lidar realmente com o problema da segurança pública no Brasil, sem que nossos conselheiros sejam a culpa e a necessidade de autopunição.
.
* Contardo Calligaris, italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor./ 21/06/2012
Fonte: Folha de São Paulo

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Todos pela educação

Cale-se, XUXA!

.
QUANDO O SILÊNCIO É A MELHOR ALTERNATIVA
.
Não vi a comentada entrevista da tal xuxa no Fantástico deste domingo, dia 20/05. Mas não pude ignorá-la por muito tempo, pois a primeira notícia que recebi nesta manhã, logo cedo, foi: "- Cê viu que a xuxa foi abusada na infância?"
.
Fora o surrealismo da revelação, ocorreu-me que aquela, certamente, não era a notícia que desejava ouvir logo no início da semana. Afinal, como uma mulher de 50 anos, aparentemente esclarecida, só agora, passado todo esse tempo, resolve falar sobre algo tão grave? E por que me irritou tanto esta informação? Parei para refletir sobre o motivo deste sentimento e, confesso, não foi difícil descobrir.
.
Esta senhora, lá pelos seus primórdios, vivia no mesmo condomínio do meu irmão, no Grajaú, Rio de Janeiro. Lembro-me das minhas sobrinhas, ensandecidas, indo buscar as grotescas sandalinhas cheias de brilhos no apartamento dela, na esperança de encontrar o Pelé que, vira e mexe, dava as caras por lá.
.
Desde os seus 20 e poucos anos de idade, ela comanda programas infantis cuja tônica é erotizar precocemente as crianças, transformando meninas em arremedos de mulheres sem se preocupar com sua vulgarização.
.
Os programas que comandou sempre tiveram como mote atropelar o desenvolvimento infantil em sua exuberância repleta de etapas simbólicas. Pasteurizou os encantos desta fase empenhando-se em exaltar a diferença entre possuir e não possuir os produtos que anunciava ou que levavam sua grife tais como sandálias, roupas, maiôs, lingeries, xampus, bonecas, chicletes, cosméticos, álbum de figurinhas, cadernos, agendas, computadores, sopas, iogurtes, etc., num universo insano onde ela, eternamente fantasiada de insinuante ninfeta, faz biquinho e comanda a miúda plebe ignara.
.
Cientes estamos todos de que esta senhora, durante muitos e muitos anos, defendeu zelosamente seu polpudo patrimônio utilizando-se da fachada de menina meio abobada que sequer sabia quantos milhões possuía. Costumava dizer que era a sua empresária que administrava suas posses cujo montante alegava, candidamente, desconhecer. Pobre menina rica. E burra, com certeza. Como se fosse possível alguém tão tapada tornar-se tão rica.
.
Talvez para esconder a consciência que tinha acerca do quanto ajudou a devastar a inocência de tantas gerações de meninas que lhe devotavam a mais pura idolatria, posou de inocente útil usando a mesma máscara que agora reedita para falar, emocionada, do seu mais novo pretenso drama/marketing.
.
Esqueceu-se que sua audiência, formada, na sua massacrante maioria, por meninas, passou a ser considerada como alvo da desumana propaganda colocando-as como mero veículo de consumo.
.
Esqueceu-se, convenientemente, de comentar que milhares de garotas pelo Brasil afora foram abusadas sexualmente ao mesmo tempo em que eram, por ela, adestradas a vestirem-se e comportarem-se como verdadeiras lolitas.
.
Esqueceu-se de que ensinou atitudes claramente ambivalentes para crianças que não faziam a mais pálida ideia do que podiam mobilizar em mentes doentias.
.
Esqueceu-se de que a erotização tem sido ligada a três dos maiores problemas de saúde mental de adolescentes e mulheres adultas: desordens alimentares, baixa autoestima e depressão.
.
Esqueceu-se também que as crianças, diariamente bombardeadas com imagens de paquitas como modelos de uma beleza simplesmente inalcançável enquanto corpos reais, torturavam-se perseguindo um modo de serem belas, perfeitas, saudáveis e eternas.
.
Estimulando a sexualidade de forma tão precoce, essas meninas perderam grande e preciosa fase do seu desenvolvimento natural. E reduzir o período da inocência, certamente, acarretou-lhes desdobramentos nefastos.
.
Daí para ideia, cada vez mais presente, da infância como objeto a ser apreciado, desejado, exaltado, numa espécie de pedofilização generalizada na sociedade foi, apenas, um pequeno passo.
.
Num país onde as mães deixam suas crias, por absoluta falta de opção, frente à tevê sem qualquer tipo de controle e sem condições para discutir o conteúdo apresentado, encontrou esta senhora terreno mais que propício para disseminar sua perversa e desmedida ganância por audiência e dinheiro.
.
Fosse ela uma pessoa minimamente preocupada com a direção que a sexualidade exacerbada e fora de contexto toma, neste país onde mulheres são cotidianamente massacradas, teria falado sobre este suposto drama muito tempo atrás. Teria tido muito mais cuidado com os exemplos de exposição que passava. Teria norteado seu trabalho dentro de parâmetros muito mais educativos e, desta forma, contribuído para que milhares de meninas fossem verdadeiramente cuidadas e respeitadas. Ou teria simplesmente virado as costas e ido embora.
.
Logo, frente ao seu histórico, não tem mesmo nenhuma autoridade para sustentar qualquer atitude fundamentada em belos e necessários méritos.
.
Porque são de grandes valores, bons princípios e atitude exemplares que nossa sociedade necessita de maneira URGENTE.
.
Portanto, CALE-SE, XUXA!
.
Heloisa Lima - Psicóloga Clínica - Maio de 2012.

sábado, 16 de junho de 2012

Educação ou a falta dela

Justiça concede alvará de soltura aos estudantes da Unifesp

Foi concedido o alvará de soltura para os estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pela Justiça Federal de Guarulhos nesta sexta-feira (15). Eles foram detidos na quinta-feira (14), após protesto no campus de Guarulhos. A decisão da 1° Vara da Justiça Federal de Guarulhos atende aos 22 estudantes.
.
Os estudantes passaram por exame de corpo delito dentro da sede da Polícia Federal e, após o recebimento do alvará, devem ser liberados. Eles foram presos após a Polícia Militar conter uma manifestação que acontecia no campus de Guarulhos. Houve confronto e a polícia usou balas de borracha e bombas de gás contra os universitários.
.
Segundo o advogado Pedro Yokoi, que defende os estudantes, eles foram detidos, com variações entre cada caso, sob as acusações de formação de quadrilha, constrangimento ilegal e dano ao patrimônio público. Por meio de nota, a PM justificou que foi acionada “a fim de garantir a segurança de professores, que foram encurralados no prédio da faculdade por alunos que se manifestavam contra supostos problemas de infraestrutura da instituição”. Também por meio de nota, a Reitoria da Unifesp acusou os alunos de cometerem excessos, com depredações e gritos de ocupação. O movimento estudantil atribuiu os estragos na universidade à ação policial.
.
Durante todo o dia um grupo de estudantes esteve na porta da superintendência para protestar contra as prisões. O advogado disse ainda que os alunos só não foram transferidos para um centro de detenção provisória (CDP) devido ao sucesso nas negociações com a diretoria da PF. “Ficar em um CDP é uma situação constrangedora para pessoas que não são criminosas”, disse.
.
Fonte: O Tempo - COM AGÊNCIA BRASIL.
.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Economia verde versus Economia solidária

.
Leonardo Boff *
.
O Documento Zero da ONU para a Rio+20 é ainda refém do velho paradigma da dominação da natureza para extrair dela os maiores benefícios possíveis para os negócios e para o mercado. Através dele e nele o ser humano deve buscar os meios de sua vida e subsistência. A economia verde radicaliza esta tendência, pois como escreveu o diplomata e ecologista boliviano Pablo Solón “ela busca não apenas mercantilizar a madeira das florestas mas, também, sua capacidade de absorção de dióxido de carbono”. Tudo isso pode se transformar em bônus negociáveis pelo mercado e pelos bancos. Destarte o texto se revela definitivamente antropocêntrico como se tudo se destinasse ao uso exclusivo dos humanos e a Terra tivesse criado somente a eles e não a outros seres vivos que exigem também sustentabilidade das condições ecológicas para a sua permanência neste planeta.
.
Resumidamente: O futuro que queremos, lema central do documento da ONU, não é outra coisa que o prolongamento do presente. Este se apresenta ameaçador e nega um futuro de esperança. Num contexto destes, não avançar é retroceder e fechar as portas para o novo.
.
Há outrossim um agravante: todo o texto gira ao redor da economia. Por mais que a pintemos de marron ou de verde, ela guarda sempre sua lógica interna que se formula nesta pergunta: quanto posso ganhar no tempo mais curto, com o investimento menor possível, mantendo forte a concorrência? Não sejamos ingênuos: o negócio da economia vigente é o negócio. Ela não propõe uma nova relação para com a natureza, sentindo-se parte dela e responsável por sua vitalidade e integridade. Antes, move-lhe uma guerra total, como denuncia o filósofo da ecologia Michel Serres. Nesta guerra não possuímos nenhuma chance de vitória. Ela ignora nossos intentos. Segue seu curso, mesmo sem a nossa presença. Tarefa da inteligência é decifrar o que ela nos quer dizer (pelos eventos extremos, pelos tsunâmis etc), defender-nos de efeitos maléficos e colocar suas energias a nosso favor. Ela nos oferece informações mas não nos dita comportamentos. Estes devem ser inventados por nós mesmos. Eles somente serão bons caso estiverem em conformidade com seus ritmos e ciclos.
.
Como alternativa a esta economia de devastação, precisamos, se queremos ter futuro, opor-lhe outro paradigma de economia de preservação, conservação e sustentação de toda a vida. Precisamos produzir, sim, mas a partir dos bens e serviços que a natureza nos oferece gratuitamente, respeitando o alcance e os limites de cada biorregião, destribuindo com equidade os frutos alcançados, pensando nos direitos das gerações futuras e nos demais seres da comunidade de vida. Ela ganha corpo hoje através da economia biocentrada, solidária, agroecológica, familiar e orgânica. Nela cada comunidade busca garantir sua soberania alimentar. Produz o que consome, articulando produtores e consumodres numa verdadeira democracia alimentar.
.
A Rio+92 consagrou o conceito antropocêntrico e reducionista de desenvolvimento sustentável, elaborado pelo relatório Brundland de 1987 da ONU. Ele se transformou num dogma professado pelos documentos oficiais, pelos Estados e empresas sem nunca ser submetido a uma crítica séria. Ele sequestrou a sustentabilidade só para seu campo, e assim distorceu as relações para com a natureza. Os desastres que causava nela eram vistos como externalidades que não cabia considerar. Ocorre que estas se tornaram ameaçadoras, capazes de destruir as bases físico-químicas que sustentam a vida humana e grande parte da biosfera. Isso não é superado pela ecocomia verde. Ela configura uma armadilha dos países ricos, especialmente da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que produziu o texto teórico do Pnuma, Iniciativa da economa verde. Com isso, astutamente descartam a discussão sobre a sustentabilidade, a injustiça social e ecológica, o aquecimento global, o modelo econômico falido e a mudança de olhar sobre o planeta que possa projetar um real futuro para a Humanidade e para a Terra.
.
Junto com a Rio+20 seria um ganho resgatar também a Estocolmo+40. Nesta primeira conferência mundial da ONU de 5-15 de julho de1972, em Estocolmo, na Suécia, sobre o Ambiente humano, o foco central não era o desenvolvimento mas o cuidado e a responsabilidade coletiva por tudo o que nos cerca e que está em acelerado processo de degradação, afetando a todos e especialmente aos países pobres. Era uma perspectiva humanística e generosa. Ela se perdeu com a cartilha fechada do desenvolvimento sustentável e agora com a economia verde.
.
* Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é autor de 'Sustentabilidade: O que é e o que não é' (Vozes, 2012) e membro da Comissão Iniciativa da Carta da Terra. - lboff@leonardoboff.com
Fonte: Jornal do Brasil