segunda-feira, 30 de abril de 2012

Jusiça condena jovens em bullying


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Em 2011, a Justiça recebeu seis denúncias do tipo. Em duas delas, jovens foram condenados a prestar serviços comunitários. Os outros quatro estão em andamento na Promotoria de Infância
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"Você escolheu apanhar." "Toma cuidado ao andar em 'Higi'." As frases foram escritas por jovens de 12 a 15 anos e extraídas de mensagens em celulares ou murais de redes sociais como o Twitter.
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Mas também constam de uma representação por ato infracional em andamento numa das varas de Infância e Juventude da capital, apresentada pela mãe de uma adolescente de 14 anos que diz ter sido alvo de ofensas e ameaças feitas pelas colegas.
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Casos de bullying -seja virtual como este ou os em que ataques são feitos pessoalmente- têm chegado à Justiça e resultado na condenação de adolescentes.
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Em 2011, a Justiça recebeu seis denúncias do tipo. Em duas delas, jovens foram condenados a prestar serviços comunitários. Os outros quatro estão em andamento na Promotoria de Infância.
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Fonte: Folha de S.Paulo (SP)

Fardas dentro das escolas

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O Globo (RJ)
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Noventa escolas estaduais passarão a contar a partir do mês que vem com o reforço de policiais militares, que atuarão armados não só nos arredores dos colégios, como também dentro das unidades. Os 450 PMs que trabalharão fardados, mas em seus horários de folga, já foram selecionados: a Secretaria de Educação investirá cerca de R$ 2 milhões por mês para contar com o patrulhamento extra. Na quarta-feira, será assinado o convênio com a Secretaria de Segurança que ratifica a parceria.
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A lista das 90 unidades que serão beneficiadas com o projeto - parte do Programa Estadual de Integração de Segurança (Proeis) - foi elaborada pela Secretaria de Educação, a partir de queixas de pais e diretores de escolas. Os problemas apontados vão de invasão para uso de quadras esportivas e piscinas a consumo de drogas no pátio, passando por ocorrências de brigas entre alunos, furtos e roubos. A estimativa é que sejam beneficiados mais de 115 mil alunos e 6.200 professores.
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Cerca de 1.500 policiais se inscreveram para a primeira fase do Proeis na Secretaria de Educação. Se a experiência der certo, há possibilidade de expansão do projeto nos próximos meses. A rede estadual tem atualmente 1.447 escolas. O trabalho dos PMs, que devem agir em dupla na maioria das unidades, será basicamente preventivo. Eles não atuarão como inspetores nos colégios, que já contam com porteiro e vigia desarmado. Também não haverá revista de estudantes, a não ser que haja alguma denúncia específica sobre a presença de armas.
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Patrulhamento pode ser 24 horas
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De acordo com o secretário de Educação, Wilson Risolia, a presença dos policiais na comunidade escolar deve contribuir para a redução ou mesmo extinção de problemas nas próprias unidades e também no entorno, como o Bullying e a desorganização do trânsito nos horários de entrada e saída dos alunos:
- Não são PMs para atuar na escola somente, mas também nos arredores, pois o momento que a segurança do Rio está vivendo permite criar esse laço com a comunidade.
Algumas escolas terão até patrulhamento 24 horas, com policiais se dividindo em três turnos de serviço. Serão beneficiadas tanto unidades na capital quanto na Região Metropolitana. No Complexo do Alemão, que passa atualmente pelo processo de implementação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o Colégio Estadual Tim Lopes terá a presença de PMs. Em novembro do ano passado, a unidade, que foi inaugurada em 2010, teve computadores furtados após quatro salas terem sido arrombadas. O Proeis tem atualmente 3.452 policiais trabalhando em 14 instituições conveniadas, como Light, SuperVia, Prefeitura do Rio, Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio (Codin), entre outros. Há previsão de fechamento de mais 14 convênios a partir do segundo semestre deste ano, totalizando 6.434 PMs inseridos no programa.
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O policial inserido no Proeis ganha a cada turno de oito horas a quantia de R$ 200, se for oficial, e R$ 150, se for praça. Cada PM que adere ao programa pode trabalhar até 12 turnos em um período de 30 dias para que suas funções no batalhão não sejam prejudicadas e, ao mesmo tempo, ele não sofra de estafa. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal Fluminense (UFF), entre 2010 e 2011, em 13 escolas públicas e particulares do Rio, e 40 de Niterói e São Gonçalo, identificou a ocorrência de casos de violência em 68% das instituições. Quando perguntados especificamente sobre questões ligadas à violência na sala de aula, 53% dos entrevistados disseram apenas existir algum tipo dela; 11% afirmaram que a incidência de casos violentos é alta, e 31% declararam que há violência, mas que é baixa.
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Fonte: O Globo

sábado, 28 de abril de 2012



A (in)segurança pública

Lúcio Alves de Barros*

No mês de abril tivemos mais mudanças na secretaria de defesa social. Uns sumiram, outros caíram para cima e outros foram para baixo. Independentemente do quadro de funcionários os desafios continuam os mesmos, os atores mais ou menos os mesmos e os obstáculos mais firmes do que nunca.

Em primeiro pode-se esperar a famosa briga das Polícias Militar e Civil. A integração da gestão das polícias se não é uma falácia é pelo menos um momento de encontro que não deixa de ter importância. O problema é como levar a efeito as ações após, durante e no retorno das famigeradas metas. As metas acordadas para dias e meses não deixam de causar mal-estar aos comandantes e delegados, afinal nem eles sabem muito bem o que cada polícia tem a fazer. A questão é tão séria que a PMMG tem feito o trabalho antes somente da Polícia Civil e esta tem tentado correr atrás atuando até ostensivamente. Um caos.

Em segundo, é importante que a organizações sejam amparadas por informações fidedignas, trabalhadas e bem analisadas. A onda de homicídios e o aumento da criminalidade violenta no início do ano mostraram o quanto as agências policiais estavam engatinhando no que os administradores de polícia gostam de chamar de combate à criminalidade. O problema chegou à mídia e atingiu o legislativo, especialmente alguns deputados preocupados com a segurança pública. Estes denunciaram a maquiagem das informações e colocaram em xeque os dados dos últimos 10 anos. A mudança de nomes e cargos aparentemente revelou que alguns componentes do governo estavam andando para trás e que, de uma forma ou de outra, perderam o rumo, o controle, a autoridade e a legitimidade. Policiais não suportam pessoas que não carregam alguma autoridade ou que não comungam certas peculiaridades da subcultura policial. De todo modo, não deve ser fácil sentar em frente a órgãos diferentes e fazer com que um casal já em divórcio litigioso volte a se beijar.

Por último, a nova cúpula da segurança pública em Minas Gerais terá que enfrentar o significativo corte de verbas para projetos de prevenção. O governo federal acabou por não enviar importantes montantes para o programa “Fica Vivo” (em 2011 o projeto recebeu R$ 11,5 milhões, contra R$ 13,6 milhões em 2010) e para o GEPAR (Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco), o qual amargou um corte de R$ 200 mil entre 2010 e 2011. Na verdade, nem sei se os operadores da segurança precisam realmente delas: os salários dos policias em comparação a outras categorias do estado estão razoáveis, a PMMG, em comparação a outras corporações do País está bem equipada e o governo já despejou um bom montante de verbas em planos de segurança que caminharam o quanto puderam. Alguns estão fracassando, mas nada que não mereça um maior fôlego e outras oportunidades. Mas um fato ainda continua verdadeiro: a Polícia Civil continua na mesma. A PMMG foi favorecida no cenário da segurança em Minas e a Polícia Civil vem caminhando lenta e sem maiores mudanças no fazer policiamento. Não deve ser por acaso que vira e mexe eles entram em crise com a PM como se esta fosse a culpada das mazelas da segurança no Estado. Claro que não. A questão é política e tanto a Polícia Militar como a Polícia Civil tem o seu valor e lugar obrigatório no cenário da segurança pública. O necessário é que tanto as autoridades como os administradores de polícia tenham a certeza disso.

*Doutor em Ciências Humanas e professor na FAE (BH) UEMG.

Educação, greve, professores e outros assuntos

Boletim Notícias do Dia 27 de abril de 2012
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27/04/2012 - Valor Econômico (SP) Renda faz família trocar escola pública pela privada
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27/04/2012 - iG Metade dos brasileiros não estudou ou não concluiu Fundamental
Censo de 2010 divulgados nesta sexta-feira mostram ainda que só 8,3% concluíram o Ensino Superior
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27/04/2012 - Folha de S.Paulo (SP) Alunos de SP ainda estão sem uniforme
Quase três meses após o início das aulas na rede municipal, estudantes de várias regiões de São Paulo estão sem uniforme escolar

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27/04/2012 - G1Professores desobedecem à Justiça e mantêm ocupação em prédio do GDF
Juiz determinou reintegração de posse na noite desta quinta-feira (26). Governo retirou propostas de negociação e disse que retirada será pacífica

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27/04/2012 - Terra Ioschpe: aumentar salário de professor não melhora o ensino
O economista Gustavo Ioschpe classifica a discussão em torno do piso salarial como algo sem fundamento

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27/04/2012 - Jornal de Brasília (DF) Acordo cada vez mais distante
Grevistas ocupam palácio do Buriti e negociação com GDF fica complicada

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27/04/2012 - Correio Braziliense (DF) Apoio dos alunos
Estudantes ajudam com mantimentos os professores que invadiram salas do anexo do Palácio do Buriti, sede do Distrito Federal
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27/04/2012 - Diário Catarinense (SC) Governo pede volta ao trabalho
Governo do Estado propôs ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) o encerramento da greve nesta semana, para o retorno das negociações no início da próxima

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27/04/2012 - Diário do Amapá (AP) Governo retoma negociações com Sinsepeap, mas não chega a acordo
Segundo o secretário estadual do planejamento, orçamento e tesouro, Juliano Del Castilo, o Poder Executivo chegou a seu limite orçamentário

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27/04/2012 - Diário do Povo (PI) Greve dos professores estaduais ganha força
Categoria promete dar continuidade à paralisação até o governo voltar atrás e conceder o reajuste linear de 22% para todos os professores

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27/04/2012 - Jornal da Paraíba (PB) Rede estadual faz paralisação de advertência
Dentre as reivindicações está o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional e da gratificação do magistério dentro do Projeto Centros Paraibanos de Educação Solidária (Cepes)

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27/04/2012 - Jornal da Paraíba (PB) Docentes decidem hoje se param atividades
Dez mil educadores do Ensino Fundamental, Médio e Superior, incluindo creches e berçários, podem deixar cerca de 150 mil alunos de escolas particulares do estado sem aulas

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27/04/2012 - Tribuna da Bahia (BA) Ponto de professores grevistas é cortado
Com a paralisação da categoria, que completa hoje 16 dias, pelo menos um milhão e meio de alunos estão sem aulas em todo o estado da Bahia

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26/04/2012 - Agência Brasil Olimpíadas de matemática abrem portas para estudantes brasileiros
Vencedores consideram as competições um incentivo para a escolha de uma profissão
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26/04/2012 - Agência Brasil Professores grevistas no DF ocupam Secretaria de Administração
Objetivo é pressionar o governo a voltar a negociar com a categoria
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26/04/2012 - Folha.comGoverno gaúcho anuncia acordo para pagar piso do magistério
Decisão provisória foi divulgada enquanto o governo aguarda a sentença judicial 
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26/04/2012 - R7 Governo do DF suspende negociação com professores
Professores em greve ocuparam prédio da Secretaria de Administração
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26/04/2012 - R7 Professores do Paraná param por melhorias salariais
Cerca de 90% das 2,2 mil escolas ficaram fechadas nesta quinta-feira, diz sindicato
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26/04/2012 - Terra Paralisação de professores deixa estudantes sem aula no PR
um dia de paralisação em um ato pedindo reajuste salarial e contratação de novos profissionais.
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26/04/2012 - Terra DF: em greve há 46 dias, professores ocupam prédio do governo
objetivo protestar contra o cancelamento de uma reunião de negociação com a categoria
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26/04/2012 - Terra RS fecha acordo para pagar piso temporário aos professores
Valor será pago até o Judiciário analisar de forma definitiva a ação do estado
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Fonte: Todos pela Educação - www.todospelaeducacao.org.br/

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Paulo Freire é declarado patrono da educação brasileira

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Lei publicada no Diário Oficial reconhece importância do pedagogo e filósofo para o país
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BRASÍLIA - O Diário Oficial da União publica nesta segunda-feira a lei que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.
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Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.
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Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.
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Homenagem (Giberto Velho - 1945-2012)

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Morreu na madrugada deste sábado (dia 14 de abril) o antropólogo Gilberto Velho, de 66 anos. O sepultamento será feito no Cemitério São João Batista, em Botafogo. O antropólogo brasileiro, nasceu em 15 de maio de 1945, no Rio de Janeiro, e se formou bacharel em Ciências Sociais em 1968, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1969, ele começou mestrado no programa de pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da mesma instituição.
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Com o título de mestre, Gilberto Velho fez especialização em Antropologia Urbana e Sociedades Complexas no Departamento de Antropologia da Universidade do Texas, em Austin. Em 1975 concluiu doutorado em Ciências Humanas na Universidade de São Paulo (USP). Ele ocupou cargos importantes em instituições renomadas na área de Ciências Humanas. Atualmente Gilberto Velho era professor decano do Departamento de Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências.
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Dirigia a Coleção Antropologia Social da Editora Zahar, onde tem publicados vários livros.
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"A Utopia Urbana: um estudo de antropologia social" (1973) (A utopia urbana (2011))
"Desvio e divergência (1974)"
"Individualismo e cultura (1981)"
"Subjetividade e sociedade (1986)"
"Projeto e metamorfose (1994)"
"Nobres & Anjos: um estudo de tóxicos e hierarquia" (1998)
"Mudança, Crise e Violência: política e cultura no Brasil contemporâneo" (2002)
"Antropologia urbana (2002)"

sábado, 14 de abril de 2012

Educação e política

Estudante ameaça professora com faca

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Jovem de 17 anos tentou esfaquear a educadora por duas vezes depois que ela pediu para ele falar baixo na sala de aula
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LUCAS SIMÕES
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Inconformado por ter sido repreendido na frente da turma, um estudante de 17 anos tentou matar uma professora duas vezes a facadas, no distrito de Cláudio Manuel, a 40 km de Mariana, na região Central de Minas. Segundo a Polícia Militar, o menor teve um ataque de fúria anteontem após a professora Ieda Efigênia Francisca Murta, de 51 anos, pedir para que ele falasse mais baixo na sala de aula. À polícia, o jovem disse que "não era possível admitir isso na frente dos amigos".
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A discussão entre o menor e a educadora aconteceu por volta das 15h30, durante aula do 3º ano do ensino médio, na Escola Municipal Padre Antônio Gabriel Carvalho. Segundo relato da professora à PM, o jovem chegou atrasado à aula e entrou na sala gritando. Ao pedir para o estudante diminuir o tom de voz, ele se irritou e tirou uma faca de dentro da mochila, dizendo que iria matar a professora. O adolescente foi contido pelos colegas e encaminhado para casa pela professora, que acionou a direção da escola. Diante do comportamento violento do estudante, a educadora telefonou para a casa do jovem e comunicou ao pai dele as ameaças que havia recebido.
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Ao chegar na residência, o menor teria se revoltado outra vez por ter sido repreendido pelo pai por causa de sua atitude. Segundo o soldado José Marcos Lopes, do 52º Batalhão da Polícia Militar de Mariana, o pai do jovem, um ex-porteiro que trabalhou na escola, contou que o estudante ficou bastante irritado com a situação, pegou uma faca de 18 cm na cozinha e disse que "já que tinha começado e que, então, iria terminar com o serviço".
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O adolescente voltou à escola com a faca em punho e ameaçou a educadora novamente. Ela se escondeu na sala da direção do colégio. "Ele começou a esfaquear a porta da sala sem parar, até conseguir arrombar a fechadura", explicou o soldado Lopes. Ao entrar na sala da diretoria, o estudante foi contido por funcionários, que tomaram a faca de sua mão e pediram para ele se acalmar.
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A Polícia Militar foi acionada em seguida pela direção da escola e deteve o jovem. A professora não se feriu, mas precisou ser socorrida ao Hospital Monsenhor Murta devido a uma queda de pressão. Ela foi liberada em seguida.
Jovem tem histórico agressivo
Um adolescente agressivo e com problemas recorrentes na escola. Esse é o perfil do jovem que tentou esfaquear a professora dentro da sala de aula após um acesso de raiva. O caso assustou não só alunos e funcionários da Escola Padre Antônio Gabriel Carvalho, como, também, a polícia, que informou não ser a primeira vez que o menor se envolve em confusões. O estudante foi encaminhado para a Delegacia de Mariana, onde teria confessado ter tentado matar a professora. "Ele contou que ficou muito irritado com ela e só não fez uma besteira porque os colegas insistiram para ele parar. Em nenhum momento, ele mostrou arrependimento", disse a escrivã Daniela Borba. O jovem foi liberado após prestar depoimento e vai responder por ameaça. Ele não tem passagens pela polícia, mas foi expulso da mesma escola há cerca de um ano devido a brigas e ameaças a professores e colegas. Apesar disso, ele foi rematriculado por ordem judicial e prometeu se comportamentar.
Fonte: Hoje em Dia (MG)

Violência e vandalismo de estudantes impõe terror generalizado

Em 48 horas, escolas de Minas registram tentativas de assassinato, abusos sexuais, quebra-quebra e agressões.
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Danilo Emerich - Do Hoje em Dia - 14/04/2012
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C.S./DIVULGAÇÃO
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Carteiras quebradas e o quadro-negro arrancado na sala de aula da E.E Silviano Brandão

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Uma série de atos bárbaros cometidos por estudantes, incluindo ações de vandalismo, abusos sexuais e até tentativas de homicídio, foi registrada em um intervalo de 48 horas em Minas. No ano passado, a Polícia Militar registrou 174 crimes contra a pessoa, como agressões e ameaças, e 201 ocorrências contra o patrimônio (vandalismo e furto) em escolas públicas e privadas de Belo Horizonte. Em 2010, foram 250 e 246 registros, respectivamente.
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O quadro levou a Polícia Militar a lançar o Programa de Proteção Escolar (PPE), em janeiro deste ano. O objetivo é prevenir as ocorrências e fazer um diagnóstico da situação nas escolas públicas, que são os principais alvos da violência. Também tem como meta reforçar a Patrulha Escolar e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). No entanto, novos casos continuam acontecendo. Na manhã desta sexta-feira (13), pais de alunos participaram de um protesto por mais segurança na Escola Estadual Silviano Brandão, no bairro Lagoinha, região noroeste de BH.
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O colégio ficou fechado durante o período para que fossem levantados os estragos feitos por jovens matriculados na própria instituição. Durante um “ataque de fúria” na última quinta-feira, eles quebraram carteiras de praticamente todas as salas e ainda avançaram contra quadros-negros, janelas, espelhos e outros objetos. Nem os banheiros foram poupados. A estudante Izabela Cristiane Mendes, de 14 anos, diz que o problema se arrasta desde o início do ano e acusa a direção da escola de não tomar providências para garantir a segurança dos alunos e dos profissionais. Segundo ela, há muitas brigas entre os estudantes e até uso de drogas dentro do colégio.
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Pai de um aluno, o vendedor Carlos Antônio dos Santos, de 43 anos, garante que cobrou explicações da direção da escola, mas afirma que não teria tido resposta. Segundo alunos e pais, a insatisfação que terminou em quebra-quebra começou após a troca da diretoria. “Acabaram com vários projetos antigos, como dança, percussão e aulas de reforço”, acusa Carlos.
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A direção da escola, por meio da Secretaria de Estado da Educação, alegou desconhecer os motivos que levaram ao vandalismo e quem seriam os alunos responsáveis pela destruição. Não foi informado o que foi perdido ou quando o material será reposto. De acordo com a secretaria, a partir de segunda-feira, todos os pais e estudantes serão convocados a participar de reuniões para discutir a situação. As aulas já foram retomadas.
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Na quinta-feira, um guarda municipal sofreu um ferimento no joelho e teve a farda rasgada por um estudante de 16 anos, no bairro União (Nordeste). O jovem foi flagrado fumando maconha e se exaltou ao ter a mochila revistada. Ele cumpre medida socioeducativa por envolvimento com o tráfico de drogas. Para o professor de psicologia social da Universidade Federal de Minas Gerais, Walter Ude, a criminalidade nas escolas é um reflexo da sociedade.
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Ele diz que um conjunto de fatores, como a banalização da violência e da sexualidade, a falta de investimentos do governo, a desestruturação familiar, a desigualdade social e a espetacularização feita pela mídia levam a esse quadro. “A escola, sozinha, não dá conta de resolver o problema. É preciso repensar o ensino e abrir diálogo com os jovens e as comunidades. A violência ocorre quando não há conversa”, afirma.
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Fonte: Hoje em Dia (MG)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Reforço no combate às drogas


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Levantamento da Secretaria de Educação aponta que 30% dos professores e 23% dos alunos sabem da presença de tráfico nas unidades de ensino
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Fonte: Jornal de Brasília (DF)
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A proximidade das drogas nas escolas é uma realidade. Levantamento da Secretaria de Educação aponta que 30% dos professores e 23% dos alunos sabem da presença de tráfico nas unidades de ensino. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por sua vez, mostram que, em 2009, 9,8% dos estudantes do 9º ano no Distrito Federal admitiram ter feito uso de entorpecentes ao menos uma vez. Para tentar mudar este quadro, um novo passo foi dado com a assinatura do termo de adesão do Sindicato dos Estabelecimentos das Escolas Particulares de Ensino no Distrito Federal (Sinepe-DF) à campanha Viva a Vida Sem Drogas.
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A iniciativa permitirá que aproximadamente 85 mil alunos sejam atendidos com medidas de conscientização e prevenção por meio de palestras e teatro, promovidos pela Secretaria de Justiça. No ano passado, 40 mil estudantes da rede pública foram beneficiados. A Sejus mira agora também nas crianças de três a sete anos, visando atingi-las desde mais cedo.
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Nas proximidades das escolas, não é difícil flagrar jovens consumindo entorpecentes ou álcool. Por volta das 15h de ontem, em plena luz do dia, um grupo de pelo menos dez estudantes se reuniu em um gramado nas imediações de uma Escola de ensino médio, na Asa Sul, para mais uma tarde de “fumaça”, como afirmam.
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Ouço muita coisa, mas nem sempre a gente leva a sério. Tem muita gente matando a torto e a direito, bebendo, usando uma droga que é legalizada, mas eu nem bebo e muitas vezes sou taxado como criminoso”, diz o estudante M. (nome fictício), de 16 anos. Nas brincadeiras, alguns deles, porém, revelam conhecer os riscos do uso de drogas.
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O adolescente A., de 15 anos, se ofende quando um amigo afirma que ele já teria até mesmo fumado crack. “É doido, é?”, questiona o colega. “Nem chego perto daquela desgraça. Já até usei outras drogas, mas não com a mesma frequência que a maconha”, disse.

Aluno não gosta de ser repreendido e tenta matar professora por duas vezes em distrito de Mariana

Por TABATA MARTINS - OTEMPOonline
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Indignado com o fato de ter sido repreendido na frente dos colegas de escola, um adolescente de 17 anos tentou matar a sua professora no distrito de Cláudio Manoel, que fica a 50 km do centro de Mariana, na região Central de Minas Gerais. O caso foi registrado na Escola Municipal Padre Antônio Gabriel Carvalho, nessa quinta-feira (12). De acordo com a Polícia Militar da cidade, o aluno entrou gritando na sala de aula, quando a educadora pediu para que ele falasse baixo. Porém, o garoto não gostou da correção e gritou vários palavrões na intenção de ofender a professora, de 51 anos. Devido à reação do aluno, a educadora pediu para que o adolescente saísse de sala, mas ele não respeitou a ordem. Em seguida, o garoto se dirigiu até à sua carteira, abaixou e pegou uma faca, que estava escondida dentro da sua mochila. De posse da arma branca, o aluno andou em direção à professora e tentou agredi-la. No entanto, o adolescente foi contido por funcionários e alunos da instituição de ensino.
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Devido ao mau comportamento do garoto, a professora ligou para os pais dele e representantes da escola o levaram em casa. No imóvel, o pai do adolescente o questionou sobre o ocorrido e disse que iria castigá-lo. Com a ameaça do pai, o garoto pegou uma faca na cozinha de casa de 20 cm e voltou ao local onde estuda, depois de ter dito ao familiar que "se havia começado, iria terminar com o serviço”.
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Na escola, a professora viu o garoto passando perto da entrada, quando correu e se escondeu na sala da diretora. Entretanto, o aluno viu a educadora correndo e foi atrás dela. Assustada, a professora fechou a porta e colocou uma mesa na tentativa de impedir a entrada do aluno. Após marcar toda a porta com a faca, o adolescente conseguiu entrar na sala, onde pegou a professora pelo braço e, novamente, a ameaçou de morte. Por sorte, mais uma vez, o agressor foi contido por funcionários da instituição de ensino, que acionaram a polícia. O garoto conseguiu fugir em direção a um matagal, mas foi apreendido. Durante depoimento, o adolescente alegou que ficou com muita raiva por ter sido repreendido na frente dos colegas.
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A professora não sofreu ferimentos, mas ficou abalada emocionalmente e precisou ser levada até ao Hospital Monsenhor Horta por agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A educadora recebeu atendimento médico e foi liberada, assim como uma das testemunhas. Conforme a PM, o adolescente não tinha antecedentes criminais. As duas facas foram apreendidas.
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Durante a manhã desta sexta-feira (13), a direção da instituição de ensino e a secretária de Educação na Prefeitura de Mariana, Dulce Maria Pereira, participam de uma reunião para decidirem juntos quais medidas serão tomadas em relação ao caso. Conforme a assessoria de imprensa da secretaria, o resultado do encontro será divulgado por meio de nota.
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A reportagem do Portal O TEMPO Online tentou entrar em contato com a professora e a diretora da escola, mas não obteve sucesso.
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Fonte: O tempo (MG)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Delimitações - Documentário sobre a Pedagogia

Documentário Delimitações 

A identidade da Pedagogia: perspectivas de pedagogos, estudantes de pedagogia e pessoas não relacionadas à área.

Documentário realizado pela Faculdade de Educação da UEMG - campus BH - em razão de seus 40 anos e dos debates sobre a Pedagogia e seu reconhecimento, o pedagogo e suas atuações e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs).

Direção: Iara Ferreira e Julio Cruz
Duração: 34 minutos




terça-feira, 10 de abril de 2012

A perpetuação da pobreza

Por Drauzio Varella - 07.04.2012 
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As periferias das cidades brasileiras parecem umas com as outras: casas sem reboco, grades de segurança, fios elétricos emaranhados, vira-latas e criançada na rua. Há 13 anos faço programas de saúde para a televisão. Procuro gravá-los nos bairros mais distantes, por uma razão óbvia: lá vivem os que mais precisam de informações médicas.
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Foto: Daniel Garcia/AFP
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Esta semana, como parte de uma série sobre primeiros socorros, gravamos a história de um menino de 2 anos que abriu sozinho a porta do forno, subiu nela e puxou do fogo o cabo de uma panela cheia de água fervente. A queimadura foi grave, passou duas semanas internado no hospital do Tatuapé, em São Paulo. Situada na periferia de Itaquera, a casa ocupava a parte superior de uma construção de dois andares. Subi por uma escada metálica inclinada e com degraus tão estreitos, que precisei fazê-lo com os pés virados de lado.
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A porta de entrada dava numa cozinha com o fogão, a geladeira, as prateleiras com as panelas e uma pequena mesa. Um batente sem porta separava-a do único quarto, em que havia dois beliches, um guarda-roupa e uma divisória de compensado que não chegava até o teto, atrás da qual ficava a cama em que dormiam o pai e a mãe. Nesse espaço exíguo viviam dez pessoas: o casal, seis filhos e dois netos. Os filhos formavam uma escadinha de 2 a 17 anos; os netos eram filhos das duas mais velhas, que engravidaram solteiras. O único salário vinha do pai, pedreiro. Por falta de pagamento, a luz tinha sido cortada há dois meses, os 300 reais da dívida a família não sabia de onde tirar.
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No fim da gravação perguntei à mãe, uma mulher de 38 anos que pareciam 60, por que tantas crianças. Disse que o marido não gostava de camisinha, e que a existência dos netos não fora planejada, porque “essas meninas de hoje não têm juízo”. Na periferia do Recife, de Manaus, de Cuiabá ou Porto Alegre a realidade é a mesma: a menina engravida em idade de brincar com boneca, para de estudar para cuidar do bebê que já nasce com o futuro comprometido pelo despreparo da mãe, pelas dificuldades financeiras dos avós que o acolherão e pelos recursos que terá de dividir com os irmãos.
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Na penitenciária feminina, quando encontro uma presa de 25 anos sem filhos, tenho certeza de que é infértil ou gay. Não são raras as que chegam aos 30 anos com seis ou sete. Não fosse o tráfico, que alternativa teriam para sustentar as crianças?
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Já escrevi mais de uma vez que a falta de acesso aos métodos de controle da fertilidade é uma das raízes da violência urbana, enfermidade que atinge todas as classes, mas que se torna epidêmica quando se dissemina entre os mais desfavorecidos. Essa afirmação causa desagrado profundo em alguns sociólogos e demógrafos, que a acusam de forma leviana por não se basear em estudos científicos. Afirmam que a taxa de natalidade brasileira já está abaixo dos níveis de reposição populacional. É verdade, mas não é preciso pós-graduação em Harvard para saber que as médias podem ser enganosas. Enquanto uma mulher com nível universitário tem em média 1,1 filho, a analfabeta tem mais de 4. Enquanto 11% dos bebês nascem nas classes A e B, quase 50% vêm da classe E, com renda per capita mensal inferior a 75 reais.
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De minha parte, acho que faz muita falta aos teóricos o contato com a realidade. Há necessidade de inquéritos epidemiológicos para demonstrar que os cinco filhos que uma mulher de 25 anos teve com vários companheiros pobres como ela, correm mais risco de envolvimento com os bandidos da vizinhança do que o filho único de pais que cursaram a universidade? Convido-os a sair do ar condicionado para visitar um bairro periférico de qualquer capital num dia de semana, para ver quantos adolescentes sem ocupação perambulam pelas ruas. Que futuro terão?
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A falta de acesso ao planejamento familiar é a mais odiosa de todas as violências que a sociedade brasileira comete contra a mulher pobre.
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Fonte: Carta Capital

Garotos provocam destruição em escola

Por Mariana Nicodemus e Sandra Zanella
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Salas foram reviradas, e armários, jogados ao chão
Salas foram reviradas, e armários, jogados ao chão
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Dois adolescentes de 12 e 14 anos são suspeitos de depredarem a Escola Municipal Ipiranga, no bairro homônimo, Zona Sul. A dupla foi surpreendida pela Polícia Militar no colégio, na última quinta-feira, início do feriado prolongado da Semana Santa. Depois de vizinhos denunciarem que duas pessoas estariam danificando várias portas no local, os policiais pularam o muro da instituição, que estava em recesso, e flagraram a dupla promovendo quebradeiras. Conforme o boletim de ocorrência, foram arrombadas seis salas e destruídos vários materiais escolares, como livros e papéis. Armários de ferro foram jogados no chão, e filtros de água, quebrados. Extintores de incêndio teriam sido usados para forçar a entrada nos cômodos, e um buraco foi aberto em uma das portas de madeira. Devido aos atos de vandalismo, a instituição de educação infantil suspendeu as atividades ontem e hoje, deixando 400 alunos, com idades entre 3 e 8 anos, sem aulas.
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Os garotos são moradores do mesmo bairro e foram entregues aos responsáveis, sendo o caso encaminhado à Vara da Infância e Juventude. Na manhã de ontem, a Tribuna esteve na escola, que fica na Rua Afonso Gomes, e constatou o cenário de destruição. "Está tudo nesse estado crítico desde quinta-feira. Teve muita polícia e até helicóptero. Parece até que passou um terremoto e sacudiu tudo aqui. Minha neta viu a sala em que estuda e ficou desconsolada", disse a avó de uma estudante, Lourdes dos Reis, 47 anos. "Dá até vontade de chorar. Como a mãe que não tem condições vai repor o material do filho? A maioria dos pais compra tudo com muita dificuldade", completou.
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Segundo a diretora da unidade, Fabiana Gonçalves, foi a terceira vez que o estabelecimento foi invadido este ano. "Na primeira, furtaram várias coisas, como computador e projetor. A segunda vez também foi na semana passada, quando vandalizaram uma sala de aula. Dois dias depois, aconteceu de novo. O alarme foi acionado, mas destruíram os sensores. A PM foi chamada e conseguiu deter os dois garotos." De acordo com ela, não há suspeita de envolvimento de outras pessoas. "Parece que os meninos tinham a intenção de furtar alguns objetos, que já estavam separados em um sacola, do lado de fora da grade. Mas foi tudo recuperado." Ainda conforme a diretora, 400 crianças, da creche ao segundo ano do ensino fundamental, estudam em dois turnos. "Foi preciso suspender as aulas para podermos reorganizar a escola", lamentou. Chocada com a situação, a presidente da Sociedade Pró-Melhoramentos do Ipiranga, Cíntia Cássia Moreira, falou que toda a região precisa de mais policiamento, já que existem três instituições públicas próximas. "Os colégios estão sofrendo com a falta de segurança. A Prefeitura devia providenciar um vigia, principalmente nos finais de semana e feriados, quando acontecem os arrombamentos." Para ela, outra preocupação é com os materiais dos estudantes, que foram destruídos. "Pedimos que tudo seja reposto e consertado, já que vários armários e portas foram danificados."
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De acordo com o assessor de comunicação do 27° Batalhão da PM, tenente Flávio Campos, a policia já atua junto aos colégios do bairro durante a semana, por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), mas ações de extensão do policiamento nos finais de semana e feriados já estão sendo estudadas. "Marcaremos uma reunião com a direção da escola invadida para levantarmos as providências que podem ser tomadas pela PM e orientar a direção quanto às medidas de segurança a serem adotadas pela unidade a fim de evitar situações desse tipo."
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Falha na relação da sociedade com seus jovens
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Para o professor da UFJF Wedencley Alves, que pesquisa as relações entre juventude e violência no Grupo Epos, do Instituto de Medicina Social da Uerj, a utilização de ações extremas, como delitos e crimes, como forma de expressão por adolescentes demonstra falha na relação da sociedade com seus jovens. "Ninguém depreda porque nasce com essa vontade, mas porque não encontra outras alternativas legítimas para se expressar. A sociedade não está sabendo escutar a sua juventude. Esses eventos são consequência disso, e, não, causa. O jovem, de maneira geral, não reconhece mais a escola como lugar de autoridade, poder e saber, e não é a primeira vez que o colégio vira espaço de revolta e depredação." O pesquisador afirma, ainda, que percebe uma progressão do problema. "Juiz de Fora, uma cidade pacífica em relação aos grandes centros, está assistindo a um aumento dramático da violência dentro da escola. Algo está fracassando, e isso é um problema que transcende os limites da cidade e até do país."
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O psicólogo e professor da UFJF Lélio Lourenço ressalta que atos de depredação e que denotam prejuízo ao outro sem a obtenção de qualquer vantagem aparente para o transgressor têm se tornado cada vez mais presentes em Juiz de Fora. "O jovem que tem esse tipo de conduta pode estar sob a influência de diversos fatores, tanto individuais como sociais, como a necessidade de ganhar status entre os colegas e subir na hierarquia social, por exemplo, ou o desapego à instituição", pondera. "Fatos como esse são preocupantes porque podem representar o começo de rivalidades, o que está virando moda entre os adolescentes de classe média e baixa na cidade, e dar início a comportamentos mais perigosos.".
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Fonte: Tribuna de |Minas (MG)

sábado, 7 de abril de 2012

Pais vigiam filhos na escola, um ano após o massacre

Realengo
FOTO: MARLON FALCÃO/AE - 4.4.2012

Rotina. Movimento de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, na zona Oeste do Rio de Janeiro
MARLON FALCÃO/AE - 4.4.2012
Rotina. Movimento de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, na zona Oeste do Rio de Janeiro
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Rio de Janeiro. Um ano após o massacre que deixou 12 crianças mortas e outras 11 feridas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona Oeste do Rio, 42 alunos ainda recebem atendimento psicológico. Eles tentam se recuperar do trauma após o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, 23, invadir duas salas do 8º ano atirando com dois revólveres. Para ajudar os 1.162 alunos a superarem o trauma, a escola foi totalmente reformada. Um prédio novo foi construído ao lado do antigo. Grades substituíram os muros. Professores também são orientados sobre como conduzir o assunto do massacre dentro e fora da sala de aula. "Nossa meta é continuar trabalhando em conjunto, porque só o coletivo é capaz de conseguir superar essa dor", disse Luís Marduk, diretor da escola.
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Três psicólogos, dois assistentes sociais e dois professores investem em projetos para tentar apagar as marcas deixadas pelo massacre. Síndrome do pânico, baixo desempenho escolar, depressão e insônia são alguns dos efeitos relatados.
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Até aquele dia, a estudante Thayane Tavares Monteiro, hoje com 14 anos, era um talento promissor no salto em distância. "O maior salto que eu dei foi ter sobrevivido a quatro tiros", disse. Hoje, em uma cadeira de rodas, ela faz três sessões de fisioterapia por semana na luta para voltar a andar. "Sinto mesmo saudade, lembranças de quando eu andava". A poucos meses de completar 15 anos - ela faz aniversário no dia 25 de julho -, Thayane quer dançar a valsa com o pai e o namorado. Para isso, recebe aulas de balé, há três meses, durante as sessões de fisioterapia. Andreia Tavares, mãe de Thayane, Tamires, 12, e Tainara, 8, largou o trabalho para cuidar da filha. "A ajuda de custo que tenho é de R$ 700".  Cristina Teles, 48, também mudou drasticamente. Ela deixou o emprego de costureira e não larga a filha Ellen, 10, outra sobrevivente. "Venho ao colégio todos os dias pelo menos três vezes", contou. Perto dali, Júlio Cesar Barros, 45, espera a filha Andrea, 13, que estava presente no ataque. "Todo dia eu venho buscá-la". (Jonral O Tempo (MG)).

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Superlotação irá prevalecer mesmo com novos presídios

 
Por JOANA SUAREZ
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FOTO: ANTÔNIO CRUZ/ABR
A manutenção de celas abarrotadas atrapalha a ressocialização
ANTÔNIO CRUZ/ABR
A manutenção de celas abarrotadas atrapalha a ressocialização
Fiquei nove meses dividindo uma cela de 4 metros quadrados com 40 presos, em condição sub-humana e sendo tratado como bicho. Assim, a gente só pensa em fugir e fazer rebelião". O desabafo é do ex-presidiário Gregório de Andrade, 38, que ficou 11 anos em regime fechado e terminou de cumprir a pena há dois. Atualmente, a situação dos presídios mineiros continua a mesma: estão superlotados.
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São 15 mil pessoas encarceradas além da capacidade do sistema prisional. Um problema que está longe de ser resolvido. Em 2015, quando o governo tiver concluído o plano de construção de 11 presídios e de ampliação de outros quatro - aumentando o número de vagas de 28 mil para 37 mil -, o déficit ainda estará na casa dos 11 mil. A conta leva em consideração a absorção de 2.000 presos por ano, em média. A quantidade de novas vagas não conseguiria atender nem à demanda atual de 43 mil presos. As unidades da Subsecretaria de Administração Prisional de Minas (Suapi) já tiveram avanços consideráveis entre 2003 e 2010. Porém, para especialistas em segurança pública, o governo estagnou os investimentos nos últimos dois anos e deixou a situação fora de controle, com celas abarrotadas e propícias a rebeliões.
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Em fevereiro deste ano, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), a Justiça mandou barrar o encaminhamento de novos detentos para dois presídios da região metropolitana de Belo Horizonte. O Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, estava com três vezes mais internos que sua capacidade (404 vagas para 1.164 presos). Um mês após a determinação judicial, a unidade reduziu em apenas 192 a quantidade de presos provisórios, mas as celas continuam superlotadas.
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No presídio de São Joaquim de Bicas, a liminar do Tribunal de Justiça de Minas (TJMG) que determinou o Estado a acabar com a superlotação em seis meses foi derrubada após o governo recorrer da decisão. Com isso, os dois anexos, que estavam com 1.876 presos acima da capacidade, agora estão com 1.994 excedentes.
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No estado. A saturação do sistema atinge unidades de todas as regiões do Estado. Em Montes Claros, no Norte de Minas, o presídio tem 592 vagas, mas abriga 951 criminosos. O mesmo acontece em Poços de Caldas, no Sul do Estado, onde, recentemente, aconteceu um motim que durou sete horas e resultou na destruição de parte da unidade. Cerca de 120 detentos foram transferidos. Porém, a penitenciária ainda está com o dobro da capacidade (128 detentos para 65 vagas). A promessa do Estado é construir um novo presídio na cidade, com 302 vagas, até o próximo ano. Para o ex-subsecretário de Estado de Defesa Social Luis Flávio Sapori, além de ser o estopim para as rebeliões nos presídios, a superlotação é um gargalo para as operações policiais. "A falta de vagas pode, inclusive, diminuir as ações das polícias, porque chega uma hora em que não se tem onde colocar os presos".
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A presidente do Grupo de Amigos e Familiares de Presos, Maria Tereza dos Santos, tem autorização judicial para fazer inspeções nos presídios. "No presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, celas com espaço para oito pessoas abrigam mais de 20", denuncia. O conselheiro de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adilson Rocha, explica que a legislação define uma área de 6 m² para cada preso. "Em muitas unidades, ele tem um espaço inferior a 1 m². Em vez de possibilitarem a reinserção social, os presídios instigam a violência".
Suapi
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"Investimento reduziu", diz especialista
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Entre os anos de 2004 e 2010, o Estado investiu no sistema penitenciário, elevando o número de vagas de 5.000 para 27 mil. As últimas construções significativas de presídios em Minas Gerais aconteceram em 2009. Porém, a partir de 2010, segundo especialistas, o governo estagnou.
"Isso é preocupante, pois o problema não está resolvido. A situação pode ficar muito pior", apontou o pesquisador Luiz Flávio Sapori. De acordo com a Suapi, serão investidos R$ 800 milhões neste ano, contra R$ 560 milhões em 2010 e R$ 118 milhões em 2005. (JS)
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Minientrevista com
Murilo Andrade
"Convivemos com a superlotação há vários anos"
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O que o Estado está fazendo para minimizar a superlotação?O número de presos cresceu muito em Minas nos últimos anos. Estamos com projetos de construção de novos presídios até 2015 para aumentar o número de vagas e, em paralelo, investir na educação do preso e colocá-lo para trabalhar, reduzindo a pena. Atualmente, 50% dos detentos trabalham, e 50 das 128 unidades possuem escolas.
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Como é feito o envio de presos para as penitenciárias, já que muitas estão superlotadas?O sistema trabalha em rede para manter um padrão de superlotação em todas. Ter o déficit não é normal, mas convivemos com a superlotação há vários anos. Hoje, o número de presos está mais estabilizado.
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A situação atual dos presídios é um incentivo a rebeliões?A última rebelião que tivemos foi em 2007. Recentemente, tivemos apenas motins. Estamos cada vez mais preparados para controlar qualquer tipo de tumulto dentro das penitenciárias. (JS). Fonte: Jornal O TEmpo (MG) - http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=199807,OTE&busca=superlota%E7%E3o%20em%20pres%EDdios&pagina=1

terça-feira, 3 de abril de 2012

Verdade nua e crua da educação em Minas Gerais

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Vejam o comentário que nossa colega Rosi Mary Mendes Trezena de Montes Claros acabou de me enviar.

É ou não, para nos indignarmos com a situação que muitos educadores estão passando aqui em Minas Gerais????


Cris, enquanto o governo manda a carta relatando inverdades, está aí uma verdade nua e crua.


Montes Claros, 21 de março de 2012.

Aos colegas da educação

Eu me chamo Rosi Mary Mendes Trezena, tenho 44 anos e resido em Montes Claros, Minas Gerais. Sou formada em filosofia e atuei como professora no período de 1998 a 2009 na rede pública estadual. Em 2009, fui acometida por uma doença grave (carcinoma mamária - CA) ao afastar para o tratamento conheci a triste realidade de um funcionário público estadual efetivado. De imediato tive o meu salário reduzido para 170,00 (Cento e setenta reais) mensal, o que corresponde as duas aulas que efetivei, mas estava na ativa com 13 aulas. Atualmente, com o subsídio “melhorado” estou recebendo 153,00 por mês. Como vocês sabem bem, o tratamento mesmo realizado pelo SUS tem gastos extras para complementação (alimento, remédios, etc.). Diante de tal situação, abri um processo no Conselho de Administração Pessoal – CAP, fundamentado nos direitos do servidor público que garante o salário integral em caso de doença grave. Foi julgado procedente e publicado no Jornal de MG, no dia 28 de Junho de 2011. Porém, a Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado recorreu e minhas expectativas foram frustradas, o Estado ganhou a questão. Enviei uma contra razão ao Excelentíssimo Senhor Governador que acatou a decisão final. Em seguida, fui liberada para voltar ao trabalho, mas com ajustamento profissional, ou seja, fora da sala de aula, pois não consigo mais escrever. Não trabalhei nem um mês e a doença atingiu o baço, fígado, abdômen e pulmão. A minha indignação é: será que sou cidadã somente quando estou com saúde e na hora de votar? Eu sempre acreditei no senso de justiça de Deus e dos homens, mas confesso que hoje, ainda sobrevivo pela justiça de Deus que se faz presente em cada colega que envia doações espirituais e materiais que sustentam também minha mãe e meus dois filhos de seis e onze anos.


Portanto, sinto a necessidade de expor a minha situação para alertar a todos os colegas que efetivaram. Seremos sempre vistos aos olhos da lei pelo número de aulas efetivadas, não importa que estejamos trabalhando com treze ou dezoito aulas, quando buscarmos algum recurso ou aposentadoria teremos as aulas efetivadas como parâmetro dos nossos benefícios. Hoje, agradeço a Deus por cada momento de superação em cada quimioterapia, pelos amigos, colegas, que mesmo com a difícil situação salarial do professor, estes têm contribuído para que eu tenha o mínimo necessário para sobreviver.
E deixo a minha mensagem aos políticos, que elaboram e fazem cumprir as leis: o povo carece de justiça dos homens, que Deus abençoe a todos.


Obrigada!
.Rosi Mary Mendes Trezena
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Estado coloca alunos de séries diferentes na mesma turma

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FOTO: PEDRO SILVEIRA - 11.5.2010
Novidade. Especialistas dizem que mudança prejudica aprendizado dos alunos; não há balanço de quantas escolas aderiram à orientação
PEDRO SILVEIRA - 11.5.2010
Novidade. Especialistas dizem que mudança prejudica aprendizado dos alunos; não há balanço de quantas escolas aderiram à orientação
Por : Raphael Ramos
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Os alunos de escolas estaduais mineiras começam a testar uma novidade que gera controvérsia entre pais, autoridades e especialistas: as turmas unificadas. Por meio de um ofício, publicado em janeiro, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) ‘orientou’ as escolas a adotarem a estratégia no caso de turmas com poucos alunos matriculados. Na prática, estudantes de séries diferentes dividem a atenção de apenas um professor.
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A medida vale para as turmas de 1º ao 9º ano do ensino fundamental. A subsecretária estadual de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elizabete Santos, afirma que a mudança é uma tentativa de melhorar o aprendizado. "Já se sabe que estudantes apresentam melhor rendimento quando os trabalhos são realizados em parcerias ou grupos. Por isso, a unificação de turmas é uma maneira de trabalhar melhor os alunos", afirmou. A subsecretária garante ainda que antes de unificar as turmas, as escolas deverão levar em conta o estágio de aprendizagem dos alunos.
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Já a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que a medida vai dificultar a aprendizagem dos alunos e que é apenas uma maneira de o governo reduzir custos. Beatriz promete acionar o Ministério Público Estadual (MPE) para tentar proibir a novidade. "Imagina seu filho de 6 anos na mesma sala de um de 9 anos. O conteúdo curricular é muito diferente, isso causa uma dificuldade de aprendizagem. E os professores não foram treinados". A mesma metodologia foi implementada no Estado do Mato Grosso, onde as entidades de classe também recorreram ao MPE.
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Especialistas. Para a psicóloga e professora do Centro Universitário UNA Lecy Moreira, da maneira como ele foi implementado, o modelo dificilmente terá bons resultados. Ela afirma que estudantes, principalmente aqueles em processo de alfabetização, precisam de atenção constante dos educadores, o que ficaria mais difícil com a mistura da conteúdos. A diretora do Centro Pedagógico da UFMG, Tânia Costa, tem a mesma opinião. De acordo com ela, as novas turmas teriam que ser formadas após serem traçados os perfis dos estudantes. "Os alunos precisariam ter níveis de aprendizado próximos. Isso pode ser feito com o objetivo de desenvolver aptidões dos jovens ou então fazer com que um aluno em um nível mais baixo consiga evoluir em contato com outra turma mais à frente", explicou.
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O Estado ainda não tem o número de escolas que aderiram ao projeto.
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Legislação: Autonomia: o Ministério da Educação informou que não se manifestaria sobre a orientação da SEE/MG. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, "os Estados têm autonomia para definir sua organização de ensino".
Fusão
Aulas começam e pais reclamam
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Na Escola Estadual Professora Adelina da Conceição Silva, em Bela Vista de Minas, na região Central, a criação de uma turma unificada tem sido motivo de reclamação de pais de alunos. Eles entendem que os filhos serão prejudicados ao assistirem aula com estudantes de uma série mais avançada. Desde ontem, 11 alunos de 6 anos, do 1º ano do ensino fundamental, juntaram-se a uma turma do 2º ano, com 23 estudantes de 7 anos, e formaram uma sala com 34 crianças. O filho da doméstica Tatiana Cristina Alves, 24, que entrou na escola neste ano, é um dos alunos.
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O menino, com 6 anos, terá a companhia de colegas mais velhos na mesma sala de aula. A situação incomoda a mãe dele. "Meu filho está aprendendo a ler e a escrever. Eu acho que ele vai ter mais dificuldade porque vai ter que conviver com muitas informações diferentes. Vai confundir a cabeça dele", disse Tatiana. Para a doméstica, como toda criança que está em processo de alfabetização, seu filho precisa de uma atenção mais próxima com a professora. "Com tantos alunos, ela não vai conseguir ajudar a todos", reclamou.
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A diretora da escola Professora Adelina, Conceição Aparecida Silva, disse que a unificação das turmas foi necessária pelo baixo número de inscrição no 1º ano (11 alunos). Apesar de reconhecer que não houve um trabalho nem de adaptação do conteúdo nem da rotina dos professores, ela afirma que não haverá prejuízos aos estudantes. "Somos da rede estadual e temos que seguir a legislação. Estamos nos planejando para atender os alunos da melhor maneira", disse Conceição. (RR)
Minientrevista
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"O professor não precisa de uma capacitação"
Raquel Santos - Subsecretária de desenvolvimento da educação básica
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Os professores serão capacitados para ministrar as aulas?
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Não há necessidade de uma capacitação. Em sua formação, os professores já são habilitados a trabalhar com grupos diferentes. Mas já estamos distribuindo cartilhas com orientações e também realizando oficinas.
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Haverá redução da carga horária?
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Não há diminuição da carga horária. Nos ciclos iniciais, os alunos terão as quatro horas e dez minutos como previsto em lei. No caso das turmas do ciclo final, os professores vão lecionar todo conteúdo das matérias normalmente.
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O que será feito com o excedente de professores?
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Eles serão remanejados para outras escolas e também para atuar em tempo integral.(RR)
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Fonte: O Tempo (MG)