quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Estudantes fazem ato contra "Rodeio das Gordas" promovido por alunos da Unesp

Desenho do rodeio com a frase "Desculpas não resolvem" em prédio da Unesp em Assis; alunos fazem ato Foto: Daniel Bergamasco/Folhapress

ELIANE TRINDADE, DE SÃO PAULO - 28 out. 2010

Um grupo de alunos do campus de Assis da Unesp (Universidade Estadual Paulista) realiza hoje nova manifestação para cobrar da direção da instituição medidas contra os estudantes envolvidos no "Rodeio das Gordas". É o mesmo grupo que denunciou as agressões a colegas obesas nos jogos universitários InterUnesp 2010.

"Além de sindicância para apurar os fatos, vamos exigir punição aos culpados", afirma Késia Rocha, presidente do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Sexualidade, ONG que disponibilizou assessoria jurídica gratuita às vítimas. A simulação de rodeio ocorreu durante as festas do evento em Araraquara, entre 9 e 12 de outubro. A manifestação está marcada para as 14h. Para o mesmo horário também está prevista uma reunião da congregação universitária da instituição. De acordo com a assessoria de imprensa da Unesp, no encontro a direção vai informar as providências que estão sendo tomadas no caso.

PUNIÇÃO

Amanhã deve ser publicada a portaria que instaura o processo disciplinar contra os alunos envolvidos. A "brincadeira", como classificou Roberto Negrini - um dos que organizaram a simulação de rodeio - consistia em se aproximar da garota, de preferência obesa, como em uma paquera, dizer "Você é a menina mais gorda que eu já vi", agarrá-la e tentar ficar sobre elas o máximo de tempo possível.

Segundo Negrini, não havia agressão e as meninas podiam se soltar se quisessem. O vídeo em que os organizadores do "rodeio" pedem desculpas e se dizem surpresos com a repercussão do caso vai ser analisado pela comissão disciplinar. As punições previstas vão desde advertência à suspensão e expulsão.

A promotora de Araraquara, Noemi Corrêa, também instaurou ontem procedimento para apurar os fatos e a responsabilidade dos organizadores do InterUnesp no episódio. "Fiquei chocada ao ver como os estudantes não demonstram respeito para com o próximo", afirma. O delegado seccional de Araraquara, Fernando Luiz Giaretta, também afirmou que vai instaurar inquérito para apurar o caso, revelado ontem pela

A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) também emitiu nota de repúdio à agressão.

Promotoria abre procedimento para apurar "rodeio de gordas" no interior de SP

DE SÃO PAULO - 27 out. 2010

Promotora Noemi Correa, de Araraquara, instaurou procedimento para apurar uma "competição" organizada por um grupo de alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e que foi batizada de "Rodeio das Gordas". O objetivo era agarrar as colegas, de preferências as obesas, e tentar simular um rodeio - ficando o maior tempo possível sobre a presa. Reportagem publicada nesta quarta-feira pela Folha mostra que a agressão ocorreu no InterUnesp 2010, jogos universitários realizados em Araraquara, de 09 a 12 de outubro.

"Fiquei assustada com a falta de respeito desses estudantes com o próximo", afirmou a promotora. Em nota, o presidente da seccional São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Flávio Borges D'Urso, também criticou o "rodeio". "Essa agressão não pode ser tratada como um episódio inconsequente. Faz um simulacro do gado na arena de rodeio. Negou-se às alunas seu direito mais precioso: a dignidade da pessoa humana, que é um valor ético do qual não podemos abrir mão, especialmente dentro de uma instituição de ensino, à qual caberia observar esse valor".

AGRESSÃO

Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um dos organizadores do "rodeio das gordas" e criador da comunidade do Orkut sobre o tema, diz que a prática era "só uma brincadeira". Segundo ele, mais de 50 rapazes de diversos campi participavam. Conta que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora --"onde você estuda?", entre outras perguntas típicas de paquera.

Em seguida, começava a agressão. "O rodeio consistia em pegar as garotas mais gordas que circulavam nas festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas", relata Mayara Curcio, 20, aluna do quarto ano de psicologia, que participa do grupo de 60 estudantes que se mobilizaram contra o bullying.

Fonte: Folha de São Paulo

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